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Delito de Opinião

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 23.03.25

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Joana Nave: «O Dia Mundial da Poesia já passou, foi no dia 21 de Março, um dia meio cinzento, pouco primaveril, mas que teve outros encantos. Um dia que começou com uma caminhada junto ao rio, com o vento a bater na cara e a levar para longe as palavras da boa conversa que preencheu este hiato de tempo. O dia seguiu o seu rumo, entre risos e leituras, entre devaneios e tormentos, e chegou ao fim com o desejo insistente de ir à pequena Feira do Livro da Poesia.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «"Susana Díaz logra una victoria clara en las elecciones andaluzas". Resultados e comparações aqui. Mas o melhor é esperar pelo Outono para se tirar conclusões sobre a capacidade do Podemos.»

 

Eu: «Dois meses depois das legislativas, o Governo de coligação entre a esquerda radical e a direita xenófoba em Atenas não solucionou um só dos problemas existentes e agravou-os todos. A corrida aos depósitos já fez desaparecer 20 mil milhões de euros da banca helénica, as reservas financeiras estão abaixo dos dramáticos níveis históricos registados em Junho de 2012 e os gastos militares permanecem intocáveis, correspondendo a 2,5% do PIB grego, no país europeu da NATO que cativa maior percentagem do seu orçamento às despesas com a defesa. (...) Numa linguagem nua e crua, o Financial Times vai direito ao assunto: "O Governo grego está a ficar rapidamente sem dinheiro." Prevê-se um mês de Abril muito turbulento na península helénica. O tempo urge. E nenhum vestígio de praia se vislumbra sob as pedras da calçada.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 22.03.25

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Sérgio de Almeida Correia: «Não, não é preciso ter a noção de nada. Paga-se umas bolsas aos potenciais candidatos a líderes partidários que vão fazer o "ensino básico" aos 40 anos numa universidade privada, paga-se a campanha de um qualquer cavaco, dá-se umas coroas aos outros para ficarem calados, e convida-se a "malta" fixe para umas férias.»

 

Teresa Ribeiro: «Quem está contra a lista de pedófilos alegando que impõe medidas que na prática funcionam como a prorrogação de penas já cumpridas, certamente não ignora que estes criminosos por regra reincidem. Numa situação em que não é possível proteger com igual eficácia vítimas e agressores, é razoável privilegiar os direitos das primeiras, sobretudo se forem, como é o caso, especialmente vulneráveis. Fernando Negrão, presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República, disse a propósito desta polémica que "o Direito não pode ser imóvel, tem de apresentar soluções novas". Assino por baixo.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 21.03.25

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Helena Sacadura Cabral: «Com argumento e realização dos irmãos Ronit e Shlomi Elkabetz, "Gett" fecha a trilogia sobre o casamento, separação e divórcio iniciada no filme "To Take a Wife". É surpreendente como o divórcio - algo tão comum e fácil no Ocidente -, pode constituir em Israel a tragédia de que esta pelicula nos dá conta. (...) Em Israel, os matrimónios civis não existem e mantém-se uma lei religiosa ancestral, que estipula que só o marido ou o tribunal rabínico podem conceder o divórcio. Apesar disso, Viviane quer poder contar com o sistema judicial para obter aquilo que considera ser um direito seu.»

 

Eu: «Em Portugal, vários anos atrás, surgiu um embrião de Podemos - corporizado no Bloco de Esquerda. Foi uma boa tentativa, mas falhada devido a um clamoroso erro estratégico da liderança bloquista, que transformou o partido numa espécie de PCP dos pequeninos, sem duas componentes essenciais: a autárquica e a sindical. Falta surgir o equivalente aos Cidadãos. Mas é bem possível que a dinâmica criada em Espanha por Rivera inspire alguns deste lado da fronteira. Por mim, seria óptimo.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 20.03.25

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Luís Menezes Leitão: «Leio (...) que António Costa vai dar a volta ao país, começando por Braga, Guimarães e Barcelos. E quem é que vai gerir a Câmara de Lisboa, que fica a cerca de  400 km de distância, durante esse período? Ou será que Lisboa já não precisa para nada de um Presidente da Câmara?»

