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Delito de Opinião

A primeira barricada do imobilismo

José António Abreu, 10.02.15

Sem as chamadas “reformas”, o dinheiro, só por si, nunca será mais do que um paliativo temporário, tal como os perdões de dívida, porque a economia da Grécia não é capaz de usar os recursos de outra maneira. Muito provavelmente, serviria apenas para aumentar as importações com origem na Alemanha, como já está a acontecer em Portugal. Ora, ao eleger o governo do Syriza e da extrema-direita, o eleitorado grego sinalizou que não quer adaptar a sua economia para funcionar dentro da zona Euro. É este o problema que não cabe na análise de Vítor Bento.

Neste ponto, chegámos ao maior erro da zona Euro, e que, esse sim, é o erro fatal: a ideia de que o enquadramento e a pressão externa bastariam para provocar mudanças na Grécia e em outros países, independentemente das configurações de forças políticas internas. Bem apertados, os gregos arranjar-se-iam para resolver o problema. Não se arranjaram. Pelo contrário: a pressão externa serviu apenas para fazer os partidos europeístas parecerem agentes de um castigo estrangeiro, e deu a bandeira da soberania aos populismos da extrema-esquerda e da extrema-direita. Mais: o enquadramento do Euro criou a expectativa de que, para preservar a união monetária, toda a UE acabaria por submeter-se ao Syriza, cujo despesismo pareceu assim credível aos eleitores gregos. Ironia da história: o Euro, que se julgava fosse o instrumento de transformação do sul, funciona agora como a primeira barricada do imobilismo.

Rui Ramos, no Observador. Convém ler o resto.

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