A esquerdalhada
Num postal recente usei o termo "esquerdalhada" (que me é habitual). E logo três amigos me enviaram mensagens, pois com ele incomodados. Nos comentários recebidos (no meu mural de Facebook) também surgiu algum desconforto - e mesmo imprecações. Naquela plataforma a ligação ao texto foi partilhada por outros - o que lhes agradeço - em cujos murais também notei algumas reacções desagradadas, até furiosas. Isto mostra a vigência de um sentimento pelo qual sobre os locutores de “esquerda” não se deve verbalizar menosprezo ou desrespeito pelas suas atrapalhadas ou aldrabadas opiniões.
Reacções ao invés das esperadas face à rapaziada da direita. Sobre esta há dois termos que vão surgindo: o mais raro “direitinhas” - em tempos consagrado em banda desenhada publicada no “Diário”, o jornal do PCP dirigido por Miguel Urbano Rodrigues -, mas que não vinga muito dado o tom pouco ferino que aquele sufixo sempre dá. E o mais habitual - e quase automático - “fascistas” (ou “faxos”), uma evidente desvalorização ética e intelectual.
Ou seja, se eu, ou outrem, diante dos dislates agora até algo habituais daqueles que se propõem decepar genitais alheios, hastear bandeiras nacionais em edifícios oficiais nas antigas colónias ou louvaminhar as inexcedíveis qualidades do colonialismo português (o qual “nunca existiu”, a crermos na douta bibliografia, titulada sem a ironia do texto que glosa), falar de “direitinhas”, de “fascistas” (ou mesmo de “fdp’s” por extenso, como fiz há pouco - quando o professor Ventura inculpou Costa de um duplo assassinato) não tenho ecos abespinhados. E isso não se restringe às peculiaridades do agora CHEGA. Pois sou tão velho que me lembro de ver o tal insulto “fascistas” atribuído a gente como… Franco Charais e Pezarat Correia. Ou António Barreto. E desde então Ferreira Leite ou Vítor Gaspar e um vasto etc. foram assim ditos, e também estrangeiros, estes até mesmo nazis, como Merkel ou Bento XVI. E tais epítetos não colhem apenas silêncios mas mesmo anuências - mesmo entre aqueles que os assumem como meras metáforas (e não são as invectivas, sarcásticas ou insultuosas, quase sempre metafóricas?).
Mas o apreço “neutral” pelo desapreço face à malta à direita é até mais abrangente: nenhum amigo se preocupa quando afloro eu - como aqui o fiz - os dizeres, de facto apenas onomatopaicos, dos negacionistas das alterações climáticas, estes sempre urrando que tal coisa é mito emanado do “marxismo cultural”, deístas pagãos que são, e nisso obtusos crentes de que da divindade Mercado nada de negativo pode brotar. “Sempre as houve”, “dizem que há aquecimento mas está a chover”, expectoram ainda que doutores e engenheiros. E mesmo que pais e avós extremosos das suas “boas famílias” fazem trocadilhos brejeiros com o nome da célebre jovem ecologista sueca, num verdadeiro Cialis deste senil imbecilismo “liberal”.
Tal como não li agravos quando propus o regresso ao útero materno dos energúmenos anti-vacinas do Covid-19 - como, por exemplo, aqui - saídos das grutas mais recônditas do reaccionarismo pimpão, desvairados avessos à intrusão estatal que lhes quis injectar químicos pois entendendo-a escrava das apetências lucrativas das farmacêuticas - ainda que depois não hesitem em encharcar-se (e às respectivas parentelas) das tão dispendiosas quimio e radioterapias que os Estados compram às tais farmacêuticas interesseiras para a eles - e seus próximos - prolongar as verborrágicas vidas. Ou ainda, para último exemplo, quando resmungo contra a rústica inintelectualidade de alguma direita portuguesa, incapaz de avisar um irritante, e de histriónica ignorância, casal nortenho de que a Escola tem mesmo como tarefa Educar Para a Cidadania.
