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Delito de Opinião

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 08.12.22

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A 8 de Dezembro celebra-se O Dia da Imaculada Conceição 

«Este dia, feriado nacional, invoca a vida e a virtude da Virgem Maria, mãe de Jesus, concebida sem mácula, ou seja, sem marca do pecado original, o que recebeu o título de dogma católico a 8 de Dezembro de 1854. Assim teve origem esta comemoração de grande significado para a Igreja Católica.

Muito antes de ter sido considerada dogma, esta celebração já havia sido decretada em 1476 pelo Papa Sisto IV.

Em 25 de Março de 1646, o Rei D. João IV organizou uma cerimónia solene, em Vila Viçosa, para agradecer a Nossa Senhora a restauração da independência de Portugal. Na igreja de Nossa Senhora da Conceição, consagrou-a como padroeira e rainha de Portugal. Desde esse dia, nenhum outro monarca português usou coroa na cabeça, privilégio que estaria disponível apenas para a Imaculada Conceição. Importa referir que, durante séculos, o Dia da Mãe era comemorado a 8 de Dezembro, tendo sido mudado para Maio, por este ser considerado o mês de Nossa Senhora.»

 

Como vem sendo hábito, muitas das celebrações têm mudado de data, porque é mais rentável para o comércio, apesar de a explicação " lógica" ser a que Maio é o mês de Maria, mas também já o é desde 1917. Lembro-me perfeitamente de ser miúda e neste dia 8 de Dezembro ir à missa e, no regresso a casa, apanhar "flores" para dar à minha mãe. O meu pai já tinha um bonito ramo que tinha ido comprar à Ribeira logo pela manhã, mas eu tinha aquelas, fracas e banais, que a minha mãe agradecia de igual modo. O dia passava igual aos outros dias, sem bolos da mãe ou presentes xpto. Alguns anos fomos a Fátima, outros fomos para a quinta da Barra Cheia, mas na maior parte dos Dias da Mãe demos um beijinho à mãe e desejámos um dia feliz. Era apenas isso.

 

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Hoje é O Dia de Imaginar que Viaja no Tempo

«A viagem no tempo é um elemento importante na ficção científica. Mas, apesar de aparecer em filmes, livros e programas de TV, é uma ideia relativamente nova. Textos como o antigo Mahabharata indiano usavam uma versão em que as pessoas adormeciam ou visitavam um deus e, quando recobravam os sentidos, descobriam que haviam saltado para o futuro.

Foi assim até 1895 quando viajar no tempo ganhou  um trajecto de ida e volta, com a publicação do romance de H. G. Wells, A Máquina do Tempo. O livro popularizou a noção de um veículo projectado para transportar os seus passageiros no tempo. O protagonista do livro viaja para o ano 802.701 e observa o futuro da raça humana, antes de retornar para contar a história aos convidados do jantar. 

Inúmeras outras novas histórias foram criadas, incluindo a série de filmes Regresso ao Futuro, iniciada em 1985. Sempre com a ideia fascinante de nos podermos transportar no tempo, superando esta barreira que por enquanto não passa de fantasia.

 

Viajar é um dos grandes prazeres da minha vida, do qual espero ardentemente não ter de abdicar. Pudesse eu viajar no tempo, que tornaria todas as minhas viagens mais interessantes, sem lacunas nem receios. Também seria interessante encontrar-me comigo, com o eu de há 40 anos e poder dizer-lhe que poderia fazer mais e melhor sem mudar o curso dos acontecimentos. E talvez recusasse ainda mais uns aninhos, à data em que me filiei no partido do momento, e sussurrar ao meu ouvido "segue em frente, piquena, mas vais-te arrepender e muito."

(Imagens Google)

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 01.11.22

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A 1 de Novembro celebra-se O Dia de Todos os Santos

«O Dia de Todos os Santos é comemorado anualmente a 1 de Novembro em honra aos santos conhecidos e desconhecidos, mártires e cristãos heróicos. A origem da festa remonta ao século II, quando os cristãos começaram a honrar os que tinham sido perseguidos e martirizados por causa da sua fé.

Foi o Papa Gregório III que no século VIII dedicou uma capela em Roma a todos quantos tinham vivido uma existência de acordo com o Evangelho e, por isso, eram consideradas santos. Foi ele a determinar que a solenidade fosse celebrada a 1 de Novembro.

Por norma, as famílias portuguesas enfeitam as campas dos seus familiares nos cemitérios ao longo deste dia, visitando os cemitérios para deixar ramos e velas nas lápides. É também um dia em que se celebram missas evocativas.

