De Jorg a 07.10.2016 às 10:17
Philip Roth - cujas narrativas, de forma abreviada ou concisa, são como as imagens no aforismo de Michelangelo Antonioni:
"Noi sappiamo che sotto l'immagine rivelata ce n'è un'altra più fedele alla realtà, e sotto quest'altra un'altra ancora, e di nuovo un'altra sotto quest'ultima, fino alla vera immagine di quella realtà, assoluta, misteriosa che nessuno vedrà mai"
.. Mas ontem, acho que o "The Guardian" referia "odds" de 1/3 -1/4 para Haruki Murakami... :-(
Roth é um clássico candidato ao Nobel. Como antes dele foi Updike, que bem merecia ter sido galardoado.
A partir do momento em que a Academia Nobel, para premiar escritores, passou a cumprir quotas étnicas, geográficas, de religião e de sexo - e nem sei se já também de orientação sexual - tudo se tornou muito mais previsível e também muito mais desinteressante.
De Anónimo a 07.10.2016 às 13:00
Será realmente um clássico candidato? Dizem o mesmo de Murakami.
Somos nós a achar que são. Sendo assim também Bob Dylan é um clássico candidato. Há sempre um tolinho que o nomeia, mas entre serem nomeados e considerados vai uma diferença bem grande.
Roth escreveu sempre o mesmo livro, com os mesmos temas e ainda se deu ao luxo de fazer birras por não lhe darem o prémio.
Murakami e Roth são clássicos candidatos no sentido em que todos os anos surgem mencionados como possíveis vencedores. Não por mim.
De Anónimo a 07.10.2016 às 18:05
Nem por mim! Entre Murakami prefiro de longe Ryu.
De Anónimo a 14.10.2016 às 19:18
Tolinho?
Ahahah!
De JP a 07.10.2016 às 13:13
Se Murakami ou Carol Oates (14/1 segundo a Ladbrokes) forem os laureados, é a morte definitiva do Nobel para mim.
Este prémio começou de algum modo a perder interesse para mim no ano em que decidiram atribuí-lo a Toni Morrison para colmatar duas quotas simultâneas: quota de "género" e quota racial.
A literatura tem pouco ou nada a ver com isto. E a grande literatura, já ensinava o Gide, nunca se faz com boas intenções.
apelido que a maioria dos jornalistas televisivos em Portugal continua a pronunciar erradamente com acento no o, quase emudecendo o e da sílaba tónica em sueco
Lêem como se leria em português, à falta de saberem a pronúncia sueca. Não é natural que o façam?
Não conhecer a pronúncia sueca não é muito chocante, quase ninguém a conhece. Chocante, isso sim, é, em minha opinião, que não se conheça a pronúncia alemã e se diga, por exemplo "Mârcâl" referindo-se a Angela Merkel (que se lê Merrcâl", com o primeiro e perfeitamente aberto).
Não é nada natural que Nobel seja pronunciado de forma incorrecta. Aliás se fosse pronunciado à portuguesa, com acentuação natural na última sílaba, estaria correcto pois é assim mesmo que se diz.
Basta abrir a página Nobel na wikipédia para ficar a saber-se, em poucos segundos, qual é a forma correcta de pronunciar: vem logo na primeira linha.
https://en.wikipedia.org/wiki/Alfred_NobelMas opta-se reiteradamente pela forma incorrecta, excepto na RTP onde há a preocupação de respeitar nomes estrangeiros e pronunciá-los da forma certa. Lá não se ouve dizer Mârcâl", como se tornou moda na SIC (outro disparate que parece ter pegado como fogo em palha lá na redacção).
se fosse pronunciado à portuguesa, com acentuação natural na última sílaba
A acentuação natural das palavras em português é com o acento na PENúltima sílaba e não na última!
Então não é? Claro que sim. Por isso se diz FÁRnel, PÍNcel e BÁbel. E também DÉdal, ÂNzol e FÚnil.
De Anónimo a 07.10.2016 às 14:41
Nobel para ser pronunciado á portuguesa terá o acento na última (como dizia o Saramago). Se fosse palavra grave teria um acento no o uma vez que termina em l.
