A ver voar o elefante
Assim ficou a direita, talvez por efeito da papoila.
Contra todas as previsões o XX Congresso do PS ficou mais marcado pela ausência do suposto, do que pela presença dele. À reunião não faltou energia e novidade, factos políticos que marcarão a agenda e que ofuscaram os wishful thinkings externos.
Assusta, compreendo, que o PS fure o balão de oxigénio alheio erguendo-se em capacidade de união interna e de mobilização da sociedade civil. Um PS que contorna a agenda mediática e ainda afirma, preto no branco, numa semana delicada, que a solução não vai estar à direita, chamando a esquerda a estar presente e a organizar-se para um futuro Governo. Recordo que, em Lisboa, o PS tem maioria sozinho e ainda assim não deixa de governar com os "Cidadãos por Lisboa" e a "Associação Lisboa é Muita Gente". É o PS que indica o futuro do País e não as circunstâncias vindouras.
Foi também o Congresso em que o não-militante Sampaio da Nóvoa fez subir punhos esquerdos cerrados, os mesmos que cortaram o ar do Pavilhão ao longo de dois dias, como há muito não se via. Até a Grândola foi entoada ao ritmo das vozes e dos corpos a balancearem-se como manda a tradição. Fogo de vista? Não. Afirmam-se bandeiras como o rumo para a Europa, o fim da ideia única de família, o respeito pelas instituições, a dignidade da pessoa humana, na sociedade e no trabalho, e toda a estratégia da "Agenda para a Década", que vai fazendo o seu caminho, num discurso sustentado onde a despesa encontra cobertura nas finanças e na evolução da economia.
É este o papel que o PS vai desempenhar em Portugal. E veio para ficar. Habituem-se.