A ética de geometria variável
Pedro Sánchez conduziu o PSOE aos dois piores resultados da história do partido - o segundo mais antigo da Europa do seu espectro político, logo após o SPD alemão. José Luis Rodríguez Zapatero, o anterior presidente do executivo socialista, demitiu-se ao perder as legislativas de 2011 para o Partido Popular. O seu sucessor, Alfredo Pérez Rubalcaba, demitiu-se ao perder as europeias de 2014.
Sánchez, que já perdeu duas legislativas em seis meses e tentou em vão ser chefe do Governo, insiste em manter-se agarrado ao que lhe resta do poder interno. Indiferente aos apelos à razão lançados por iustres socialistas, como Felipe González, submete toda a estratégia do PSOE à sua luta pela sobrevivência: neste caso já não está em causa o interesse nacional nem sequer o interesse partidário, mas apenas o interesse pessoal. A ética da responsabilidade, que políticos como ele tanto apregoam, só é aplicável aos outros. Uma tese de geometria variável, bem adequada aos tempos actuais.
Sairá da pior maneira, empurrado pelos barões regionais do partido, com Susana Díaz à cabeça. Já recebeu um solene aviso dos seus pares, mais sintonizados do que ele com a vox populi: não haverá terceiras legislativas. Tal cenário seria catastrófico para os socialistas espanhóis, que vão recuando a cada novo teste eleitoral.
Em 2010, convém recordar, o PSOE e o PSC - partido "irmão" da Catalunha - tinham 169 dos 350 deputados no Congresso de Espanha. Nos tempos áureos de González chegaram aos 202. Hoje restam-lhes 85.