A AR recomenda não reconhecer as eleições moçambicanas
jpt, 10.01.25
Após centenas de mortos a Assembleia da República portuguesa desperta do torpor "lusófono" e recomenda ao nosso governo que não reconheça os resultados eleitorais em Moçambique, assim se recusando a legitimá-los internacionalmente. A minha vénia à IL (da qual - aviso - tenho sido eleitor, mas resmungão contestatário), proponente desta proposta. E em particular ao seu deputado Rodrigo Saraiva, que bem e muito tem abordado este assunto.
A (surpreeendente) aprovação desta proposta só terá sido possível devido ao despautério a que chegou o poder de Maputo. Ainda assim é interessante - para nós, portugueses - analisarmos a votação. A proposta foi rejeitada pelo PCP, algo normal dada a sua consabida mumificação. Foi aprovada pela heterodoxa soma dos partidos fora do "arco do poder": BE, CHEGA, IL, LIVRE, PAN.
E há também as surpreendentes abstenções dos três partidos desse tal "arco". Ora sendo este um assunto relevantíssimo da nossa política internacional (até mesmo sob o ponto de vista constitucional), é imensamente excêntrico que estes três partidos se abstenham. É caso para perguntar "então o que é que estão lá a fazer?"...
Para perceber estas abstenções partidárias em assunto de tal monta é preciso recorrer à ciência política anglófona e à sua parafernália conceptual. E fazer actuar o axioma teórico: "When the shit hits the fan...". Pois o PS atrapalha-se com esta oposição ao Frelimo, não tanto devido às solidariedades entre a "Internacional Socialista" mas (muito) mais dadas as perenes associações privadas entre as respectivas elites partidárias. E - pelos vistos - também a agora empertigada rapaziada do PSD se atrapalha. Já a mudez advinda do cenotáfio do CDS não surpreende. Pois nem fedor de lá sai...