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Delito de Opinião

A reacção do PS ao discurso de Cavaco Silva

jpt, 24.05.23

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Cavaco Silva foi contundente nas suas críticas ao governo e ao (actual) PS. Também contundente foi a resposta institucional do PS, chegada pela voz do seu secretário-geral adjunto, João Torres: entre outros argumentos desvalorizou os argumentos do ex-presidente a efeitos da sua triste condição psicológica, que o terá conduzido à "agressividade e violência verbal" intentando uma "lição de moral" que o PS repudia como sendo "inaceitável". E mais ainda, considerando que Cavaco Silva "perdeu o sentido de Estado que se exige".

Eu sorrio. Nunca votei Cavaco Silva nas eleições presidenciais. Nem nas legislativas votei no partido que ele presidia - aliás, na vida votei 2 vezes no PS, em 1991 tentando contribuir para evitar a sua recondução como primeiro-ministro, em 1995 avesso à continuidade do "cavaquismo" já sem Cavaco. Mas se sorrio nem sequer é por esta patética pantomina de se querer impedir os ex-presidentes de opinarem politicamente - ao invés do que Mário Soares, figura tutelar do PS, sempre fez (tal como aqui lembrei e até o "Público" refere). Pois o motivo maior do meu sorriso é outro: o actual secretário-geral adjunto do PS, João Torres, acusa Cavaco Silva de ter perdido o exigível sentido de Estado. Mas há três anos Torres era secretário de Estado - função à qual se presume uma filiação ao tal "sentido de Estado". E intentou obter o destacamento para as funções de seu motorista de um capitão do Exército, ainda por cima seu companheiro / namorado. (Sobre o patético caso botei aqui no DO o postal "O capitão motorista").

Entenda-se, o relevante disto nem é o facto de um tipo içado a secretário de Estado querer cooptar um capitão do Exército como seu motorista, ainda por cima tendo com ele uma relação de cariz afectiva-sexual. E de com esse "currículo" ter o desplante de vir refutar "qualquer lição de moral" de outras forças políticas ou invectivar a "falta de sentido de Estado" de outrem.

De facto o verdadeiramente relevante deste caso é que o PS de António Costa escolhe um tipo destes para suceder à actual ministra Ana Catarina Mendes no posto de secretário-geral adjunto, alguém que tem este "sentido de Estado", esta impudicícia. Sim, alguns poderão querer desculpar/compreender João Torres, atribuindo-lhe o desvairo a causas de amor ou fervor sexual. Mas não chega. O que fica é que o PS escolhe para um posto desta relevância um tipo que entende a política como implicando que um posto governativo lhe permite destacar como motorista o capitão de quem é amante. E que tem o atrevimento agora de vir perorar sobre "o sentido de Estado" alheio.

Por mais Galambas que por aí andem não há outro exemplo maior do estado a que chegou este PS...

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