 

Eu: «Não faltam eleitores que estão fartos de políticos profissionais no topo do Estado e consideram - justamente - que a Presidência da República deve abrir-se a outras proveniências. Vários desses eleitores, em número crescente, acolheriam certamente com bons olhos a candidatura de João Lobo Antunes, conselheiro de Estado e um dos mais prestigiados médicos portugueses. Galardoado com o Prémio Pessoa, este neurocirurgião de 70 anos, signo Gémeos, poderia avançar com a promessa de curar muitas feridas abertas na sociedade portuguesa, de saúde tão precária.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 19.03.25

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Helena Sacadura Cabral: «O meu Pai era o melhor do mundo, embora o mundo dele fosse muito diferente do meu e ele desejasse para mim um muito diverso daquele que tive. Hoje não tenho quaisquer dúvidas que era a sua forma de me amar. Mas morreu orgulhando-se do "meu caminho".»

 

Luís Menezes Leitão: «Bem pode o Bloco de Esquerda andar eufórico com o governo do Syriza na Grécia. Como bem se salientou aqui, a proximidade do Syriza é afinal com o PS, como se pode ver por este cartaz de propaganda de Alexis Tsipras em que, à boa maneira estalinista, João Semedo é apagado da fotografia para ficarem apenas Mário Soares e o próprio Tsipras. Precisamente por isso as propostas do Syriza já têm seguidores no PS.»

 

Eu: «Não falta quem diga: é mais que tempo de termos finalmente uma senhora na suprema magistratura da república. E porque não a procuradora-geral adjunta mais célebre do País? Maria José Morgado levou para o Ministério Público o espírito combativo que já demonstrara nos idos de setenta, quando era uma aguerrida militante do MRPP. Trocou a cartilha maoista pelo Código Penal, começou a usar maquilhagem e demonstrou que neste país de brandos costumes há quem saiba falar sem papas na língua

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 18.03.25

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Helena Sacadura Cabral: «Eu não sei se há listas VIP. Só sei que, de há dez anos para cá, sou sempre seleccionada pelo "computador da AAT" para ir mostrar toda a documentação relativa ao que declaro. Ora se acontece o mesmo ao Prof Marcelo Rebelo de Sousa - segundo sua declaração à TVI - que é uma alta personalidade, eu só posso desconfiar que o computador daquela instituição tenha, no mínimo, uma lista VIP(erina), na qual estou incluída e que persegue sistematicamente os mesmos...»

 

Luís Menezes Leitão: «Hoje parece evidente que a candidatura de Costa no PS era especialmente uma forma de lançar Sócrates para Belém, o que os socráticos sabiam que com Seguro seria completamente impossível.»

 

Luís Naves: «Se tivesse nascido em 1861, seria agora 1915 e o mundo era muito diferente daquele em que eu nascera. Era talvez agricultor não muito alfabetizado, com uma vida típica das pequenas comunidades. Acho que antes dos 30 anos teria emigrado para o Brasil, ou tentado, mas o mais certo era já ter morrido, das febres tropicais na tal aventura brasileira, ou algures no início do século, de apoplexia. Se por sorte ainda vivesse, era mais baixo do que sou e muito mais pobre.»

 

Patrícia Reis: «Tinha tudo. A carteira com os cartões, o pequeno porta-moedas vermelho, um bloco, duas canetas, as chaves de casa, as chaves do carro, a carta da edp para pagar no multibanco, um batom sem história, uma lima para as unhas, um rebuçado de mentol. Não tinha nenhum dinheiro na carteira, apesar disso enfrentou o centro comercial com o seu melhor ar, imaginando-se poderosa.»

 

Eu: «Se o Presidente da República é o "garante supremo" da Constituição, porque não ter no Palácio de Belém um dos próprios autores da lei fundamental? Vital Moreira, que se gaba de nunca virar costas a desafios, certamente não desdenharia tal cenário. O professor universitário coimbrão que foi jovem estrela da Assembleia Constituinte e se distinguiu como parlamentar comunista antes de ter rompido com o PCP e passar a integrar a bancada do PS em São Bento tem mais currículo do que outros proto-candidatos que vão animando as manchetes. Desde que António José Seguro decidiu riscá-lo da lista de candidatos ao Parlamento Europeu, em 2014, tempo não lhe falta. E disponibilidade ainda menos.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 23.02.25

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José Navarro de Andrade: «O Eng. Ilídio Monteiro foi muita coisa importante na vida, que mereceu devida menção na sua morte. Por mim vale por ter sido pequeno. Sempre que a banda do A.D.R. "O Paraíso" precisava de um instrumento novo, lá ia de bota cardada por aqueles vinhedos fora, fazer uma serenata à porta da sua casa de Vale Fornos, quando sabia que ele lá estava. O homem ouvia a charanga - que por acaso toca com muita afinação - e no fim passava o cheque com um "obrigado". Uma insignificância nunca negada que só favoreceu uma aldeola.»

