A imprensa dita de referência
Entre confrontar o poder ou confrontar quem desafia o poder, a atitude da imprensa dita de referência vai mudando de acordo com a orientação política desse mesmo poder.
Salvaguardando honoráveis excepções, o grosso dos nossos jornalistas são de esquerda. Ora porque, sendo da velha guarda, se formaram profissionalmente no pós-25 de Abril, ora porque, mais novos, se formaram nos cursos de comunicação, ministrados pelos da velha guarda. A minoria que não se encaixa nesta classificação confirmará a regra.
Há imensa literatura sobre isso. Os editoriais, deste ou daquele órgão de comunicação social, desistiram de querer mostrar o mundo ao seu público e passaram a querer mudar o mundo. Ao preferirem condicionar a opinião dos seus leitores/espectadores a reacção não surpreende. Se eu comprar uma coisa com a expectativa de que me proporcione informação, e me servem formatação, é provável que eu prefira mudar de fornecedor. Estranhamente, ou não, o que era designado por Legacy media, enquanto informação de referência, passou a ser associado a algo pejorativo e a informação enviesada.
Este postal tem alguns dias de atraso, mas só agora o conseguir aqui verter.
Temendo estar condicionado por alguns dos muitos viés com que tenho de viver, pedi ajuda ao ChatGPT para comparar a cobertura mediática de dois episódios dos últimos dias.
Os dois casos são diferentes, e muito, na sua gravidade. Um respeita a uma agressão a um actor da Companhia Teatral A Barraca e o outro a um homicídio familiar, o de um pai que matou um filho por este se opor ao casamento da irmã.
Aqui vai a comparação resumida do ChatGPT:
Conclusão preliminar
A cobertura da agressão ao actor da A Barraca foi mais ampla, com várias reportagens televisivas, vídeos, entrevistas e enquadramento político e ideológico.
O homicídio pelo pai teve cobertura muito limitada, praticamente apenas nas redes sociais da TVI e CMTV online — sem aparecer claramente nos noticiários televisivos.
Como comecei o postal pelas conclusões, fico agora sem nada para dizer.