A beleza da pele
Há uns tempos, um cartoon na New Yorker mostrava um indivíduo sendo exibido ao estilo daquelas feiras antigas que tinham como atracções principais animais exóticos, mulheres barbudas e homens deformados. Um cartaz junto dele anunciava: «Veja o extraordinário homem sem tatuagens!»
As modas têm destas coisas. Transformam-se facilmente num exagero, depois numa praga, mais tarde num embaraço. No que me diz respeito, como em quase tudo, a minha rejeição surge com o excesso. Não tanto com o excesso de pessoas tatuadas (embora também um pouco; rebanhos confundem-me) mas com o excesso de área tatuada. É simples de explicar: gosto de pele. Branca, preta, castanha, cor-de-rosa; lisa, enrugada, arrepiada, gretada; uniforme, pontilhada por sardas ou sinais, mapeada com veias e artérias. Detesto tatuagens quando escondem a pele. Até gosto de tatuagens quando realçam a pele.
P.S.: O grau de anonimato será o mesmo mas decidi abandonar o 'jaa' e passar a assinar os textos com o meu nome - que sempre esteve no perfil. Evidentemente, vê-lo no ecrã pode ser tão embaraçoso que eu acabe por mudar de ideias ('jaa' dá-me uma certa distância em relação a algumas baboseiras que escrevo). Mas logo se verá.