 

Luís Menezes Leitão: «Há muito tempo que acho que a estratégia de comunicação do Bloco de Esquerda é um disparate gigantesco, o que talvez explique a facilidade com que esse partido multiplica as tendências, as cisões e até os seus líderes.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Não há imagem mais perfeita do caminho percorrido, do reconhecimento do trabalho de um tal Pedro Reis, das conquistas conseguidas com a troika, da excelência dos nossos produtores, da reforma do Estado e do apoio do Governo à estratégia de diplomacia económica, do que a do galinheiro.»

 

Eu: «À segunda será de vez? O presidente da Ajuda Médica Internacional candidatou-se a Belém em 2011, sem apoios partidários, e obteve um terceiro lugar, com 14% dos votos. Surpreendendo assim os "analistas políticos" do costume - incapazes de enxergar o óbvio, especialistas em acertar no totobola à segunda-feira - que lhe vaticinavam uma percentagem microscópica nas urnas.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 22.02.25

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José António Abreu: «Há pouco mais de uma hora, no Jornal da Tarde, a TVI noticiou que Fernando Alonso sofreu um acidente esta manhã, nos treinos para o Grande Prémio de Espanha. Isto quando o campeonato de Fórmula 1 ainda nem começou (trata-se de uma sessão de testes de pré-temporada). Talvez seja preferível os canais de televisão generalistas limitarem-se a falar de futebol, tema para o qual parecem dispor de várias centenas de especialistas.»

 

Luís Menezes Leitão: «Portugal segue com absoluto fanatismo uma estratégia que está completamente errada e que só pode trazer o desastre. O Syriza é um partido radical de esquerda, que em caso algum deveria estar à frente de um governo europeu. Se o está, é precisamente devido às constantes humilhações a que foram sujeitos os gregos pela troika, humilhações igualmente praticadas em Portugal, como agora Juncker veio reconhecer, para desgosto dos fanáticos que acham que ainda nos submetemos o suficiente. E nesse aspecto, se esta deriva não for invertida, a situação só pode ficar muito pior.»

 

Luís Naves: «Na opinião pública infiltra-se lentamente uma ideia perigosa: o patriotismo grego é coisa boa; o patriotismo português é coisa má; negociar com o governo alemão é subserviência se o ministro for português, mas é resistência se for grego.»

 

Teresa Ribeiro: «Não sei o que esta auditoria vai revelar relativamente à gestão de Santana Lopes na Santa Casa, mas já mostrou as suas potencialidades como arma política. E quais as expectativas do CDS em relação ao método. Se a moda pega vai ter graça.»

 

Eu: «De certo modo, Sniper Americano encerra um ciclo iniciado em 1978 com outro filme então muito polémico: O Caçador, de Michael Cimino. Mas há diferenças substanciais entre as duas películas. Na primeira longa-metragem, os soldados regressam a um país traumatizado, com cicatrizes de guerra, mas onde é possível disfrutar a paz enfim recuperada -- algo bem simbolizado na magnífica cena em que Michael Vronsky (Robert de Niro) poupa a vida ao veado que tanto perseguira. Em Sniper Americano, pelo contrário, essa paz intramuros deixou de existir e o inimigo interno acaba por ser tão letal como o externo. Porque todos já fomos contaminados pelo mesmo vírus.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 21.02.25

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José António Abreu: «Quem ganhou? Acima de tudo, a Grécia perdeu. O governo aceitou quase todas as exigências e o país está hoje pior do que estava há três meses. Sobra a retórica imbatível de Varoufakis, o sexy e sincero, que conseguiu uma provável descida do objectivo para o excedente primário e que "a Troika" fosse substituída no léxico oficial por «as Instituições.»

