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Delito de Opinião

A ética de geometria variável

Pedro Correia, 04.08.16

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Pedro Sánchez conduziu o PSOE aos dois piores resultados da história do partido - o segundo mais antigo da Europa do seu espectro político, logo após o SPD alemão. José Luis Rodríguez Zapatero, o anterior presidente do executivo socialista, demitiu-se ao perder as legislativas de 2011 para o Partido Popular. O seu sucessor, Alfredo Pérez Rubalcaba, demitiu-se ao perder as europeias de 2014.

Sánchez, que já perdeu duas legislativas em seis meses e tentou em vão ser chefe do Governo, insiste em manter-se agarrado ao que lhe resta do poder interno. Indiferente aos apelos à razão lançados por iustres socialistas, como Felipe González, submete toda a estratégia do PSOE à sua luta pela sobrevivência: neste caso já não está em causa o interesse nacional nem sequer o interesse partidário, mas apenas o interesse pessoal. A ética da responsabilidade, que políticos como ele tanto apregoam, só é aplicável aos outros. Uma tese de geometria variável, bem adequada aos tempos actuais.

Sairá da pior maneira, empurrado pelos barões regionais do partido, com Susana Díaz à cabeça. Já recebeu um solene aviso dos seus pares, mais sintonizados do que ele com a vox populi: não haverá terceiras legislativas. Tal cenário seria catastrófico para os socialistas espanhóis, que vão recuando a cada novo teste eleitoral.

Em 2010, convém recordar, o PSOE e o PSC - partido "irmão" da Catalunha - tinham 169 dos 350 deputados no Congresso de Espanha. Nos tempos áureos de González chegaram aos 202. Hoje restam-lhes 85.

4 comentários

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    Pedro Correia 05.08.2016

    É surreal. Os partidos derrotados em duas legislativas seguidas parecem preferir uma terceira derrota nas urnas, ainda mais pesada, do que viabilizarem um governo do partido claramente vencedor.
    Nem sei que nome dar a isto. Talvez burrice.
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    Jorg 05.08.2016

    A luta do PSOE, de sobrevivência e/ou de construção de alternativa, pauta-se neste momento pelo esvaziar do "Podemos", mais do que perseguir a impossibilidade de superar eleitoralmente o PP. Na 2a. eleição, já teve alguns ganhos - Iglésias e confrarias associadas já piam mais fino. Acho que numa 3a. eleição, esses ganhos vão continuar. O problema é que o PP segue no mesmo caminho em relação aos Ciudadanos - e aparenta estar a ser mais eficaz. Mas mesmo neste cenário de oposição de legislatura, o PSOE acredita poder restaurar o seu estatuto de alternativa dominante e manobrar o 'Podemos' (ou o seu eleitorado) como o luso xuxa Costa anda a tentar amestrar o BE no quadro da Geringonça feita com "acordos" de folha de couve. O PS luso e o PSOE, ou parafraseando um presidente da Bola "Entreambos os dois" andam a lutar por ('pardon my french') salvar o coiro, para que não lhes esteja reservado o destino de um PASOK.
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    Pedro Correia 06.08.2016

    Em número de deputados, o PSOE não teve ganhos em relação ao Podemos: estes, coligados com os comunistas, mantiveram o mesmo número de representantes no parlamento. O PSOE, que já tinha obtido em Dezembro o pior resultado de sempre, recuou ainda mais, perdendo outros cinco deputados.
    Com González chegou aos 202. Hoje tem só 85.
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