A era dos extremos.
As esmagadoras vitórias de Donald Trump e Bernie Sanders no New Hampshire são um factor de preocupação para a corrida presidencial norte-americana e demonstram que neste conturbado séc. XXI corre-se cada vez mais o risco de os discursos extremistas sairem vencedores.
Sempre julguei que a campanha americana ia decidir-se entre Jeb Bush e Hillary Clinton e, neste cenário, apostava na vitória do primeiro. A razão foi uma impressão com que fiquei depois de uma visita a Washington no tempo da presidência de Bill Clinton, talvez o melhor presidente dos EUA de que tenho memória. Nessa altura assisti a uma manifestação em frente à Casa Branca que naturalmente julguei ser contra o Presidente. Mas não. Era contra Hillary Clinton, a Primeira-Dama. Perguntei os motivos da manifestação e os meus colegas americanos responderam-me: "Ela usa a posição de Primeira-Dama para se ingerir na política. Isso nunca aconteceu até agora e ninguém está disposto a aceitar que aconteça".
Desde essa altura que me convenci que Hillary Clinton tinha demasiados anti-corpos nos eleitores americanos para conseguir ganhar uma eleição. Não fiquei por isso nada espantado quando ela perdeu a nomeação para Barack Obama, um perfeito desconhecido na altura, e cuja mensagem era precisamente apenas "Hope". Pelos vistos vai também perder a nomeação para Bernie Sanders.
A dúvida, no entanto, é que, se vier a verificar-se um confronto Trump-Sanders, os americanos estão metidos num grande sarilho. Ver dois candidatos radicais a disputar o cargo mais poderoso do mundo, é um cenário digno dos nossos maiores pesadelos. Que mais nos poderá acontecer?