A coligação dos extremos.
Antes mesmo de saber da coligação que viria a ser formada na Grécia, já tinha aqui escrito que o apoio de Marine Le Pen a Alexis Tsipras demonstrava a facilidade com que os partidos extremistas se aliam se estiver em causa o combate ao seu inimigo comum que é o projecto europeu. Toda a gente aposta que Tsipras vai chegar a acordo com Merkel, achando que esta no máximo lhe vai dar alguns amendoins para o calar, o que Tsipras anunciará como uma vitória, salvando assim a face. Não creio que isso aconteça. Da mesma forma que Fidel Castro preferiu aguentar um embargo americano que só agora termina, e que foi desastroso para Cuba, a ceder um milímetro que fosse aos Estados Unidos, Tsipras preferirá a catástrofe à continuação da humilhação da Grécia. E neste aspecto a escolha dos Gregos Independentes (ANEL) como parceiro de coligação, um partido de extrema-direita nacionalista e xenófobo, em lugar dos partidos de esquerda moderada, é elucidativa. No combate à troika e à própria União Europeia, quando o SYRIZA disser "mata", o ANEL dirá "esfola". As revoluções precisam de inimigos e o ódio que esta política europeia atiçou na Grécia é demasiado elevado para que se pense que vai tudo acabar em bem. Oxalá me engane.