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Delito de Opinião

A Europa sairá mais coesa desta crise

Pedro Correia, 28.02.22

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A brutal agressão à Ucrânia, o mais grave ataque de um Estado soberano a outro desde a II Guerra Mundial na Europa, acaba por ser um serviço que Vladimir Putin presta aos EUA. Porque esta grosseira violação do Direito internacional, paradoxalmente, beneficia os interesses estratégicos de Washington.

A partir de agora a Rússia deixa de surgir como inimigo abstracto ou difuso: torna-se numa ameaça concreta a toda a Europa Ocidental e Central.

A Aliança Atlântica une-se como há décadas não acontecia. Países como a Finlândia e a Suécia aproximam-se da NATO, tendo até já comparecido na cimeira da organização, realizada sexta-feira por video-conferência. A Europa comunitária revê o seu conceito estratégico de defesa: vai passar a investir mais em material bélico, correspondendo a uma antiga reivindicação dos EUA.

Naturalmente, todo o flanco leste da NATO vai reforçar-se, como medida preventiva contra futuras investidas russas - do Mar Báltico ao Mar Negro.

 

A Europa sairá mais coesa desta crise. O eixo euro-atlântico também. Graças à criminosa ofensiva bélica do Kremlin. «Esta é a guerra de Putin, não é a guerra dos russos», como acentuou ontem o chanceler Olaf Scholz numa reunião extraordinária do parlamento em Berlim. Acentuando que a Alemanha passará a aplicar mais de 2% do seu orçamento anual em investimento militar, duplicando-o.

O mesmo irá acontecer no abastecimento de combustíveis e no reforço da autonomia industrial. Toda a prioridade será atribuída, a partir de agora, à soberania estratégica da UE face a fornecedores extra-comunitários. Para pôr Moscovo à distância.

Qualquer vitória que o ditador russo possa reclamar, nesta tentativa de impor um direito de pernada à Ucrânia, será sempre pírrica. Acabará julgado por crimes de guerra. E verá o Ocidente emergir deste pesadelo com um vigor que jamais imaginou.

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