 

Luís Naves: «Não admira que parte substancial da opinião pública acredite que a delegação grega nas conferências do Eurogrupo quisesse defender os nossos interesses e que, pelo contrário, o governo português tenha agido contra os interesses nacionais. A realidade é que a Grécia prejudicou Portugal e Espanha, pois será mais difícil flexibilizar as medidas de rigor orçamental num ambiente onde a confiança entre os países da zona euro ficou seriamente abalada.»

 

Teresa Ribeiro: «Não é preciso ensinar a crianças da pré-primária quem são os líderes naturais da turma. Os traços de personalidade identificam-se na primeira infância. Nascemos com tendências comportamentais genéticas que rapidamente desenvolvemos ou atrofiamos conforme o teatrinho familiar em que nos achamos inseridos. O optimismo, o pessimismo, o sentido de humor, a autoconfiança, a insegurança, a coragem, o medo, a violência, a inveja ensinam-se. E são esses ensinamentos que ficam, que nos ficam para a vida.»

 

Eu: «Confrontado com gravíssimos problemas de tesouraria e a quebra acentuada das receitas fiscais, sem acesso a vias de financiamento autónomo, o executivo de Atenas cedeu a todas as exigências da Alemanha apesar das bravatas para consumo propagandístico interno, replicadas pelos partidos congéneres que persistem em confundir desejos com a realidade.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 20.02.25

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José Maria Gui Pimentel: «É preferível defender um erro disfarçável do que rever uma posição assumida. Lembro-me, inevitavelmente, dos profusos elogios à coerência de Álvaro Cunhal, aquando da sua morte.»

 

Eu: «Vídeo após vídeo, fotografia após fotografia, somos inoculados pelo veneno do medo ministrado pelas bestas totalitárias. Que no Iraque, na Síria, no Níger, na Nigéria, no Iémene e em tantos outros países lapidam mulheres, desmembram homossexuais, crucificam cristãos, enterram crianças vivas. Com um ódio letal que nenhuma crença religiosa autoriza, nenhuma ideologia justifica, nenhuma doutrina é capaz de explicar.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 19.02.25

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Luís Menezes Leitão: «Os memorandos de entendimento celebrados com a troika foram um exercício de sadismo e punição, só comparáveis ao contrato de submissão das 50 Sombras de Grey. Não admira por isso que os gregos queiram fugir a correr desse contrato.»

 

Luís Naves: «No futuro, um país que não cumpra as regras ou que tente enganar os outros será duramente penalizado pela realidade. Não haverá “leituras inteligentes” do Tratado Orçamental. A partir de agora, todos os líderes compreenderam que devem fazer o que estiver lá escrito. Não haverá renegociações de dívida sem consenso entre ministros das finanças do euro nem chantagens de países endividados. A cláusula de saída é o grande incentivo ao rigor, bem mais forte do que a utopia da união política e do federalismo.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Então este tipo não foi aquele que Passos Coelho e o Governo português consideraram o melhor candidato à sucessão de Durão Barroso? Não foi este sujeito que veio a Lisboa pedinchar apoios? Não foi este um daqueles a quem o Governo português prestou vassalagem?»

 

Eu: «Rui Rio - 57 anos, signo Leão - mostra sempre alguma relutância, o que é de bom tom nestas ocasiões. Volta e meia faz umas proclamações vagas, demonstrando um desinteresse olímpico por cargos mas deixando implícito que sempre poderão contar com ele num movimento que se destine a purificar a democracia portuguesa. Será ele um candidato capaz de unir as diversas sensibilidades da direita na próxima corrida a Belém?»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 18.02.25

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Fernando Sousa: «A sua escrita era rigorosa, informada, incisiva se fosse caso disso, e elegante, escrevesse sobre política, cultura ou desporto. Uma vez, por esses anos, desapareceu durante dias sem aviso prévio ou mensagem de doença. Quando o motorista do jornal lhe bateu à porta, encontrou-o com uma barba de dias e um monte de livros à direita, lá lidos, e outro à esquerda, por ler. Admirou-se que andassem à sua procura. Chamava-se Albano Matos, tinha 59 anos, trabalhou no DN até Junho do ano passado, quando o meteram num pacote de dispensáveis e o mandaram fora. Tinha outra coisa rara: perante o injusto, não se calava. Também por isto vai fazer falta.»

