A vulnerabilidade da Europa
Os fanáticos religiosos do Estado Islâmico não podem destruir a Civilização Ocidental, mas podem transformá-la. Ontem, em Paris, a barbárie homicida dos terroristas atacou o nosso estilo de vida, a cultura, a segurança, atingiu o coração inocente das nossas liberdades. A vulnerabilidade da Europa é gritante.
Depois da crise do euro, da impotência na Ucrânia, das divisões amargas, instala-se agora a insegurança crónica, provavelmente agravada pela recente crise dos refugiados. O problema dessa crise, que muitos não entenderam, não era a emergência humanitária, mas a urgência em controlar um fluxo migratório descontrolado. O facto é que não sabemos quantos militantes entraram na Europa misturados com as multidões que genuinamente precisavam de protecção.
Em Agosto e Setembro, era preciso guardar as fronteiras externas do espaço Schengen e cumprir os rigores previstos na zona de livre circulação, identificando os migrantes que tinham direito a refúgio. Isso não foi feito, houve mesmo séria resistência ao cumprimento das regras europeias, rigor esse que era confundido com insensibilidade. O mal está feito.
Em vários países europeus há infra-estruturas jihadistas que vão utilizar fanáticos treinados na guerra da Síria e do Iraque para ataques mortíferos low tech. Isto é apenas o início. A Europa pode receber um milhão de pessoas? Claro que pode, mas não em três meses e sem controlo. Fomos ingénuos e os partidos xenófobos de extrema-direita vão aproveitar-se da emoção com os atentados de Paris para pedir novas limitações à nossa liberdade. É fácil caminhar na direcção da intolerância e do medo. O excessivo entusiasmo humanitário dará provavelmente origem ao seu exacto inverso, tudo errado de novo.