A grandeza está nas pequenas coisas
No passado dia 2 de Dezembro a Fundação Francisco Manuel dos Santos lançou o meu livrinho "Terra Firme", uma reportagem com laivos de ensaio, ou vice-versa, sobre uma herdade alentejana. À medida que me iam anunciando o programa comecei a sentir-me um pouco fora de pé: o belíssimo cenário mourisco da Casa do Alentejo? um rancho de cante a abrir a sessão? Um beberete final com vinhos e petiscos da planície? Não seria demais para uma obra de amador? A dimensão da coisa ganhou foros de susto quando mencionaram a magna figura convidada para comentar o livro - e que tinha aceite... Vai ser bom para a minha vaidade, pensei, prestigiar-me com a sua presença nesta cerimónia, decerto protocolar. Pois sim... Em vez das triviais generalidades simpáticas do costume, o cavalheiro, que não me conhecia de lado nenhum e a quem eu fora apresentado à entrada, sacou de um exemplar de "Terra Firme" ouriçado de Post-Its e durante uma hora analisou e dissertou em pormenor, com uma acuidade fulminante e uma desvelada gentileza.
Disseram-me depois que Sevinate Pinto era sempre assim.