Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

A habitação e os bancos

José Meireles Graça, 22.09.23

As medidas que Medina tomou para ajudar os aflitos no pagamento das prestações dos empréstimos para habitação poderiam perfeitamente ter sido tomadas pelos próprios bancos – reescalonar pagamentos, que é do que se trata, não sendo bom, é melhor do que incumprimentos que, ultrapassado um certo nível, podem passar a bolha que rebenta.

Não o fizeram porque a gestão bancária é caracteristicamente estúpida, ao contrário da percepção pública. Isto é assim porque a concorrência entre bancos é ilusória por uma multiplicidade de razões, porque a autonomia decisória é limitadíssima por causa do colete de forças regulamentar do BCE e do seu balcão local, o BdP, e porque as camadas superiores da direcção estão povoadas de carreiristas cinzentos que não suportam as consequências negativas das suas decisões mas beneficiam dos resultados, que auto-atribuem à excelência oca das suas decisões. Há também o factor humano: o gestor que, confortável na sua sinecura, toma decisões que afectam a vida dos “clientes”, entende tanto dos problemas deles como o saciado dos dos que têm fome.

E Medina? É um político de carreira a tomar decisões políticas com grande componente técnica. Um refrescante contraste com um professor de economia a tomar decisões que imagina técnicas, tendo uma componente política que embrulha pedantemente em palavreado com tinturas académicas.

E em matéria de elogios (que aliás, se para isso me desse o vezo, compensava enunciando o estendal de asneiróis que nos levou onde estamos) chega para, pelo menos, um ano.

6 comentários

Comentar post