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Delito de Opinião

Ainda a tempo

Sérgio de Almeida Correia, 23.11.15

"Estabelecida de uma vez para sempre a equívoca legitimidade de um governo e fragilidade do acordo entre o PS e o radicalismo, era precisa uma oposição séria. Ora chamar “usurpador”, “golpista” e “fraudulento” a Costa não é uma oposição séria. Nem propor uma revisão constitucional para repetir eleições imediata ou indefinidamente, como Bruxelas costuma fazer. Nem organizar reuniões com “reputados” constitucionalistas, politólogos, personalidades sem descrição exacta e um triste séquito partidário. Nem, sobretudo, permitir que lunáticos da seita continuem a destemperar na televisão e nos jornais, coisa que só beneficia António Costa e o autoriza a tomar, por contraste, o arzinho de estadista responsável e tranquilo, coisa que evidentemente impressiona o povo e o solidifica a ele. 

Claro que se compreendem as pressões de um eleitorado enraivecido e revanchista. E os problemas que levantam as manobras agressivamente dilatórias do madeirense Cavaco. Ou a agitação e a ignorância de uns presuntivos “notáveis” como Vítor Bento que andam por aí, citando Lenine, a comparar a triste “frente” de Jerónimo, Catarina e Costa com o PREC e a revolução de Outubro (palavra de honra). Mas, pondo essas puerilidades de parte, do que a coligação precisa é de um programa e de um método de oposição, de um governo sombra, de uma maquinaria eficaz (dentro e fora da Assembleia da República) e principalmente de uma política de informação pública (quem fala sobre o quê e onde). O espectáculo que a direita está a dar é o caminho mais curto para uma nova derrota." - Vasco Pulido Valente, Público, 20/11/2015

 

Penso que já todas as pessoas de bom senso tinham reparado na falta de senso das intervenções dos responsáveis pela coligação PSD/CDS-PP ante a perspectiva de serem escovados. Se aquilo que aconteceu com a coligação de esquerda não foi notável do ponto de vista do contrato eleitoral, então as reacções destemperadas, de que a mais estrambólica foi sem dúvida a hilariante proposta de revisão constitucional do incumbente apeado, voltaram a causar mossa ao regime e desconfiança acrescida nos cidadãos. Com a lucidez que fez dele, concorde-se ou não com o que diz, juntamente com Ferreira Fernandes, num dos mais incontornáveis cronistas do quotidiano nacional, Vasco Pulido Valente deixou no Público, no passado dia 20 de Novembro, um retrato perfeito do que se tem passado. Daí a razão desta nota.

Há alturas em que as evidências são de tal forma esmagadoras que se torna aflitivo ver tanta estupidez e convencimento à solta na arena política. 

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