A estranha crise europeia
Há profundas crises políticas nos principais países europeus. No Reino Unido começa a borbulhar um escândalo capaz de derrubar o governo, na Alemanha teremos eleições que podem ser inconclusivas e, em França, 37% dos eleitores dizem ser "muito favoráveis" à demissão do Presidente Macron, enquanto 24% são bastante favoráveis. Podia adicionar outros países à lista, Espanha, Polónia, Áustria, Roménia. Não existe memória recente de tantas crises simultâneas. O que se passa? A guerra da Ucrânia teve efeitos económicos devastadores e prolongou-se além do previsto; os países industrializados têm dificuldade em manter a sua competitividade; alguns estão endividados até ao osso; as mudanças tecnológicas foram demasiado velozes; Bruxelas cometeu erros graves na transição energética, na alimentação da corrupção em Kiev, na legislação sobre automóveis com motores de combustão. Mesmo assim, com tudo somado, a explicação ainda é insuficiente. Muitos europeus estão a compreender que foram enganados pelas suas fracas elites, na crise financeira, na pandemia, nas políticas migratórias. Há setores da sociedade zangados e demasiada gente a votar sob o efeito hipnótico dessa emoção.