 

José António Abreu: «Há uma versão dos acontecimentos segundo a qual a culpa das dívidas dos Estados é de quem lhes emprestou o dinheiro. No fundo, uma acusação na linha das feitas aos bancos durante a crise do subprime, por - teoricamente escudados em produtos derivados - terem concedido empréstimos a pessoas sem rendimentos suficientes para pagar as prestações das casas que desejavam adquirir. Nesta linha de raciocínio, a Grécia, como Portugal, foi empurrada para o crescimento insustentável da sua dívida pública por todos aqueles - primeiro entidades privadas, depois as instituições constituintes da Troika - que lhe foram emprestando dinheiro. Pelo que - continuam os defensores desta teoria - é bem feito que tais prestamistas - usurários, mesmo - encaixem perdas pelo erro cometido.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Perdemos o Alberto João, é verdade, mas quem garante que nos próximos anos não poderemos contar com as tangas e as bundas do clã Obiang? O Carnaval é uma festa.»

 

Eu: «Nativo de Capricórnio, será sempre um nome a ter em conta: a opinião dele pesa no PS. Poucos ainda se lembram que António Vitorino entrou no partido pela ala esquerda, vindo da UEDS de Lopes Cardoso: hoje é um dos expoentes da ala direita, que vê a velha guarda não como um trunfo mas como um empecilho para o futuro do partido. Este qualificado jurista de 58 anos - na opinião de muitos, uma das personalidades mais brilhantes do PS, com as funções de vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa, juiz do Tribunal Constitucional e comissário europeu a dourarem-lhe o currículo - seria certamente aplaudido com mais entusiasmo pelo aparelho socialista do que aconteceu com Manuel Alegre em 2011. Bastava querer. Alguma vez quererá?»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 17.02.25

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José António Abreu: «O casal Kathryn Roberts e Sean Lakeman, num tema do novo álbum, a lançar no próximo mês. A letra e o vídeo são um bocadinho estranhos mas, ei, é Carnaval. O vídeo do segundo single foi feito pelos filhos.»

 

Luís Menezes Leitão: «Hoje já ninguém se lembra de quando a Senhora Thatcher descobriu que o Reino Unido estava a ser o maior contribuinte líquido para a então CEE. Chegou ao Conselho Europeu e disse apenas as seguintes palavras: "I want my money back". Os restantes membros do Conselho deram-lhe razão e o Reino Unido passou a receber anualmente uma devolução das suas contribuições, o famoso cheque britânico. Na altura ninguém falou em tratados e compromissos e se tivesse falado, já se sabe a resposta que teria da Dama de Ferro.»

 

Teresa Ribeiro: «Só em Torres Vedras não se leva a mal que o Carnaval seja português, o que é um alívio para quem não gosta de acompanhar o espectáculo da possidoneira nacional, ao som de sambas, sempre os mesmos, que o Brasil já esqueceu. Mamã eu quero, uma ova. Se é tradição secular, o que eu quero é, se me apetecer, reviver o Carnaval como o faziam os meus pais e avós em Torres. E mai nada!»

 

Eu: «Disse adeus à presidência do Governo Regional da Madeira após superar Salazar em longevidade governativa. De facto, 36 anos é muito tempo: tinha chegado ao poder quando Brejnev era senhor absoluto da União Soviética, o Papa chamava-se Paulo VI e o inquilino da Casa Branca respondia pelo nome de Jimmy Carter. E só agora saiu. Deixou a presidência, mas a presidência não terá saído dele: não falta quem jure que ambiciona chegar a Belém.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 16.02.25

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Luís Menezes Leitão: «Em Munique Chamberlain também voltou para casa com um pedaço de papel que representava uma derrota colossal face a Hitler. Quando se viu o disparate que isso tinha sido, foi rapidamente substituído por Churchill. Merkel e Hollande também foram a Minsk, não sabe com que estatuto, mas obviamente em representação da União Europeia. Depois do resultado desastroso que trouxeram, não haverá condições para a União Europeia mudar estes protagonistas?»

 

Luís Naves: «Instalou-se uma nova forma de censura: a incorrecção política está a ser progressivamente afastada dos média tradicionais, onde os comentadores apoiados por claques escrevem apenas o que se espera deles. São raros os que se atrevem a sair da linha justa. Por exemplo: criticar os actuais dirigentes da Grécia tornou-se um exercício inútil, pelo que terá de ser a realidade a curar as ilusões da opinião pública.»

