Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

A seriedade não se legisla

Tiago Mota Saraiva, 01.08.19

Imagine o leitor que o pai de quem vos escreve era empresário e que fazia a sua vida a fornecer e instalar cadeiras de auditório. Muito provavelmente mais de 70% do seu negócio seria com o Estado o que, de acordo com o Código de Conduta que o governo aprovou, me tornaria inelegível para as funções de Secretário de Estado das Pescas. Imagine agora que eu estou desavindo com a minha filha, que não conversamos há anos, para aceitar qualquer cargo num governo com este Código de Conduta, teria de refazer relações para perceber o que faz ela e a sua família mais próxima de modo a cumprir com tranquilidade as minhas funções públicas.
Entenda-se uma coisa, o problema das relações familiares promíscuas não se resolve com legislação ou códigos de conduta mas com a escolha de pessoas sérias para os lugares. Não tem problema nenhum que o meu pai continue a vender cadeiras de auditório se eu não tiver qualquer influência na sua escolha. Legislar sobre a ética republicana ou sobre a seriedade das pessoas é terreno fértil para a trafulhice pois dá a matriz para quem quer fintar o sistema e tem tendência a misturar na lama quem desempenha as suas funções com seriedade e verticalidade.

15 comentários

Comentar post