Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

À atenção do Diácono Remédios

Pedro Correia, 05.03.21

22029059_V11JO.jpeg

 

A jornalista Liliana Valente assinou, no Expresso da semana passada, a melhor reportagem que já li sobre a angústia e até o pânico que a pandemia provocou nos bastidores do Governo. Contou, para o efeito, com a colaboração de vários membros do Executivo naquilo que deve ter sido um laborioso e paciente exercício de jornalismo desdobrado por vários meses.

Merece ser felicitada por este trabalho, sob o título "Um ano a governar em aflição", inserido em quatro páginas do caderno principal. Pode haver quem imagine ser fácil, mas garanto que não é. 

 

Esta reportagem suscita reflexões de diverso tipo. Desde logo porque, entre os depoimentos recolhidos, há quem assuma a existência no Governo de uma "ala mais sanitarista", composta até por "hipocondríacos que não deviam estar ao leme" em situação de pandemia. Isto estimula a curiosidade dos leitores: quem serão os membros desta ala?

Mas o depoimento mais interessante - e, este sim, identificado - surge da boca de Tiago Antunes, secretário de Estado adjunto de António Costa, que a dado momento declara o seguinte: "Muitas vezes foi preciso assustar as pessoas e explicar que as coisas estavam piores do que se imaginava, muitas vezes foi preciso antecipar a opinião pública e influir na psicologia colectiva."

 

Destaco as expressões "assustar as pessoas" e "influir na psicologia colectiva". Sugerindo evidente manipulação da opinião pública.

Apetece-me perguntar ao Diácono Remédios, que na sua recente carta aberta no Público veio em socorro do Governo Costa e a vergastar os jornalistas que ousam perturbar o sossego de Suas Excelências, se não vai escrever outra cartinha, agora a propósito deste assunto. Fico a aguardar.

28 comentários

Comentar post