 

Eu: «À esquerda, muitos ainda não lhe perdoaram ter fundado o CDS. À direita, muitos ainda não lhe perdoaram ter afundado o CDS nem o descarado flirt que desde então manteve com os socialistas.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 15.02.25

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Joana Nave: «Não querendo estar a defender um determinado tipo de alimentação de forma fundamentalista, sugiro que comecem por tomar consciência dos alimentos que ingerem e dos benefícios que estes trazem para o funcionamento do vosso organismo. A área da nutrição é muito vasta e interessante e deve ser uma preocupação desde que nascemos, pois somos em grande parte aquilo que comemos e que nos dá hidratação e energia para termos uma vida longa e feliz.»

 

José Navarro de Andrade: «Uma das crises mais perturbantes da vida moderna é assistir ao espectáculo de pessoas apoquentadíssimas com os seus sentimentos, prolongando melancolicamente pela vida adulta os avatares da adolescência, fase em que as hormonas e as utopias desarranjam o entendimento. Esta situação é tão comum e preocupante que pelo menos três indústrias (a literária, a musical e a cinematográfica, em suma: toda a cultura) se têm dedicado com persistência e argúcia dissecá-la.»

 

JPT: «A Grécia é, na prática, um "protectorado" desde a sua independência no século XIX. Da Inglaterra, depois dos EUA, agora da UE, quem sabe se, a seguir, da Rússia. E dificilmente podia ser outra coisa, tendo escolhido como "rival" um país colossalmente maior e mais poderoso (do qual, em 1921 e 1974, recebeu dolorosos correctivos), e tendo muito mais necessidades e ambições do que recursos e rigor. E Portugal, já agora, é mais ou menos a mesma coisa, salvo por um período de tristes 48 anos de soberania "orgulhosamente só", que ninguém (espero) quer repetir.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 14.02.25

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José António Abreu: «Um dia, por volta das três e meia da tarde, João ia a sair, depois de concluir o turno, quando a viu dirigir-se para o carro. Parou. Trabalhando em horários desencontrados, nunca tinha oportunidade de falar com ela. Mas agora ali estava, saindo mais cedo por qualquer razão. Começou a caminhar na direcção do carro dela, tentando lá chegar ao mesmo tempo que ela. Estavam ambos a cerca de dez metros quando ela o viu. João notou as olheiras e o ar cansado e ficou sem coragem para meter conversa. Disse «Boa tarde» ao passar por ela e continuou a caminhar. Que se lembre, ela não falou. João só olhou para trás quando ouviu o carro arrancar. Depois foi para casa.»

 

Teresa Ribeiro: «Enquanto escrevo estas linhas olho para o Boogie, o meu erro de casting, que se aninhou, esfíngico, a dois palmos de mim. No deve e haver dos afectos, este está claramente em vantagem. Nunca o verguei. É demasiado selvagem para se render a afagos e latas de whiskas. Da sua estirpe rafeira constam muitos sobreviventes, não duvido. Trinca espinhas que resistiram à fome, ao frio e à crueldade humana com todas as ganas. E lá estou eu a justificar-lhe a agressividade opondo-o aos da minha espécie, que tenho sempre mais dificuldade em desculpar. Vai-se a ver e é isto. O amor que reservo para os humanos é mais exigente.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 13.02.25

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José António Abreu: «Sexta-Feira, 13. Seguida, em Março, por outra sexta-feira, 13. Já não havia um mês com tamanho potencial para o azar desde 2009.

 

Luís Naves: «Portugal financia-se nos mercados a baixo custo, ou seja, a estratégia da credibilidade funcionou e pode prolongar-se por anos, até que o crescimento seja substancial e reduza o rácio da dívida. No ano passado, a economia portuguesa cresceu 0,9%. O valor vai acelerar este ano.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «De Espanha podem não vir bons casamentos, o que ainda estará por provar. Mas vêm bons livros, excelentes presuntos, queijos magníficos, grandes jogos de futebol. E há lugares fabulosos, bons museus, gente interessante, mulheres lindas. De vez em quando também vem um escândalo. Mas desta vez vem um bom exemplo. Mais notado aqui pela aplicação que o dinheiro terá e porque vem de uma monarquia que não raro se comporta como muitas repúblicas não se sabem comportar. Ninguém o obrigou a reduzir o salário, não foi pedido nas ruas, ele não irá a votos. E se a Casa Real não sai prestigiada, pelo menos sai o Rei, que uma vez mais se dá ao respeito e à admiração da sua gente.»

