20 anos
Sem este génio da música e do espectáculo. Faz falta.
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Sem este génio da música e do espectáculo. Faz falta.
"Your work is going to fill a large part of your life, and the only way to be truly satisfied is to... love what you do. Your time is limited. Don't waste it living someone else's life".
Steve Jobs
Há três categorias de homens:
os que contam a sua história,
os que não a contam,
e os que não a têm
(Max Aub)
O Zé Pedro tinha uma história. Uma história espantosa, quase inacreditável. E contou-a. Num livro que, espero, venha a ser publicado em breve.
Já nem é essa cena (já escrevo como se fala no secundário) do vazio que fica quando morre um homem que deixou obra; é mais por causa desse cancro que é a desmemória, doença dos media comuns que passou também para a blogosfera. Isto por causa da morte de tatic, que quer dizer padre em tzotzil, Samuel Ruiz, o bispo dos direitos indígenas de Chiapas. Quando todos vestiram as suas fardas e pegaram nas suas armas, ele vestiu a sua, a batina, e usou como ninguém a palavra. Quando todos as despiram, ele nem tirou a sua nem deixou de falar. Porque as causas, quando são a sério, não uma moda, sobrevivem ao anonimato e vão até ao fim. Nos anos ainda do PRI, e do dedazo, foi um dos que mais e melhor apontaram a dedo, no México, os barões da ditadura perfeita e da segregação. Pelo menos aqui, no DO, fica lembrado.
Rosa Lobato de Faria
(20 de Abril de 1932 - 2 de Fevereiro de 2010)
Menos um espírito livre neste país, que tanto precisa deles.
Diz-se que é sempre cedo de mais para se morrer. Mas, por vezes, acontece que a frase não é apenas uma frase feita. Aconteceu hoje, com Lhasa, uma cantora de 37 anos com uma carreira promissora (e uma vida, certamente) pela frente. Um talento natural para a música, felizmente gravado em 3 álbuns que poderemos ouvir sempre. Muitos outros se lhes seguiriam, tenho a certeza.
Edward M. Kennedy morreu hoje, com 77 anos. O mais novo de nove irmãos era senador pelo Estado de Massachusetts e irmão de John F. Kennedy, o presidente assassinado em 1963, e de Robert Kennedy, assassinado em 1968 durante a campanha para a Presidência dos EUA.
Jurista e último patriarca de uma família (tantas vezes designada como clã ou dinastia Kennedy) reconhecidamente dedicada à política e às causas públicas, Edward Kennedy era senador democrata e fez da Saúde e da Educação as suas grandes causas, destacando-se pelo modo como defendia a reforma dos cuidados de saúde. Tal como os irmãos, mereceu sempre o respeito generalizado de correlegionários e adversários. Porém, a vida de bon vivant com alguns escândalos à mistura barrou-lhe a tentativa para chegar à Casa Branca.
Morreu com um cancro no cérebro, diagnosticado no ano passado e depois de ter sido operado há dois meses. Os EUA perderam um dos seus mais influentes políticos e mais antigos senadores.
Chegou a ser o homem mais influente dos Estados Unidos - não pode haver mais invejável título de glória para um jornalista. E Walter Cronkite era um jornalista a cem por cento. Fez de tudo na profissão, esteve em todos os momentos decisivos da história que lhe coube em sorte testemunhar. Foi repórter na II Guerra Mundial, acompanhou o Dia D, cobriu os julgamentos de Nuremberga, chefiou a delegação da CBS em Moscovo no tempo da Guerra Fria, regressou à reportagem de guerra no Vietname, relatou a histórica emissão da conquista da Lua há exactamente 40 anos, acompanhou de perto o caso Watergate. Foi o grande responsável pela progressiva, constante e regular subida de audiências da CBS, que no final da década de 60 se tornou no canal televisivo com mais espectadores nos Estados Unidos devido a uma palavra-chave: credibilidade.
De facto, entre todos os atributos que revelou, talvez o maior fosse este: Cronkite era credível. O termo anchorman, hoje tão popularizado, foi criado para ele, graças ao seu brilhante desempenho na cobertura jornalística das convenções democrata e republicana de 1952 - as primeiras integralmente acompanhadas pelas câmaras televisivas. Em 1962, tornou-se o pivô do principal telediário norte-americano, o CBS Evening News: abandonou estas funções quando completou 65 anos, em Novembro de 1981 - e viria mais tarde a confessar ter sido este o maior erro da sua vida profissional. Tinha fôlego, energia e vontade para muitos anos mais defronte do ecrã.