Em suma, neste ambiente é aceitável, e até saudável, usar do sarcasmo para invectivar a “direita” mas é inaceitável, pois ofensivo, escarnecer da “esquerda”. Como se esta, e os seus fiéis, tenha uma universal virtude. Qual uma superior decência e uma acrescida potência.
É um traço interessante porque o pejorativo (e quantas vezes enojado) “esquerdalho” - e o correlativo “grupelho” - são termos que não têm um “pedigree” de “direita”. De facto, emanaram de uma força de esquerda, aplicados às moles de patetas m-l de então, essas que agora se apresentam sob as pestíferas vestes “identitaristas”: tratava-se do feixe de excitados sociopatas que o secretário-geral abordou no seu “O radicalismo pequeno-burguês de fachada socialista”, entretanto travestido (ou transvestido, não sei...) num tal de “identitarismo”.
Também por isso esta expressão pejorativa não recai sobre o amplexo PCP. Não só por estas razões históricas mas ainda devido a dados estéticos: mesmo na sua decadente situação intelectual actual - longe vai a época em que o PCP tinha quadros como Luís Sá, Barros Moura, João Amaral, ou Vital Moreira a renovar Marx, para além da tutela de Cunhal, e fica-se agora pelos esparvoados tuítes do tão elogiado António Filipe - o "partido" tem alguma... "correcção formal". Como se uma espécie de quadratura do quadrado, algo que o torna algo imune a algum tipo de críticas mais sarcásticas ou ríspidas: foi decerto por esse desvelo estético, nisso ético, que nesta era de tamanhas retóricas “cuidadoras” das “minorias etnoculturais” puderam os comunistas emanar um comunicado oficial - após a invasão russa da Ucrânia - louvando a excelência das políticas soviéticas relativas às “minorias [étnico-]nacionais” sem que tivessem sequer tremido o Carmo e a Trindade “identitarista”, "multicultural".
Também, fora dos dizeres presentes no espectro partidário, não aplico, nem se costuma aplicar, este tipo de sarcasmo a discursos desenvolvimentistas - de facto muito ausentes da cena pública portuguesa. Mesmo que nestes abundem os utopismos e, bem pior, sejam frequentemente poluídos pela recepção das "causas" e linguajares típicos de alguns movimentos identitaristas ocidentais. É como se a adesão, sob variadas formas, ao ideário do "desenvolvimento humano" blinde algumas das vozes mais impensantes que sob ele se agregam, como por exemplo os palradores do "empoderamento", que nem fabianos se percebem, ou os que mesclam a temática do "género" com as questões da sexualidade, imaginando que o mundo é uma Nova Inglaterra hollywoodesca.
De facto esta “esquerdalhada”, demagógica - e nisso desonesta - ou apenas tonta, e sempre histriónica, não é a “esquerda” mas apenas (plurais) feixes internos à “esquerda”. Por cá muito em voga e muito visíveis dada a descabida influência que têm na imprensa e nas universidades. E tendo alguns agentes de verve fácil muito escapa esta mole ao crivo crítico. Nessa pluralidade loquaz, e abrangência temática, torna-se algo difícil descrever (e assim definir) este cadinho de textos oriundos do “radicalismo pequeno-burguês de fachada identitarista” sem recorrer a laivos de alguns locutores, qual galeria de ilustrações, uma chinoiserie…
Mas fazê-lo acabará por ser desagradável. Pois não só eu não leio muitos desses constantes textos idolátricos - até os evito -, como à maioria daqueles a que chego faço-o por conselho de alguns cruéis amigos, malévolos nos seus verrinosos avisos “já viste o que fulano de tal botou?”. Ora isso tem um corolário, pois sou conduzido (deixo-me conduzir) a ler as trapalhadas botadas por gente que conheço ou com a qual tenho conhecimentos comuns, afinal uma pequena “lisboa” do Minho à Madeira. E assim o meu sacar da cimitarra, a volúpia assassina, pode parecer ad hominem. Quando não é, mas sim uma aversão higiénica face a destrambelhados argumentos colectivos individualmente expostos. E, por vezes, mas apenas no caso dos socratistas, um afã sociocida, portanto também colectivo.
