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Delito de Opinião

Alguns álbuns de 2015: "Currents", de Tame Impala

José António Abreu, 19.01.16

Estou longe de ser um grande apreciador de disco sound. Prefiro não apenas ver Travolta dançar em Pulp Fiction a vê-lo dançar em Saturday Night Fever como - e principalmente - escutar a música ao som da qual ele dança: o falsetto de Barry Gibbs deixa-me capaz de magoar gatinhos indefesos. As recorrentes sonoridades disco do último álbum dos Tame Impala podiam assim ser-me tão agradáveis como uma visita ao dentista. Acrescente-se a histeria que tomou de assalto os críticos por alturas da saída de Currents (dir-se-ia que, à la Mars Attack, Kevin Parker acabara de salvar o universo recorrendo a um loop de sintetizador) e a minha boa vontade encontrava-se em parte incerta aquando das primeiras sessões auditivas.

Mas Currents (que afinal raras publicações elegeram como álbum do ano) merece elogios. Trata-se de um cocktail psicadélico mas de um psicadelismo íntimo, assente não apenas em sonoridades condizentes (dizem-me) com trips induzidas pelo consumo de alucinogénios (situação em que vai-se a ver e até a voz de Barry Gibbs soa bem) mas nas fragilidades de um ser humano que, como tantos outros, voga entre o desejo da solidão e do contacto humano; entre a auto-análise da música assente em palavras que expõem a alma e a desbunda entorpecedora da música de dança.

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