A cereja no topo do bolo
Começa a ser irrelevante, tal é a sucessão de casos, saber o que o primeiro-ministro pensa sobre o que aconteceu no Parlamento com a aprovação do referendo sobre a co-adopção ou sobre mais este rocambolesco episódio da venturosa carreira política e empresarial do secretário Branquinho, verdadeira cereja a coroar uma carreira de "sucesso". Desconheço se teremos mais uma remodelação à vista, mas a forma como tudo isto é feito e se processa aos olhos dos portugueses, com actuações que são exactamente o oposto do discurso proclamado, revela modelos de acção política e ética tão rascas e tão deprimentes em quem exerce funções de representação que é de espantar como dentro da maioria ainda apareça quem revele um módico de bom senso e se demita da vice-presidência da bancada parlamentar na sequência de mais um momento de desvario da sua gente.
Com ainda um ano e meio pela frente, a negociação de um segundo resgate, programa cautelar ou o que lhe quiserem chamar para ajustar com a troika, eleições europeias e uma oposição em estado catatónico, a sucessão de casos não garante nada de bom quanto ao futuro. O dr. Portas bem pode jurar a pés juntos e com as mãos em prece a boa saúde da coligação, mas sem o José Cardoso Pires para esclarecê-lo, aquilo que se constata é que os rabos de fora são tantos que já não se sabe se há gatos para todos ou se serão sempre os mesmos que correm descontrolados de um lado para outro.