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Delito de Opinião

A beleza da pele

José António Abreu, 25.07.14

Há uns tempos, um cartoon na New Yorker mostrava um indivíduo sendo exibido ao estilo daquelas feiras antigas que tinham como atracções principais animais exóticos, mulheres barbudas e homens deformados. Um cartaz junto dele anunciava: «Veja o extraordinário homem sem tatuagens!»

As modas têm destas coisas. Transformam-se facilmente num exagero, depois numa praga, mais tarde num embaraço. No que me diz respeito, como em quase tudo, a minha rejeição surge com o excesso. Não tanto com o excesso de pessoas tatuadas (embora também um pouco; rebanhos confundem-me) mas com o excesso de área tatuada. É simples de explicar: gosto de pele. Branca, preta, castanha, cor-de-rosa; lisa, enrugada, arrepiada, gretada; uniforme, pontilhada por sardas ou sinais, mapeada com veias e artérias. Detesto tatuagens quando escondem a pele. Até gosto de tatuagens quando realçam a pele.

 

 

P.S.: O grau de anonimato será o mesmo mas decidi abandonar o 'jaa' e passar a assinar os textos com o meu nome - que sempre esteve no perfil. Evidentemente, vê-lo no ecrã pode ser tão embaraçoso que eu acabe por mudar de ideias ('jaa' dá-me uma certa distância em relação a algumas baboseiras que escrevo). Mas logo se verá.

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