A muleta.
Há muito tempo que acho que Passos Coelho pode ter sido um bom primeiro-ministro, mas será sempre um péssimo líder da oposição. No governo Sócrates apoiou tudo o que este quis fazer, de tal forma que ele até lhe chamava o seu parceiro de tango. A coisa só terminou com a rejeição do PEC4 quando percebeu (ou alguém lhe explicou) que se o deixasse passar, teria que se sujeitar a eleições no partido.
Agora estamos a assistir a mais uma repetição do mesmo filme. Depois de ter dito (e bem) que não contassem com o PSD para aprovar medidas que não tinham o apoio da maioria de esquerda, Passos Coelho volta atrás e afinal manda o PSD viabilizar com a abstenção os apoios à Grécia e à Turquia. O partido ficou assim completamente exposto ao ridículo e até Costa disse que tinha inventado uma "boa desculpa" para mudar o sentido de voto.
Será que Passos Coelho não percebe que estes sucessivos volte-faces são fatais para a credibilidade de um partido político? Ponha os olhos em Rajoy em Espanha e veja como o PP tem barrado completamente quaisquer veleidades de a esquerda ascender ao poder, sem apresentar uma maioria estável e coerente.
Se Passos Coelho julga que o PSD vai voltar ao poder a servir de muleta a um governo PS, engana-se redondamente. É por isso mais que tempo de abandonar a pose de primeiro-ministro no exílio e começar a fazer oposição a sério. Assim não vai a lado nenhum.