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Delito de Opinião

A Europa em colapso.

Luís Menezes Leitão, 24.06.16

 Há uma coisa que as pessoas não querem entender e que é que os povos votam de acordo com os seus interesses. Já Lord Palmerston dizia que a Inglaterra não tinha amigos permanentes nem aliados perpétuos. O que sempre teve foi interesses permanentes e perpétuos. Por isso as decisões políticas em Inglaterra sempre se basearam nos interesses do seu povo e não nos dos povos alheios.

 

Foi precisamente isso o que fizeram os ingleses ao votarem pelo Brexit. Não votaram assim porque preferiram os mauzões eurofóbicos apoiantes de Farage e companhia aos jovens cultos de Cameron, que aspiram a percorrer a Europa. Votaram assim porque entendem que o Reino Unido não tem neste momento na Europa o peso e a influência que deveria ter. E o resultado não foi apenas a consequência de uma luta interna no Partido Conservador, mas sim de cidadãos comuns que votam de acordo com os seus interesses. O Partido Trabalhista descobriu com surpresa que nos seus bastiões eleitorais a votação pelo Brexit foi esmagadora.

 

Diz-se que a consequência disto pode ser a saída da Escócia do Reino Unido. Sempre fui favorável à independência da Escócia, mas se alguém está convencido que um novo referendo escocês implica a permanência da Escócia na União Europeia está muito enganado. O que está nos Tratados é que um Estado só adere à União Europeia com o acordo unânime dos seus membros e a Espanha nunca deixará a Escócia entrar na União Europeia, uma vez que tal seria um precedente para a entrada da Catalunha. Mais uma vez, da mesma forma que a Inglaterra, a Espanha só tem interesses.

 

É por isso que enquanto houver gente convencida de que a União Europeia pode funcionar gerida por um Conselho onde os Estados grandes têm maioria assegurada e vão lá apenas para defender os seus interesses, a que os pequenos se submetem, a Europa nunca se reformará. O resultado disto é termos um pateta como Presidente do Conselho Europeu, que está convencido de que uma frase de Nietzsche é da autoria do pai dele. Ou a União Europeia se reforma ou caminha para o colapso. Ao contrário do que Juncker declarou antes de sair a correr da sala, isto é mesmo o princípio do fim.

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