E o que dizer da pronuncia dos nomes russos, sendo que, ao contrário do sueco, a língua russa é conhecidíssima?
Não cumprem os mínimos. Ainda há dias, quando cá veio o Legia de Varsóvia jogar, com a tradutora polaca a pronunciar "Lé-guia" de forma bem audível, todos os jornalistas futebolísticos iam papagueando "Lé-gia".
Nada a ver.
De JP a 08.10.2016 às 17:46
Oh, e o eterno Xélsia, o Laiséster entre outros.
Não se interessam minimamente. Custa dizer "Txélsi" e "Léster"?
E há os que lêem o G sempre à inglesa, com o som 'dj'. Nas situações mais absurdas.
Volto ao exemplo do Legia de Varsóvia. Lê-se 'Léguia'. Pois aqui, nomeadamente na SIC, não faltou quem lesse 'Ledgia'. Vá lá saber-se porquê.
Fui à wikipedia ouvir a pronúncia sueca de Nobel, conforme recomendado pelo Pedro Correia mais acima. E a minha conclusão é que tanto em português como em sueco o acento é colocado na sílaba "bel". A diferença não está aí. A diferença está em que os portugueses pronunciam a sílaba "No" com o aberto, enquanto que os suecos pronunciam-na "Nô". Como os portugueses pronunciam o "No" aberto pode dar a ideia que essa é a sílaba tónica, mas não é - continua a ser o "bel". Em sueco, com o "Nô", torna-se muito mais claro que o acento está em "bel".
Já agora, se fosse uma palavra portuguesa ler-se-ia, evidentemente, "nubel". O "o" ler-se-ia "u", tal como, por exemplo, em "tonel".
Nobel não é uma palavra portuguesa. É um apelido sueco.
Pronuncia-se como deve pronunciar-se. Ponto final.
Nobel não é uma palavra portuguesa. Pronuncia-se como deve pronunciar-se.
Experimente ir explicar a um norte-americano que Soares é um apelido português e que se pronuncia como se deve pronunciar, e ele manda-o às malvas...
Ou experimente vir explicar que Wroclaw é uma cidade polaca e que se pronuncia "vrotsuav", e verá quem o ouve... Ou que outra cidade polaca se chama "crácuv" embora se escreva Kraków... Ou que o conhecido jogador polaco Blaszczikowski tem por apelido "buástchicovsqui"...
Prontos, ficamos a saber que Nobel se pronuncia "nôbel", o que até nem é difícil de aprender. Discussão encerrada (por mim).
Só agora encerrou? Já estava encerrado há muito tempo.
De Beatriz a 07.10.2016 às 12:43
Pedro, este prémio está (cada vez mais) tão politizado que, parece-me já nada ter a ver com mérito.
Mas, tomarei também a liberdade de adiantar possíveis vencedores:
Bem sei que não é um candidato consensual, mas muito me alegraria ver António Lobo Antunes receber o prémio.
Penso que, em poesia poderão optar por Adonis, tendo em conta a situação na Síria. Contudo, também pode ser um ponto negativo. Ko Un também deverá ser considerado na categoria de poesia. Mas terá passado tempo suficiente desde que o poeta Tranströmer venceu?
Ngugi Wa Thiong´o preenche a quota africana (e, de inglês passou a escrever em língua kikuyu); bem como Nuruddin Farah.
Se cá estivermos daqui a 50 anos saberemos quem foi realmente considerado.
Concordo consigo quanto a Oz, mas quanto a Roth nem pensar.
Se nem o próprio comité parece estar a chegar a consenso, que dizer de nós, meros mortais ;)
Oz seria sempre um dos meus três candidatos (quatro, contando com Kundera). Roth é ciclicamente mencionado, embora eu concorde com aqueles que não o colocam entre os maiores da literatura contemporânea.
De Anónimo a 07.10.2016 às 19:04
Pedro, sou absolutamente apaixonada por livros.
Mas já li por aqui nos comentários muitos nomes que me são desconhecidos e não publicados no nosso país. Já pesquisei e parecem-me nomes bastante sólidos.
