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Delito de Opinião

A benfiquização do PSD

Pedro Correia, 01.02.18

 

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  Luís Filipe Vieira com Fernando Seara

 

Se há matéria em que tenho genuína esperança de alteração de procedimentos no PSD, com a chegada de Rui Rio à liderança, é na relação entre o partido e o futebol. No seu mandato de 12 anos à frente da Câmara Municipal do Porto, Rio fez frente com sucesso aos poderes fácticos do mundo da bola que contaminam os circuitos políticos e transformaram vários dos seus antecessores numa espécie de valetes do FC Porto.

Em Lisboa, o novo presidente social-democrata deverá acautelar-se sobretudo com a tendência para uma inaceitável promiscuidade entre o PSD e o Benfica, fenómeno que ficou bem patente - com manifesto inêxito - nas recentes eleições autárquicas.

 

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 Luís Filipe Vieira e André Ventura

 

Numa tentativa quase desesperada de recuperação da popularidade pela via mais fácil e demagógica, o partido apostou em várias figuras ligadas ao reduto encarnado. Desde logo, candidatando à presidência da Câmara de Lisboa Teresa Leal Coelho, que foi administradora da sociedade anónima desportiva do Benfica no deplorável consulado de Vale e Azevedo.

O PSD apostou também, para a Câmara de Odivelas, em Fernando Seara, que durante anos representou o clube da águia em programas de debate na RTP e na TVI 24, além de ter sido frustrado candidato à presidência da Liga de Clubes.

Para a Câmara de Loures, não encontrou melhor do que André Ventura, um jurista que transitou da direcção de campanha de Luís Filipe Vieira à reeleição no Benfica para o painel de comentadores futebolísticos da CMTV, disparando impropérios contra sportinguistas e portistas com a mesma desenvoltura que o levou a estigmatizar a população cigana deste concelho.

Em Oeiras, designou como seu candidato  Paulo Vistas, ex-braço direito de Isaltino Morais, que em plena campanha eleitoral utilizou desbragadamente o "trunfo" benfiquista numa tentativa infrutífera de caçar votos, ao apresentar um projecto de uma putativa Cidade Desportiva das Modalidades em parceria com o presidente encarnado, Luís Filipe Vieira.

 

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Paulo Vistas com Luís Filipe Vieira

 

Quatro candidatos pelo distrito de Lisboa, quatro pessoas ligadas ao Sport Lisboa e Benfica, quatro casos de estrondoso fracasso nas urnas.

Espero que o sucessor de Passos Coelho ponha cobro a isto. Pelo menos tão má como a futebolização da política, é a benfiquização dos partidos - neste caso do PSD, o que aliás lhe retira toda a autoridade moral para criticar o ministro das Finanças por se instalar de borla na tribuna presidencial do Estádio da Luz, em possível colisão com o código de conduta aprovado pelo próprio Governo.

Se Rui Rio inverter esta tendência, irá na direcção correcta. Mesmo que possa irritar alguns dos seus conselheiros, que encaram o futebol como uma espécie de prolongamento da política. Basta aplicar em Lisboa - e no País - o mesmo distanciamento salutar que pôs em prática no Porto.

2 comentários

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    Pedro Correia 01.02.2018

    Péssima, esta promiscuidade entre bola e política.
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