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Delito de Opinião

A água e o capote

João Campos, 22.09.14

Quando foi inaugurada a rotunda dupla (ou a inceptunda) do Marquês, houve uma imagem passada em directo televisivo que me ficou na memória: a de António Costa, tão hábil na arte de dizer nada como na de sacudir a água do capote, a chutar para a bancada - leia-se: para o melhor bode expiatório que tinha à mão - a pergunta de um cidadão a propósito das sarjetas, ou da falta delas, e de como se faria o escoamento de água caso chovesse em força. Costa, entenda-se, tem mais que fazer hoje em dia (afinal, "muita gente" até votou nele nas autárquicas para lhe dar "força para assumir outras responsabilidades"); e convenhamos, até para falar do tempo é necessário um mínimo de pensamento, algo que se lhe desconhece de todo. Mas não há motivos para alarme: o seu executivo camarário traz na ponta da língua as lições do mestre na arte do passar por entre as pingas da chuva. Como o Público confirma

 

O vereador da Protecção Civil da Câmara de Lisboa acusou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) de não ter previsto tanta chuva, acrescentando que a cidade se teve de preparar “à última da hora”. 

 

“Houve uma grande precipitação. As informações que nós tínhamos do IPMA não iam nesse sentido, portanto a cidade teve de se prevenir à última da hora, uma vez que não tinha sido lançado aviso laranja para o distrito de Lisboa”, disse Carlos Castro que falava aos jornalistas numa conferência de imprensa convocada devido ao mau tempo.

 

A coisa seria cómica se não fosse trágica. Ou se Lisboa não ficasse inundada pelo menos uma vez por ano, sem que os (ir)responsáveis camarários (estes e os anteriores) movessem uma palha para tentar encontrar soluções para um dos mais previsíveis problemas que a cidade enfrenta a cada Outono ou Inverno - e a culpa é do IPMA, que até previu chuva mas que não previu tanta chuva, obrigando "a cidade" a fazer "à última da hora" aquilo que todos sabemos que de qualquer maneira não teria feito - e que continuará sem fazer agora (até porque outras responsabilidades se alevantam). Se o descaramento pagasse imposto...

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