Quiçá possa fazer uma rubrica sobre as maravilhas que não nos chegam, ao contrário de tanto lixo que nos chega quase imediatamente, pode ser que algumas editoras o ouçam :)
Julgo que só podemos pronunciar-nos sobre quem conhecemos. Podemos navegar mil vezes na Rede à procura de favoritos, mas isso não substitui o nosso juízo pessoal.
E foi isso que eu pedi aos leitores.
De JP a 08.10.2016 às 16:37
Mas podemos sempre tentar descobrir novos escritores. Não custa nada e até nos enriquece. O mundo editorial português é uma poça onde (quase) só entram os "conceituados" ou os best sellers.
Ver para além do nosso panorama só nos enriquece.
De JP a 08.10.2016 às 19:09
Plenamente de acordo.
É fundamental estabelecermos sólidos padrões de comparação. Para isso - ainda que só numa determinada fase - há que ler um pouco de tudo.
De Ana a 07.10.2016 às 13:11
Possíveis laureados?
A. L. Antunes, Kadaré, Fosse, Kundera
De uma coisa tenho certeza. Não será uma mulher.
Kadaré e Kundera seriam grandes e meritórios vencedores. Como foram Naipaul, Coetzee, Vargas Llosa e Alice Munro.
De Anónimo a 07.10.2016 às 14:43
Então e o Paulo Coelho e a Margarida Rebelo...?
De Anónimo a 07.10.2016 às 17:16
Estava a ver que se esqueciam do sr. arquitecto: falha imperdoável, eheheh.
:-) Antonieta
De Anónimo a 07.10.2016 às 21:52
Boa. E na poesia Quim Barreiros. Tem versos inolvidáveis.
Barreiros é ligeiramente superior a Sá Raiva. Há na sua arte poética uma dicotomia entre o naturalismo e o simbolismo que resulta de um processo natural de assimilação das formas de arte ditas tradicionais, transfigurando-as com o seu olhar inequivocamente original num activismo de expressão que julgo não despiciendo considerar como herdeiro da imagética pessoana no seu lirismo transubstancial.
Penso eu de que.
De Plinio a 07.10.2016 às 15:33
Em jeito de provocação Michel Houellebecq, ou Don Dellilo, embora o primeiro não me pareça por ser tão corrosivo e francês quando muitos franceses já venceram, e o segundo porque é americano e os americanos não tem vencido
Também pensei no Salman Rushdie, mas é politicamente incorrecto em demasia. Tal como Houellebecq, aliás.
De Anónimo a 07.10.2016 às 17:40
Mas essas razões não deveriam fazer qualquer diferença num prémio Literário, não é? Ou é novo demais ou velho demais, da mesma nacionalidade que o vencedor do ano anterior, etc etc.
É absurdo
Não deveriam mas fazem. No Nobel, aliás, fazem toda a diferença.
De Anónimo a 07.10.2016 às 15:42
Não faço a mínima ideia, nunca tenho palpites e sou sempre surpreendida, aliás gosto de ser surpreendida e descobrir um novo autor.
Mas posso dizer que ficaria muito feliz se o escolhido fosse um destes escritores:
- Rubem Fonseca
- Mia Couto
- Milan Kundera
- Ian McEwan
Se me lembrar de mais algum volto aqui.
:-) Antonieta
De Anónimo a 07.10.2016 às 16:46
Talvez, não sei, eu ainda só li um livro dela e o Nobel, ao contrário do Man Booker, premeia toda a obra literária de um autor.
Mas até que seria engraçado ser ela...
:-) Antonieta
De Anónimo a 07.10.2016 às 16:51
Bem, da Elsa Ferrante não li nada, li foi da Elena Ferrante - Crónicas do Mal de Amor.
:-) Antonieta
Sim, da Elena. A Elsa era a outra, a Triolet.
E a Elena afinal também não é Elena.
E havia a Helena de Tróia. Que não era Triolet.
De Anónimo a 07.10.2016 às 17:11
Lembrei-me do Amin Maalouf - gostei de todos os livros que li, e foram vários. Mas ele nem sequer está nas apostas, é só mesmo atirar barro à parede.
