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Delito de Opinião

A caminho do 26J (final) - breve relatório de contas

Diogo Noivo, 27.06.16

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Os blogues não têm que dar notícias. Não estão vinculados a códigos deontológicos. Abreviando, os blogues não são órgãos de comunicação social no sentido estrito do conceito. No entanto, com a série A caminho do 26J, o Delito de Opinião (DO),  ainda que inadvertidamente, acabou por competir com a comunicação social portuguesa.

 

O DO chegou primeiro à notícia sobre a coligação entre Podemos e Izquierda Unida, quando esta era ainda um simples pré-acordo sem designação oficial. Estávamos a 10 de Maio e não tinha ainda iniciado esta série. Escrevi que, em política, dois mais dois não são quatro e expliquei as minhas dúvidas sobre à eficácia eleitoral desta coligação. Mais tarde, quando a união da extrema-esquerda se oficializou, regressei às minhas dúvidas e analisei as hesitações e os problemas existentes no seio do Podemos e da Izquierda Unida, sem nunca esquecer as sondagens que iam marcando o debate político. Naquele momento, dominava a ideia segundo a qual esta coligação fidelizava votos e tinha potencial de crescimento – uma ideia que, de acordo com os responsáveis das empresas de sondagens, esteve na base dos erros de previsão. Tive as minhas dúvidas e não me enganei: a coligação limitou-se a somar os deputados das duas forças políticas que a compõem, e perdeu mais de 1 milhão de votos. Portanto, a união não acrescentou nada, sendo incapaz de alcançar o sorpaso previsto em todas as sondagens. Ainda no que respeita à extrema-esquerda, o DO foi, salvo o erro, o primeiro em Portugal a comentar o novo e encantador amor de Pablo Iglesias pela social-democracia.

 

Em matéria de sondagens, o DO publicou os resultados do CIS antes da generalidade da imprensa portuguesa. Era a última de muitas sondagens a garantir um PSOE ultrapassado pela esquerda. A obliteração dos socialistas às mãos do Unidos Podemos estava então praticamente garantida. Ainda assim, os números foram comentados com a prudência que todas as sondagens recomendam.

 

Aqui no DO comentámos o debate televisivo entre os quatro principais candidatos e, pelo que pude perceber, fizemo-lo antes de qualquer jornal ou televisão portugueses. Com base nessas e noutras declarações partidárias, fizemos um mapa de alianças, uma breve geometria de possíveis pactos de governo. O resultado das eleições alterou seriamente as relações de força entre os partidos, mas a avaliar pelas declarações pós-eleitorais do PSOE, o mapa que aqui apresentámos continua a fazer algum sentido.

 

Na noite eleitoral, apresentámos as sondagens à boca de urna praticamente em simultâneo com a imprensa portuguesa e, com base na cronologia feita pelo Pedro Correia, assinalámos o fracasso das sondagens antes da generalidade das televisões. Aliás, pela leitura que fui fazendo dos jornais online, os seguidores do DO foram os primeiros a ler um comentário à admissão de derrota feita por Iñigo Errejón, número dois do Podemos.

 

Espanha é o único país com o qual Portugal tem fronteira. É o principal destino das nossas exportações e a principal origem das nossas importações. Desconfiamos dos ventos que de lá vêm, mas a verdade é que Espanha está longe de ser irrelevante para Portugal. No DO fez-se o que se pôde para manter os nossos leitores actualizados sobre as eleições legislativas do passado domingo, a primeira vez na História da democracia espanhola em que o país foi forçado a repetir um acto eleitoral. Espero que este A caminho do 26J tenha sido útil. 

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