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Delito de Opinião

Ambiente de trabalho XI

Teresa Ribeiro, 06.11.23

Todos sabem que é um eufemismo, pois nunca “colaborador” foi sinónimo de “trabalhador”, por isso mesmo é interessante tentar perceber porque houve uma adesão massiva a esta designação, na hora de chamar os assalariados pelos nomes.

Foi como se de um momento para o outro a palavra “trabalhador” passasse a ter desagradáveis conotações, só porque expõe, de forma clara e inequívoca, a natureza de um vínculo contratual. Banida da comunicação empresarial, a palavra “trabalhador” passou a ser usada quase exclusivamente por sindicatos e no discurso político, algo que está a contribuir para modificar a sua percepção. Nos tempos que correm já mais parece uma expressão politizada e usá-la pode tornar-se suspeito para alguns interlocutores. No limite, e dentro de certos contextos laborais, insistir em empregar o vocábulo proscrito será considerado uma provocação.

Vivemos tempos de grande fluidez no mundo laboral. A natureza das relações que se criam é efémera e sustenta-se em dinâmicas que se alimentam de sofisticadas estratégias de marketing (pessoal e corporativo), destinadas a defender da melhor forma os interesses das partes envolvidas. Se há coisa que o marketing sabe fazer é diluir conceitos, confundir perspectivas, arredondar palavras. Quem domina a técnica sabe que as palavras (é que) contam. Terá sido algures durante este processo que a palavra “trabalhador” caiu em desgraça. É tão objectiva, que parece que vai nua.

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