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Delito de Opinião

A viagem do Lancia Dedra (3)

Paris

Paulo Sousa, 18.09.24

No dia seguinte o nosso anfitrião teve de ir trabalhar. A confusão sobre os dias em que lá estaríamos levou a que só lhe fosse permitido folgar nas datas que tinha avisado o patrão. Por isso, fomos os cinco, sem ele, passear por Paris. Já não me recordo do que fizemos em cada dia, mas passámos pelos locais prováveis. Torre Eiffel, Champs-Élysées, La Defense e o seu arco recentemente inaugurado. Lembro-me que era muito fácil estar perdido e não saber como é que se saía dali. O pendura ia sempre com o mapa da cidade entre os braços abertos, e o stress aliviava-se a toque de palavrões em barda.

Nos outros dias, andámos sempre os seis dentro do carro. Afinal quem é que nunca circulou com excesso de lotação? Recordo-me de ouvirmos bastantes buzinadelas, de termos passado meia dúzia, ou mais, de feux rouges, de andar no Périphérique em excesso de velocidade, à noite era mais divertido por causa dos flashes da caça à multa. Lembro-me também da romagem que fizemos à campa do Jim Morrison no cemitério Père-Lachaise e de um demorado passeio nocturno em primeira velocidade pelo Pigalle e, noutro serão, pelo Bois de Boulogne. Que fauna incrível aquela.

Já precavidos da exiguidade das lojas de conveniência, passámos a ir abastecer-nos a um Carrefour perto do sótão onde vivíamos. A mala do Dedra era generosa, mas mesmo assim era preciso engenho para ali conseguir colocar o recheio de dois carrinhos de compras, um com comida e outro com cerveja. Só para se conseguir fechar a bagageira, algumas tinham de ser bebidas logo antes de arrancar. Debatia-se com frequência se quem bebia mais era o Dedra, ou quem andava nele, mas nunca se chegou a nenhuma conclusão.

A semana passou rapidamente e não fora o cartão Visa que um de nós já tinha, e não teríamos conseguido sustento, para nós e para o veículo, até casa.

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