Presidenciáveis (54)
António Capucho
Já ambicionou ser presidente da Assembleia da República. Na altura - corria o mês de Junho de 2011 - Pedro Passos Coelho trocou-lhe as voltas, preferindo Fernando Nobre para tal função, que acabaria afinal por ser confiada à inconfundível Assunção Esteves.
Foi um "inconseguimento frustracional", como diria a própria Assunção. António Capucho não perdoou a Passos esta desfeita. A partir daí ultrapassou a oposição nas críticas ao Governo liderado pelo partido que ele ajudou a fundar em 1974 e onde detinha um dos mais vistosos currículos. Foi secretário-geral nos tempos pioneiros de Sá Carneiro, vice-presidente social-democrata, ministro, líder parlamentar, eurodeputado, conselheiro de Estado, autarca no feudo laranja de Cascais.
Ao trocá-lo por Nobre, Passos comprou uma guerra inútil. E arranjou um inimigo: Capucho tornou-se demolidor na contestação ao executivo PSD-CDS, chegando a apelar publicamente ao Chefe do Estado para dissolver o Parlamento em Julho de 2013 - com o País ainda sob intervenção externa, sem acesso aos mercados financeiros e ameaçado por taxas de juro proibitivas. Na altura percorreu os canais televisivos a defender tal tese, à qual Cavaco Silva fez orelhas moucas.
Concorreu às autárquicas desse ano em Sintra, como candidato à Assembleia Municipal, numa lista independente que se opunha à do PSD. E nas europeias de 2014 apelou ao voto no PS de António José Seguro, transmitindo a sensação de andar com o passo trocado. Marchando em qualquer direcção, desde que fosse contra Passos.
Este capricorniano de 70 anos acabou por ser expulso do PSD - sancionado em função dos estatutos aprovados no tempo em que era secretário-geral.
Permanece desde então à espera de uma vaga de fundo que o recupere para a política. Não faz segredo: nada lhe agradaria tanto como uma corrida presidencial. "Tenho perfil para o lugar de Presidente da República", assegura com a singular imodéstia que sempre o notabilizou.
Prós - Foi um dos raros ministros portugueses que já ocuparam a mais cobiçada das pastas governamentais: a da Qualidade de Vida. É o candidato ideal para captar votos ao centro: ninguém faz hoje a menor ideia se ele é de esquerda ou de direita. António é o nome mais comum dos Presidentes portugueses. Já houve cinco: António José de Almeida, António Óscar de Fragoso Carmona, António Sebastião Ribeiro de Spínola, António dos Santos Ramalho Eanes e Aníbal António Cavaco Silva.
Contras - O precário estado de saúde que em Janeiro de 2011 o levou a renunciar, por esse motivo expresso, à presidência da Câmara de Cascais. Diz-se ainda social-democrata mas qualquer socialista lhe serve: votou "em consciência e em coerência" no PS de Seguro e prepara-se para votar no PS de Costa, de quem tem "boa impressão enquanto político e enquanto pessoa". Já quis ser presidente da Cruz Vermelha, algo que afugentaria o voto dos mais fervorosos laicistas.