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Delito de Opinião

A boa-aventurança

Rui Rocha, 18.01.15

Bom dia, senhor Terrorista. Espero que esteja tudo bem consigo, senhor Terrorista. Se me permite, senhor Terrorista, apresento-me. Sou agente das forças especiais francesas e estou aqui para o prender, senhor Terrorista. Mas não se enerve, senhor Terrorista. Estou certo que o senhor Terrorista tem imensas atenuantes que justificam ou até legitimam o incómodo que provocou aos caricaturistas do Charlie que acabou de despachar. Assim sendo, senhor Terrorista, não se importaria, gentilmente, de me entregar a sua arma? Ai, senhor Terrorista, que palavras tão feias que acabou de dizer. Ai, senhor Terrorista, não dispare assim a Kalashnikov que ainda acaba por me acertar. Olhe, ó senhor Terrorista, fazemos assim: eu tenho mesmo de disparar, mas vou fazer mira para a janela e o senhor Terrorista põe-se do lado da porta para eu não o atingir. E o senhor Terrorista pode continuar a disparar contra mim sem se magoar. Está bem, senhor Terrorista?

 

Ou, dito de outro modo, a desejável intervenção policial, segundo São Boaventura:

A resposta francesa ao ataque mostra que a normalidade constitucional democrática está suspensa e que um estado de sítio não declarado está em vigor, que os criminosos deste tipo, em vez de presos e julgados, devem ser abatidos, que este facto não representa aparentemente nenhuma contradição com os valores ocidentais

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