 

Eu: «Já li mil textos a profetizar o desmembramento da União Europeia e a derrocada do euro. Enquanto esses textos se sucediam a um ritmo imparável, a União Europeia alargava-se continuamente (passando de 12 países em 1986 para os 28 actuais). A mais recente adesão foi a da Croácia, em 2013. E o euro ia conquistando terreno: já nesta segunda década do século XXI passou a circular oficialmente nos estados bálticos (Estónia, Letónia, Lituânia).»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 12.02.25

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José António Abreu: «Entro numa casa de banho usada quase exclusivamente por um rapaz de vinte e três anos de idade. Enquanto lavo as mãos (com sabonete em barra) conto os frascos, as bisnagas e os boiões que se alinham junto ao lavatório e à banheira: vinte e três. Mesmo admitindo que algumas embalagens contêm o mesmo tipo de produtos, não consigo perceber como se pode usar tanta coisa. Entre o fascínio e a repulsa, suspiro e saio.»

 

Luís Menezes Leitão: «As declarações públicas de Schäuble e agora de Cavaco Silva parecem-me uma tentativa frustrada para combater a simpatia com que a iniciativa grega está a ser vista pelas populações europeias. Neste enquadramento, a estratégia de Tsipras parece clara: o homem que chamou Ernesto ao seu filho, em homenagem a Che Guevara, quer realizar o velho sonho de Otelo e ser o Fidel Castro da Europa. Já esteve mais longe de o conseguir.»

 

Sérgio de Almeida Correia: «Um dos temas principais será a literatura infanto-juvenil, mas os nomes anunciados não se limitam a esse importante nicho da formação dos jovens leitores. Estarão presentes Ondjaki, Maria do Rosário Pedreira, João Tordo, David Machado, Gregório Duvivier, Joe Tang, a chinesa Wang Anyi, presidente da Associação de Escritores de Xangai e autora de “The Song of Everlasting Sorrow”, Murong Xuecun, crítico e colunista do New York Times, a romancista Yan Ge, e Francisco José Viegas. De Macau estarão presentes Cecília Jorge e o editor Beltrão Coelho.»

 

Eu: «Advogado, ex-docente universitário, comentador de assuntos financeiros. Mário Soares, verdadeiro expert na matéria, escolheu-o como ministro das Finanças do I Governo Constitucional. Medina Carreira é uma das cassandras do regime: praticamente não passa um dia sem escutarmos a sua voz bem timbrada a antever toda a espécie de catástrofes prontas a abater-se sobre o solo pátrio.»

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 11.02.25

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Helena Sacadura Cabral: «Fui sempre considerada uma mulher forte, vá lá saber-se porquê. Calculo que o epíteto se terá ficado a dever à circunstância de eu não ser pessoa de grandes queixumes e de tentar, quase sempre, dar a volta ao que me corre menos bem.»

 

José António Abreu: «De Blackbird, o novo álbum da nova-iorquina tornada 'nashviliana' Gretchen Peters. Em dias de negociações sobre os problemas na Ucrânia e na Grécia, permito-me dedicar o tema a uma certa ideia da Europa que misturava paz, democracia, solidariedade e sentido de responsabilidade.»

 

Patrícia Reis: «Nada podia ser mais sério do que isto. Giled já nem tenta abrir os olhos. Fica com eles cerrados a tentar ver outras coisas. Alguém o irá buscar. Alguém o irá salvar. Nunca ficará por ali. Nunca ninguém é deixado para trás. O pai desesperado por trocarem soldados palestinianos, terroristas pretensamente do Hamas, por corpos de soldados israelitas.»

 

Eu: «Digam o que disserem os quixotes de turno, a construção europeia não se fará sem a Alemanha e muito menos contra a Alemanha: eis uma evidência que fala por si. E ainda bem: graças a ela, pudemos desfrutar de sete décadas de paz na Europa.»