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Delito de Opinião

A censura populista ao blog "Do Portugal Profundo"

jpt, 12.01.20

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Corre a notícia de que as ligações ao blog "Do Portugal Profundo" estão proibidas no Facebook, tal como é vedado citá-lo. Surpreso, ainda que não espantado, fui confirmar. Confere, a minha tentativa de partilhar uma ligação ao seu último postal (que denuncia a censura de que é alvo nesta rede social) foi negada, e fui informado de que o referido blog "viola os princípios da comunidade".

Estas coisas são simples, e sabe-se a metodologia (o processo geral já foi publicada em jornais portugueses, e decerto que é esse o que agora acontece): o blog é vetado no FB devido a denúncias várias às quais se segue uma série de tarefeiros que decide "na hora" se deve ou não vedar acesso ou apagar conteúdos. Há recurso, para "superiores hierárquicos" que mantêm ou não a decisão. Ou seja, e para além do falível funcionamento da empresa - a notícia que li há tempos falava de impreparação dos jovens funcionários temporários e da extrema rapidez exigida aos processos - surge aqui um perverso sistema de censura rizomática, uma espécie de "delação premiada": se um conjunto de pessoas denunciarem um conteúdo porque os "ofende" este é retirado.

Ou seja, se alguém escrever que o Benfica é beneficiado pela arbitragem (19 000 "gostos"-FB no postal de ontem no nosso És a Nossa Fé que isso afirma) um conjunto alargado de membros das claques internéticas benfiquistas pode denunciar o conteúdo: bastará apanhar um jovem tarefeiro inseguro (ou benfiquista) para que as ligações (e citações) sejam retiradas das partilhas no FB.

É óbvio o que aconteceu: António Balbino Caldeira escreveu um texto avesso à exploração política que o populismo racialista (LIVRE/BE) está a fazer do horrível assassinato (não é uma redundância) do estudante cabo-verdiano Giovani Rodrigues, acontecido em Bragança. Concorde-se ou não com a sua argumentação, os termos em que ela é apresentada são - em texto e em putativo sub-texto - eticamente (os tais "princípios da comunidade", por fluidos que sejam) inatacáveis. São até - mas essa é a minha opinião - muito certeiros, por desagradáveis que possam ser aos populistas (facilitadores) das aparentes "boas causas".

Não sou leitor habitual de Balbino Caldeira. Mas claro que o li, veterano e célebre bloguista que é. Convirá lembrar os candidatos e os efectivos delatores, que o bloguista batalhou contra José Sócrates dizendo muito do que agora qualquer cidadão pode saber. Que foi processado pelo famigerado então primeiro-ministro e foi inocentado. E que isso lhe dá mais crédito como cidadão - ainda que não o iniba de cometer erros e de convocar discordâncias - do que os "intelectuais orgânicos" deste movimento populista racialista, então apoiantes dessa cleptocracia socialista. Gente comentadora televisiva, colunista de "jornais de referência", até deputada, e ombreadores do bloguismo remunerado anónimo de contra-informação (fake news avant la lettre). A esses funcionários públicos, ou avençados do Estado, apoiantes dos desmandos na banca pública, do combate à liberdade de imprensa, de afronta à separação dos poderes, do nepotismo e vera criminalização do Estado, e até académicos adeptos da efectiva falsificação de títulos universitários, ninguém persegue com o recurso a estas manobras da tal censura rizomática. Por demagogos que surjam, abjectos falsificadores do real. E essa diferença permite bem perceber onde estão os democratas.

Já para Balbino Caldeira, porque é de uma "direita profunda", como tantos destes "intelectuais orgânicos" são de uma "esquerda profunda" (que nunca, para eles, "extrema"), se organiza (eles organizam, sem rebuço) a censura.

Enfim, ao ser confrontado com a impossibilidade de partilhar no Facebook uma ligação ao "Do Portugal Profundo" deixei esta mensagem ao sistema daquela empresa: "Nada há nos postais do veterano blog Do Portugal Profundo, o qual, como bloguista que sou, leio há cerca de 15 anos, que seja considerável como calúnia ou violentador do espírito de cidadania. As ideias que o autor do blog defende são absolutamente legítimas, concordemos ou não com elas. A proibição da sua divulgação no Facebook é um acto inaceitável. E muito duvido que seja legítimo."

Agora venham-me dizer que eu sou racista.

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