Na memória de muitos estão ainda as severas críticas que fez ao envolvimento de Washington no Vietname: foi lá como repórter, em 1967, e o que viu convenceu-o de que os americanos estavam a travar a guerra errada no local errado. Não hesitou em dizer o que pensava perante o seu auditório de dezenas de milhões de espectadores. Ao escutá-lo, o então presidente Lyndon Johnson comentou perante os seus assessores: "Acabamos de perder o apoio da América profunda." Meses depois, em Março de 1968, Johnson desistiria da recandidatura à Casa Branca: ninguém teve dúvidas de que as críticas de Cronkite tiveram um papel fundamental nesta decisão.
A única vez em que esteve quase a perder a voz, embargada pela comoção, foi ao princípio da tarde de 22 de Novembro de 1963, ao conduzir a emissão especial da CBS sobre o atentado ao presidente John Fitzgerald Kennedy. Viveram-se minutos de incerteza, enquanto o inquilino da Casa Branca, alvejado em Dallas, era conduzido de urgência ao hospital. Quando o óbito se confirmou, coube a Cronkite revelar aos atónitos americanos a notícia em que ninguém queria acreditar: fê-lo com o profissionalismo e o rigor de sempre. Mas também com aquela nota de genuína emoção que nunca está arredada do melhor jornalismo.
Walter Leland Cronkite tornou-se, ainda em actividade, uma lenda viva do jornalismo. Acaba de morrer, aos 92 anos. Mas continuará a ser uma figura modelar para todos os profissionais da informação, nos mais diversos quadrantes. Como referência de credibilidade, o maior dos atributos que um jornalista pode ter.
Ao longo da nossa vida há pessoas que nos marcam pela lição que são, pelo seu exemplo. O Vasco é uma das que me marcaram. Tive a sorte de o conhecer desde sempre, de receber dele lições que nunca esquecerei, de ouvir histórias impagáveis, daquelas que deixam roídos do inveja os miúdos quando olham para os heróis. O Vasco era um herói para mim, um exemplo de fair-play, alegria e solidariedade desinteressada. Custa muito. Coimbra perde sem dúvida encanto e alegria, nunca mais será igual.
Perdemos o Vasco ontem à noite, mas ele sabe bem que é daqueles que não vão, que ficam para sempre, bem junto de quem o conheceu.
Até amanhã, Vasco!
(Breve biografia feita pelo Público e outra pelo nosso leitor António P.)
Frontal e transparente. Íntegro.
Presente de rosto, corpo e alma em todas as suas causas. O que muitos dizem ser mas que poucos, muito poucos são.
Isto foi Carlos Candal.
Por todas as vezes que gritaste "Liberdade!":
Obrigado, Camarada!
Vi agora, apenas agora, que faleceu o Alfredo Farinha.
Cresci a vê-lo na televisão a defender o meu Benfica. Ganhei enquanto criança espírito crítico com futebol a ler os seus textos, quando ainda tinha a ingenuidade de miúdo e ia todos os dias de manhã comprar A Bola à banca do Sr. Fausto.
Não me esqueço daquela forma espontânea e inabalável como defendia o Benfica. Parecia que lhe saíam o coração e o estômago pela boca cada vez que atacavam o Nosso Glorioso. Era assertivo e impunha um respeito único, jamais visto em defensores do Benfica em programas do género. Eram tempos difíceis, acumulavam-se os anos em que o título nos fugia, mas nem por isso o Alfredo desistia.
Sei que antes de tudo isto, antes de o Alfredo se afastar, muito deu ao mundo do futebol.
Ao Alfredo Farinha deixo o meu muito obrigado e a certeza de que a sua memória perdurará.
E Pluribus Unum!
[Adenda] Contributo do Pedro Correia:
O Alfredo Farinha era o penúltimo representante ainda vivo da melhor geração de jornalistas da imprensa desportiva portuguesa. Uma geração que transformou o jornal 'A Bola' num cartão de visita de Portugal em todos os continentes. Gente que escrevia bem, que tinha convicções e que não receava exprimir opiniões, não confundindo o confronto de ideias com ataques de carácter. Uma geração que incluía Vítor Santos, Carlos Miranda, Carlos Pinhão, Homero Serpa e Aurélio Márcio (este o único sobrevivente).
Li, desde miúdo, incontáveis textos do Alfredo Farinha, ainda naqueles velhos lençóis d'"A Bola". Presto aqui a minha homenagem, como leitor, à memória desse veterano jornalista.