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Delito de Opinião

A globalização da loucura

Teresa Ribeiro, 02.09.14

Primeiro pensei que os jihadistas eram todos ignorantes, paupérrimos, resgatados de vidas tão desgraçadas que a ideia de se explodirem em glória até se podia perceber como potencialmente libertadora. Depois, à medida que a informação foi chegando descobri que entre esses guerreiros fanatizados pela religião que prega o ódio ao ocidente, havia filhos família com estudos superiores, gente com mundo, que tinha vivido e estudado entre os "infiéis" mas cujo contacto com a nossa cultura parecia ter-lhes acicatado ainda mais o asco pelos modelos de sociedade que antagonizam o islão. Para compreender essas elites encontrei também explicações plausíveis, que equacionavam uma relação instrumental ou mais intelectualizada com a guerra santa: ou esses indivíduos aspiravam a lugares de influência nas estruturas de poder das organizações terroristas em que se reviam mantendo-se, com essa motivação, fechados ao nosso mundo, ou simplesmente alimentavam-se de um rancor ancestral contra a nossa supremacia económica, social e tecnológica.

Quando me chegou ao conhecimento que as redes de terroristas islâmicos também recrutavam entre os nativos deste lado do mundo, comecei por ficar perplexa, mas depois digeri. É claro que esta cruzada contra os infiéis pode aliciar milhares de inadaptados, gente que com ou sem razão se considera vítima do sistema. A estes cavalinhos de tróia acenam com inebriantes sentimentos revanchistas, reconhecimento e poder, o poder catártico da destruição.

Mas o que mais me custou entender foi as mulheres ocidentais que se tornaram noivas de jihadistas. Trocar a liberdade e a dignidade femininas por uma niqab é algo de tão assombroso que só uma absurda idealização da guerra santa pode explicar. Ou então é pior, algo de insano, autodestrutivo.

As notícias que recentemente nos chegaram sobre jihadistas e noivas de jihadistas portugueses tiveram como efeito a minha tomada de consciência de que nunca a loucura teve um efeito sistémico como agora. Sim, sempre houve regimes de terror. Mas agora é global e um dia esta tropa de párias, sádicos e doidos financiada por criminosos vai tentar explodir a aldeia. Esta que tem vista para o espaço e de que não podemos fugir.     

4 comentários

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    Teresa Ribeiro 02.09.2014

    Mais um bocadinho e ainda me dizia que no fundo elas até gostam.
    Quanto às suas outras considerações: sim, os imperialistas americanos são do pior e de Israel então é melhor nem falar. No fundo, no fundo todos os males do mundo são sua responsabilidade, porque isto anda tudo ligado e etc. Fiz bem a síntese?
    Mas sabe, apesar de não existirem inocentes neste mundo e da natureza humana ser a desgraça que é, não equiparo a cultura ocidental que se baseia no respeito pela vida humana a essa outra que produz homens e até crianças bomba e trata as mulheres abaixo de animais. É por isso que todos os dias agradeço aos céus por ter nascido deste lado do mundo.
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    Anónimo 02.09.2014

    Sim, a superioridade moral da cultura ocidental é indiscutível.
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    Teresa Ribeiro 03.09.2014

    Não é políticamente correcto afirmá-lo? Temos pena.
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