A candidatura de António José Seguro.
Luís Menezes Leitão, 04.06.25
Sempre achei que António José Seguro era uma das pessoas mais injustiçadas da política portuguesa. Pegou no PS depois de José Sócrates ter deixado em cacos esse partido, bem como ao próprio país, e foi fazendo o seu caminho, com uma oposição responsável ao governo de Passos Coelho, que levou o PS a ganhar as eleições europeias.
Foi, porém, logo a seguir injustamente derrubado numa conspiração liderada pela dupla Sócrates-Costa, com o objectivo de colocar Sócrates em Belém e Costa em São Bento. Erradamente Seguro aceitou o desafio de convocar umas primárias, que se revelaram terreno minado para ele, conduzindo Costa à liderança do partido. Mas, quando Costa se preparava para anunciar o apoio a José Sócrates, este foi detido, e Costa imediatamente o abandonou. Costa acabaria por perder as eleições, mas isso não o impediu de formar governo com o apoio da extrema-esquerda, para o que transformou o próprio PS num partido de extrema-esquerda. Costa, apesar de ter ganho a seguir duas eleições, graças à inépcia da oposição de Rui Rio, acabaria por se mudar para um exílio dourado em Bruxelas, com o apoio de Montenegro, mais uma vez deixando o PS em cacos.
Por isso, a única atitude correcta que o novo PS de José Luís Carneiro pode adoptar é manifestar apoio a António José Seguro, corrigindo a injustiça histórica que lhe foi praticada. Se quiser apostar antes em figuras ligadas aos tempos de Sócrates e de Costa, como Augusto Santos Silva, ou em líricos como Sampaio da Nóvoa, arrisca-se a ter o mesmo destino do Bloco de Esquerda.