:-) Antonieta
De Anónimo a 07.10.2016 às 17:30
Pois, parece que não. E tudo por causa da quebra do sigilo bancário...
:-) Antonieta
O "sigilo", nos nossos dias, parece o Rossio à hora de ponta.
De Marta a 08.10.2016 às 17:05
O que fizeram com a suposta Senhora Ferrante é vergonhoso e abjecto. Foi uma devassa, até esmiúçaram os registos bancários (como?), foi ao notário investigar compras de propriedades. Um despropósito, um desrespeito profundo por uma pessoa que não quer ser conhecida nem reconhecida. Mas um "jornalista" acha-se na na autoridade. Enfim, é fazer nome com quem não o quer ter.
(Caso fosse o caso de um político corrupto não se afoitava assim.)
De Anónimo a 07.10.2016 às 16:49
Mia Couto pode ter as suas qualidades, mas gabarito de Nobel? Nem pensar.
Da língua portuguesa, Rubem Fonseca em primeiríssimo lugar.
De Mário a 07.10.2016 às 18:34
Acho que não pode ser o Rubem Fonseca. Li que o Brasil indicou ao Comité a Lygia Fagundes Telles. Gosto de ambos, mas ver o Rubem Fonseca ganhar seria qualquer coisa de extraordinário.
Gosto muito de Lygia Fagundes Telles, mas considero Rubem Fonseca superior.
De Anónimo a 07.10.2016 às 17:26
É mil vezes melhor que o Modiano, por exemplo.
Mas isto é a minha opinião, claro.
E o caro anónimo já leu algum livro do Mia Couto?
:-) Antonieta
O Nobel para Modiano só confirmou que os franceses ainda vão dominando este circuito. É um dos poucos que lhes restam.
De Anónimo a 07.10.2016 às 20:21
Claro. Não falo sem ler.
Faz bem. Procuro sempre fazer o mesmo.
De Anónimo a 08.10.2016 às 07:12
Óptimo, assim é que deve ser, mas o que não falta por aí é gente a dizer mal do que não leu.
E o Saramago, acha que mereceu ganhar ou também não tem gabarito?
:-) Antonieta
De Anónimo a 07.10.2016 às 17:09
McEwan?
Eu gosto muito de Teresa Veiga, mas não deixo que isso me cegue.
O Nobel implica qualidade superior, um patamar em que poucos estão e onde muitos jamais chegarão.
Claro que o gosto pessoal de cada um conta, conta nestas adivinhações que fazemos mas há que ser realistas.
De Anónimo a 08.10.2016 às 07:00
Confesso que estou a ficar baralhada com tanto anónimo: é o mesmo a quem respondi mais acima ou é a Clara que se identifica mais abaixo?
Talvez pudesse acrescentar x, y ou z, ou um *, sei lá.
Era bom saber se estou a responder à mesma pessoa, só isso, pouco me interessa o nome verdadeiro ou se é der, die ou das.
:-) Antonieta
De José a 08.10.2016 às 11:49
Estamos apresentados, Antonieta.
Fui eu que a interroguei sobre Couto e McEwan. E sim, Saramago merecia muito o prémio que lhe foi atribuído.
De Anónimo a 08.10.2016 às 13:33
Encantada, José!
E ainda bem que concordamos relativamente ao Saramago.
:-) Antonieta
De Carolina a 07.10.2016 às 17:15
Em boa verdade, a grande maioria dos meus escritores do coração não ganhou o prémio.
Se pensarmos que, por cada laureado perdem-se vários outros que por x ou y razão nunca o ganharão, apenas por "falta de sorte".
Aconteceu com Kazantzákis e Camus, o último ganhou por um voto.
Gostaria que Kundera finalmente tivesse o devido reconhecimento. Talvez Marsé.
Dos nossos: ALA (sei que não gosta) e quiçá Rui Nunes. Qualidade não lhes falta, mas será que servem para a "agenda" 2016?
E porque não um espanhol, de facto? O último foi Cela, há quase 30 anos.
Não faltam candidatos: Muñoz Molina, Rosa Montero, Javier Marías, Pérez Reverte...