A guerra da Rússia contra a Ucrânia
Escombros de Irpin após ataque russo (2022)
George Orwell ensinou-nos o valor das palavras. Perverter o seu significado é, muitas vezes, ceder terreno aos inimigos da liberdade. É fundamental, por isso, estarmos sempre atentos à importância de cada rótulo, de cada etiqueta, de cada frase feita em suposta representação da realidade.
A brutal ditadura de Putin, consciente deste facto, decretou penas de prisão a todos quantos chamassem guerra à guerra. Os russos só podem entoar a eufemística lengalenga putinesca, que chama «operação militar especial» à criminosa invasão do território ucraniano pela maior potência atómica do planeta.
Cada quadrante com os seus eufemismos. Os amigos do Kremlin em Portugal chamam simplesmente «guerra» àquilo - diluindo-se todo o horror concreto dos massacres cometidos pelos russos em Butcha, Borodianka, Irpin, Kramatorsk e Mariúpol num vocábulo abstracto.
Até o jornalismo que persiste em ser rigoroso e sério pode recorrer a expressões equívocas. Acontece quando alude à «Guerra da Ucrânia», como se houvesse simetria exacta entre agressor e agredido.
Mas não há.
O que ali ocorre é a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Iniciada faz hoje 13 meses e ainda sem fim à vista. Saibamos dar-lhe o nome certo. Sem enganos, sem eufemismos, sem ambiguidades.