A força dos fracos e a fraqueza dos fortes
Quantas vezes não tenho assistido à tolerância com que se encaram as atitudes dos que são tomados por frágeis e a manifesta intolerância que é usada nos julgamentos daqueles que são considerados como sendo fortes?
É natural que assim seja, dirão uns. Mas então onde é que os fracos terão, alguma vez, o estímulo para deixarem de o ser, se forem sempre acarinhados e protegidos?
Fui sempre considerada uma mulher forte, vá lá saber-se porquê. Calculo que o epíteto se terá ficado a dever à circunstância de eu não ser pessoa de grandes queixumes e de tentar, quase sempre, dar a volta ao que me corre menos bem.
Por outro lado, conheço muito boa gente que queixando-se amargamente da existência e nada fazendo para a mudar, goza da compreensão de quase todos à sua volta.
Ainda recentemente assisti a algo que ilustra o que acabo de dizer. Uma amiga minha enviuvou e a vida dela sofreu um abalo psíquico e até económico, porque de duas pensões ficou só com uma. Pois bem, quando eu lamentava o que lhe sucedera, houve logo quem se apressasse a dizer “não te preocupes. Ela é uma mulher muito forte e por isso vai, seguramente, sair da situação. Pior está a irmã, também viúva, que é de uma enorme fragilidade e não consegue recuperar”. Na altura indignei-me com a diferença de tratamento face a uma mesma situação.
Ora agora, pergunto eu, os fortes não terão também direito aos seus momentos de fraqueza e à benevolência que se tem para com os mais fracos?!