Na realidade, mais do que avaliar da hipotética pertinência dos problemas sociais que são apontados ou das soluções que são propostas (quando o são) o que é mais notório é que neste eixo discursivo esquerdalho se tratam de expressões atitudinais, assentes numa vácua superficialidade embrulhada em retóricas histriónicas. O objectivo é sempre o de constituir "grupos"-para-si, entidades mobilizadas para o "activismo", numa burguesa refracção do velho ideário da - agora - "luta das identidades" como "motor da história". Mas ouvindo/lendo os pretensos "intelectuais orgânicos" o que logo se apreende é que na sua grandiloquência surgem como aquilo a que José Cutileiro aludiu no seu "Abril e Outras Transições”, nada mais do que discursos reconhecíveis como “when a man is talking rot”…
Há três trombos fundamentais nestas vias discursivas, que passo a a exemplificar usando alguns casos que vão vegetando na minha memória. Um é o culto do "construtivismo", a académica ideia - pacífica em si mesma - de que as realidades sociais são socialmente construídas. E que nesses processos - o que é um bocadinho mais discutível - os formatos discursivos (os conteúdos linguísticos, para facilitar) são um material fundamental da edificação das lógicas e das mundividências, assim da miríade de valores e poderes presentes em cada sociedade. Há nisso uma espécie de linear determinismo, como se sociológico fosse, e que vem promovendo esta moda de depuração dos linguajares. Troque-se por miúdos: parece que o governo indiano - agora muito louvado na reemergência geopolítica dos BRICS, considerada fundamental pela esquerda radical para se combater a "episteme" obscurantista "ocidental" - acaba de retirar o evolucionismo darwiniano do ensino escolar. Em Portugal, membro da perversa hidra capitalista ocidental, esse ensino mantém-se, tal como os restantes itens da ciência contemporânea. No entanto para esta esquerda identitarista, prenhe de afã purificador da língua, tudo funciona como se o ensino (escolar e por outros meios) da ciência de nada sirva, pois continuamos a chamar "nascer do Sol" à alvorada e "pôr-do-sol" ao ocaso. Ou seja, crêem que apesar de alguns esforços pedagógicos as palavras nos condenam - neste caso à mundividência da crença geocêntrica, pois as amarras linguísticas nos farão pretéritos a Copérnico e Galileu.
Tal concepção nota-se no eixo feminista - em sentido amplo, a defesa da igualdade e equidade de mulheres e homens, algo que é historicamente uma matéria de “esquerda”. Um dia li no "Público" um artigo de uma cientista social - muito louvado pelas minhas colegas moçambicanas especialistas em questões de Género, decerto que por conhecerem a autora - a clamar contra o universal masculino gramatical, como sendo este um instrumento de reprodução da opressão falocrática. Reparei que a senhora tinha aposto como epígrafe o Magritte do “ceci n’est pas une pipe” - estava eu a viver na Bruxelas do artista, o que mais me chamou a atenção. Ora a autora feminista passava o artigo a defender que “cachimbo” deve ser cachimbo - no tal ditirambo contra as algemas gramaticais, as masmorras sintácticas e os cadafalsos semânticos que considera serem e promoverem os malvados poderes -, sem perceber a sua gritante contradição. Não pude evitar pensar, e por várias razões, que tudo aquilo (preocupações gramaticais, textinho ufano e aplausos dos cientistas apoiantes) era uma esquerdalhice tonta, típica da esquerdalhada. E é apenas um exemplo de incultura aplaudida pelas "elites" "intelectuais", do ambiente geral cristalizado no patético uso das "Todes" ou "Todxs" e afins por burguesotes que assim se imaginam "radicais" e, mesmo, "cidadãos". E o passo avante desta deturpada perspectiva "construtivista" é o que agora grassa, a vertigem censória, a purga que se faz aos textos do passado e os limites censórios àqueles ainda em produção, convocados a associarem-se a determinadas "sensibilidades" em voga...
