A caminho do 26J (X) – Análise preliminar dos resultados finais
Feito o escrutínio dos votos expressos em urna, o debate sobre a fiabilidade das sondagens voltará a estar na ordem do dia. O falhanço das previsões não foi total, mas quase. Ainda que interessante, deixemos essa discussão de lado e olhemos para os resultados finais.
O Partido Popular volta a ganhar as eleições e nisso as sondagens acertaram. O que não foram capazes de prever foi a dimensão da vitória: o PP reforça o seu grupo parlamentar com mais 14 deputados. E, em relação ao último acto eleitoral, obtém aproximadamente mais 600 mil votos. Todos os partidos criticavam o PP e todos pediam a demissão de Mariano Rajoy. Mas o PP cresce em votos e em mandatos. Quem almejava a demissão de Mariano Rajoy e sonhava com uma geringonça con salero tem agora a vida muito mais complicada.
O PSOE sobrevive ao evitar o sorpaso. Os socialistas mantêm-se no lugar de segunda força política mais votada, o que lhes permite superar as expectativas criadas por todas as sondagens. Porém, o PSOE perde 5 deputados e cerca de 156 mil votos. Como o Pedro Correia aqui comentou, na actual composição do parlamento, a diferença entre o PP e o PSOE é de 33 deputados. Essa diferença passa agora a 52. Se tivermos presente que nas últimas eleições, em Dezembro, o PSOE teve o pior resultado desde 1977, os números saídos destas eleições são dramáticos. Depois de contados os votos, a única vitória do PSOE é manter-se como líder da esquerda. O que é manifestamente pouco.
Se o PSOE vence as expectativas, o Unidos Podemos foi vítima delas. O cabeça de lista Pablo Iglesias admitiu que os resultados não são satisfatórios. Acrescentou que pretende privilegiar o diálogo entre as forças políticas progressistas – um diálogo que dinamitou quase diariamente ao longo dos últimos seis meses. Por último, Iglesias disse ter enviado um sms a Pedro Sánchez. Mas não obteve resposta. A união do Podemos com a Izquierda Unida não acrescentou nada: 71 mandatos, a mera soma dos deputados que estas duas forças políticas já tinham. A campanha do Unidos Podemos teve como mote "la sonrisa de un país". No entanto, Pablo Iglesias não sorriu quando falou esta noite ao país.
O Ciudadanos perde 8 mandatos, vendo o seu grupo parlamentar reduzir-se de 40 para 32 deputados. O apelo do PP ao voto útil terá funcionado, o que prejudicou o Ciudadanos de Albert Rivera. Este partido não foi determinante nos últimos seis meses e continuará a não sê-lo. Há uns tempos, um bom amigo disse-me que o Ciudadanos é o PRD espanhol. Talvez tenha razão.