Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

A nova direita

Luís Naves, 19.07.24

Um autor lúcido com coluna no New York Times, David Brooks, notava que o movimento MAGA (Make America Great Again) já não é apenas um slogan, mas uma visão do mundo. O movimento de protesto que se baseava na personalidade abrasiva de Donald Trump é agora uma ideologia que começa a mostrar coerência, tendo abandonado algumas bandeiras extremas. O artigo era crítico da tendência, mas tocava num ponto essencial. Podemos chamar-lhe a Nova Direita, que ameaça abrir um novo ciclo político nas democracias ocidentais. "Os partidos da direita já não são das elites de negócios, mas das classes trabalhadoras", notava Brooks. Estas formações desconfiam da globalização e do capitalismo financeiro que devastou as comunidades industriais na última década, aceitam a luta de classes, não querem intervenções externas de natureza neocolonial, desconfiam das elites culturais e recusam a imigração em larga escala. São nacionalistas, contestam as guerras eternas, estão a crescer na maioria dos países. A esquerda tradicional americana responde com uma discussão antidemocrática para substituir o candidato eleito em primárias, o presidente Joe Biden, cujo declínio cognitivo foi escondido de todo o país por um círculo restrito de conselheiros e pelas omissões da comunicação social. Na Europa, a "velha" direita estabeleceu linhas vermelhas por todo o lado para travar os nacionalistas. Para ser reeleita presidente da comissão, Ursula von der Leyen, chefe dos partidos conservadores europeus, não hesitou em aliar-se aos verdes (amplamente batidos nas eleições europeias) e preferiu fechar a porta a qualquer negociação com os partidos à sua direita. A rebelião popular não federalista terá novos episódios, sobretudo se em Novembro Trump for reeleito para a Casa Branca, como parece inevitável.

6 comentários

Comentar post