Um dia destes, o meu amigo Edmund referiu, muito sabiamente, que criamos muros ou barreiras emocionais como escudo contra as investidas da vida, muros esses que de algum modo também nos impedem de ver o mundo à nossa volta com clareza, deixando-nos emparedados e isolados de tudo o que nos rodeia. É por isso que, neste emparedamento a que nos votamos, seja forçoso haver portas.
Portas que se abrem, portas que se fecham, portas de entrada, portas de saída.
Portas… o meu malogrado Facebuddie, com quem alegremente debatia sobre duas grandes paixões, que ambos partilhávamos: Banda Desenhada e Filmes. Apesar de não cerrarmos fileiras pelos mesmos estandartes, ele sabia ouvir e era exímio em explicar. Fica a saudade.
Portas… The Doors of Perception, do Aldous Huxley… bom livro, meio estranho, onde para mais facilmente se poder atingir um nível de conhecimento superior é necessário haver um agente exterior que nos eleve o espírito para outra dimensão. À falta de mescalina ou payote, comprei meia dúzia de pacotes de batatas fritas com tempero especial… a ver se chego lá.
Portas… a da 5ª Dimensão, onde tudo é irreal, surreal, e ao mesmo tempo tão real, que é difícil realizar se será realmente a realidade.
Portas… expressões do dia a dia: estúpido que nem uma porta, surdo como uma porta, portas meias, bater com a porta, dar com o nariz na porta, quando Deus fecha uma porta abre sempre uma janela.
Portas… Ex-ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros… também a conselho do meu amigo Edmund, eu deveria ser mais polémica nos meus escritos – porque isto de se tentar ser politicamente correcto deixa as postagens um bocado chove-não-molha, por isso introduzir aqui o outro Portas penso que trará polémica qb, nunca deixando cair o tema principal. As portas que se fecharam na Moderna, as empenadas e com ferrugem, nos Tridentes, e outras mais que estarão perras e arqueadas nos Pandur. Se aqui não houver assaz polémica, daquela que é como o vinho do Porto, quanto mais velha melhor, vou ali e já venho.
Portas… Os Doors… as portas abertas ao som sublime, aos poemas transcendentais, ao lado de lá… A porta é já ali, break on thru to the other side… Vou decididamente necessitar mais das tais batatas fritas.
Portas… As portas do 1, 2 3, qual é a porta que escolhe? Escolher sabiamente abre de imediato a porta da fama, onde chovem purpurinas e soa um clamor de vitória acompanhado pelo ruido de consecutivas salvas de palmas… são os tais 15 minutos no topo do mundo. Provavelmente já ninguém se lembra do 1,2,3, da bota Botilde e das portas da sorte, onde brilhava o Sr. Televisão. Foi uma porta que se fechou.