Mas este rumo não passa apenas por patetices como este exemplo que dei. Há muita demagogia, no rumo de um verdadeiro aldrabismo. Um dos vectores interessantes nestes "construtivistas" de cardápio é o facto de associarem esta crença de que os termos têm - por si só - efeitos sociais (perversos) à vontade de instaurarem a discriminação oficial de categorias raciais, uma evidente contradição. O debate sobre políticas equitativas é salutar e fundamental. Uma das dimensões desse debate - o qual em Portugal é muito frágil por deficiência intelectual societária - é o que opõe o secularismo comunitarista da esquerda identitarista aos adeptos da laicidade universalista, defensores de uma cidadania republicana. Os primeiros querem fragmentar a população em entidades discretas de cariz “étnico” e “racial” (ainda que não as saibam definir) para promoverem “discriminações positivas”. Este é um debate interno à “esquerda” mas também com a “direita” e o “centro”.
Ora, também no famigerado “Público”, li há anos um artigo - de alguém que se subscrevia com o nome da instituição científica estatal que o emprega (ou seja, convocando o empregador para sedimentar as suas opiniões políticas, uma manobra rasteira...) - no qual se defendia o tal recenseamento “étnico-racial” afirmando “numa sociedade aberta o Estado deve poder perguntar tudo” e “cumpre aos cidadãos comprovar a razão de não quererem responder”. Ou seja, o Estado deve exigir às pessoas que se identifiquem e situem segundo classes "étnicas" e "raciais", se pensem e actuem consoante tal, e sejam objecto de políticas estatais peculiares sob essa condição. Sendo assim a tal "sociedade aberta". A mim, diante desta torpe manipulação da célebre expressão de Popper, crucial no ideário liberal, ocorreu-me o óbvio, que o artigo era uma esquerdalhada, abjecta demagogia, talvez típica do seu autor, decerto que disseminada entre os seus admiradores. E convém perceber que este fervor racialista - apresentado como factor de equidade - implica a utilização das tais palavras que manipulam as mentes (como sempre assumem em relação a outros assuntos). Assim sendo, para estes esquerdalhos eu estou errado quando digo "todos" ou "todas" e estou errado quando não digo "negros" e "amarelos" - como se houvesse discriminações a fazer e outras a evitar. No fundo, o que este esquerdalhismo quer é sedimentar, enquistar, entidades conflituantes. E entretanto evitar que um cozinheiro "branco" apresente uma receita de moamba na televisão - e a desfaçatez é a minha. E não a dos esquerdalhos que se congregam em torno destes dislates.
Um segundo trombo desta "esquerda" radicalizada é o seu evolucionismo, metástase do seu marxismo vulgar. Pois nela habita a crença de que as sociedades evoluem (se direccionam num sentido positivo, pois é preciso traduzir isto num país onde amiúde se ouve o oxímoro "evolução negativa"), num rumo relativamente pré-determinado, "progressista" dizia-se. Nesse marxismo vulgar vigente o tal trombo é a crença de que as sociedades ocidentais, as do capitalismo pérfido, esgotaram as suas capacidades de se transformarem e daí a necessidade de uma qualquer "transição". A efectivação desta crença do actual "imobilismo" por "exaustão" social, conduzindo a um "atavismo", tem agora um tópico em Portugal - para este "esquerdismo", o tal "esquerdalhismo" folclórico, a sociedade portuguesa é um mero e malévolo epifenómeno do passado recuado.
Daí o surgimento, cinquenta anos depois das independências das antigas colónias, de uma série de paladinos da necessidade de afirmar o país como fruto de uma história escravista, como se esta moldasse o Portugal actual, lhe estivesse no âmago. A vontade é simples, transformar o ensino da História e a consciência nacional numa traumatizada versão de nós-próprios, de facto seguindo o desígnio de apoucar a identidade nacional, e nisso a comunidade nacional - pois esta dada a capitalismos e até conservadorismos. Um projecto até contraditório num país que nem tem um ensino patrioteiro nem alberga projectos de expansão nacionalista ou neo-colonial.
Parte deste rumo vem de uma até pungente condição, o facto de alguns intelectuais (historiadores e afins) terem dedicado parte das suas carreiras de investigação a temáticas da expansão portuguesa em África (e no Brasil) e de ansiarem por um estatuto de "intelectuais públicos". Algo para o qual sentem (erradamente, diga-se) necessitar de capitalizar, usando-o linearmente, o que estudaram sobre séculos prévios, atribuindo as características que nesses identificam às realidades actuais. O interessante é que se forçam a presença actual das categorias existentes na sociedade portuguesa de antanho são incapazes, ou disso desinteressados - por alguns motivos ideológicos -, de vasculharem nas sociedades africanas actuais alguns vestígios dessa realidade escravista ali duradoura durante séculos.
O que demonstra que, por mais punitivos que queiram ser sobre o passado e o presente português, são incapazes de ultrapassar um traço típico nacional - o da distracção face a realidades outras, sempre centrados no nosso país (isto é algo que esmiucei num texto longo, "O Olhar Português"). Ou seja, estes doutos intelectuais, 50 anos depois das independências das colónias portuguesas, sobre África pouco ou nada dizem, apenas lhes importam os ecos (demoníacos ou gloriosos) da história pátria. E é isso que os torna "intelectuais públicos", "críticos". É evidente que há diferenças internas neste eixo de discursos, entre os que analisam a história portuguesa, na sequência do que fizeram alguns da geração anterior - quantas vezes seus mestres -, e os que se limitam a gesticular - como alguns que, também no "Público" (sempre o palco privilegiado deste coro), defendem a "intervenção" "anti-colonial" sobre o património artístico. Mas, e o que é uma deliciosa demonstração da pantomina desses autores, daqueles itens patrimoniais que estão na rua, pois isentam os itens alojados no interior de edifícios desses propósitos "intervencionistas"...
O terceiro trombo, evidentemente ligado aos anteriores, é a afirmação de que o nosso país é um extremo caso de racismo, que "Portugal vive num apartheid", como clamava (no "Público", claro) há anos um antropólogo defendendo a inenarrável Katar Moreira (a tal da moamba racializada). Talvez por isso possa ter eu visto uma activista, apresentada como senhora professora, na televisão defendendo o "Mamadu" - assim como um sindicalista em apoio à "Isabel" (Camarinha), um autarca ombreando com o "Rui" (Moreira), um académico louvando o "António" (Sousa Pereira), um camarada subscrevendo o "Francisco" (Louçã), etc. E nessa candura, até pungente, afirmando a pés juntos que o racismo é monopólio dos brancos, explicitando querer ensinar isso à audiência televisiva enquanto tentava balbuciar uma recensão oral de um qualquer "paper" onde aprendera a atoarda, tão "decolonial". Pobre jovem senhora, com todos os sinais físicos e verbais da boa pessoa, cheia de boas intenções salvíficas, avatar de avoengas missionárias, nem sabia o que significava "uigures"! E ali estava defendendo, pedagógica, um conjunto de sábias (porque produtivas) patacoadas.
Esquerdalhada? É isto, entre inúmeros, constantes, exemplos, provindos de algumas almas caridosas ou mentes fabianas misturadas com uns mariolas "activistas" - estes sempre com "um olho no racializado, outro no burro". De facto militantes da superficialidade, eles sim algemados à "atitude". Que julgam certa ou isso lhes convém no mercado estatutário.
Há uns anos dediquei um postal a uma querida amiga, que senti demasiado sensível a alguma daquela verve esquerdalha. Tinha até a ideia de lhe dedicar uma série de postais, procurando demonstrar-lhe os chorrilhos de asneiras convictas que ia lendo por cá. Mas depois desisti, que há tanto mais em que pensar. Então, sobre a superficialidade esquerdalha e suas patéticas atitudes, ficou só aquele postal: "O Corredor", minha memória de quando trabalhei na África do Sul. 30 anos depois o mundo mudou bastante. Mas não o esquerdalhismo, seus ademanes, trejeitos. E objectivos. Os quais são, como antes o foram, malévolos. Por mais roupagem garrida que traga.
No fundo, no fundo, a diferença é mais ou menos como olhar para este mural que encontrei patente na construção de um prédio de Bogotá: "Obrero Sexy". Que cada um interprete à sua maneira. De modo mais ou menos em voga...
(Também no Nenhures)