O Dia de Todos os Santos é feriado nacional.»

 

O Dia de Todos os Santos era um dia horrível  principalmente para os miúdos, que tinham de acompanhar os graúdos ao cemitério com grandes braçadas de flores e velas, limpar as campas e rezar. Quando eu era miúda acompanhei as tias-avó no dia 2 de Novembro, o Dia de Finados, e não tive uma experiência agradável. Acredito que ainda hoje me causa arrepios.

 

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1 de Novembro é O Dia do Pão por Deus

«É no Dia de Todos os Santos que as crianças saem de manhã bem cedo às ruas em pequenos grupos e pedem “Pão por Deus” de porta em porta. É uma tradição antiga com raízes semelhante às do dia das Bruxas ou Halloween (dos países anglo-saxónicos), no qual as crianças batem às portas pedindo doces ou travessuras.

As oferendas aos mortos são comuns em diversas culturas. O peditório do Pão por Deus no nosso país está também associado a essa tradição de oferenda aos defuntos e ocorre ainda hoje. O Dia de Todos os Santos era já chamado o Dia do Pão por Deus no século XV. Este hábito reforçou-se após o terramoto de 1755 que destruiu grande parte de Lisboa justamente no Dia de Todos os Santos.

Esta tradição de partilha manteve-se ao logo dos tempos, estendendo-se a todo o país. Em alguns zonas são feitas broas dos santos ou bolinhos para oferecer a quem pede – por isso, este dia também é conhecido como o “Dia do Bolinho“.»

 

Não era costume lá em casa ir pedir o Pão por Deus. Fui apenas com as meninas da catequese porque fazia parte, e entregávamos os saquinhos na Igreja para o seu conteúdo ser dividido pelos pobres da paróquia. Depois de fazer a Primeira Comunhão e mudar de escola, pedi ao meu pai e à minha mãe para seguir os ensinamentos apenas nas aulas de Religião e Moral. A maior parte das pessoas a quem se pedia o Pão por Deus dava pãezinhos embrulhados, fatias de bolo, bolachas e peças de fruta.


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Hoje assinala-se O Dia Mundial do Veganismo 

«O Dia Mundial do Veganismo, ou Dia Mundial Vegano, é comemorado neste 1.º de Novembro.

O veganismo não aconselha a ingestão de alimentos de origem animal e derivados, como leite e ovos, por exemplo. Os veganos são ainda mais extremistas que os vegetarianos. Não utilizam absolutamente nada que tenha relação com os animais. Isso inclui roupas, cosméticos e até medicamentos.

A data surgiu em 1994, por intermédio de Louise Wallis, presidente da Vegan Society, em comemoração aos 50 anos da fundação da Sociedade Vegana do Reino Unido, fundada em 1944.»

 

Pondo toda a minha experiência gastronómica em retrospectiva, concluo, com grande pesar, que nunca seria vegan. Provavelmente viveria uma vida mais saudável, quiçá mais feliz, mas não é a minha praia, de todo. 

Com a perspectiva de vir a ter uma vegan na família, pesquisei uns pratos e tive agradáveis surpresas. Deixo aqui um que até se come bastante bem. Só tem um problema, aquela sensação do conforto da barriga cheia, não nos faz companhia para o café.

https://www.tastelife.tv/recipe/healthy-root-veggie-burgers_47384.html

 

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Começa hoje O Movimento Do Movember (dura todo o mês)

«Ao longo do mês que hoje começa, pelo mundo fora, decorre o Movember. É um movimento que alerta para os cancros exclusivamente masculinos, como o da próstata ou o do testículo, mas também alerta contra a doença mental e prevenção do suicídio. Pretende-se movimentar esforços para ajudar os homens a viverem mais tempo, a serem mais saudáveis e mais felizes.
A Fundação Movember, existente desde 2003 na Austrália, é a organização de beneficência que activou este projecto propondo aos homens que deixem crescer o bigode, de forma simbólica. Mais informações na seguinte ligação: https://ex.movember.com/pt
 
Queremos homens saudáveis, carago! O toque rectal continua a ser tabu para muitos homens. Torna-se uma afronta, um procedimento complicado, apenas pela sua simplicidade. É absolutamente necessário cortar as amarras dos preconceitos primordiais e pensar em si.
Quanto à doença mental, afecta todos, humanos e bestas. É preciso estar atento, nunca entrar em negação e aceitar que se tem um problema. Em todas as doenças a aceitação é a chave para iniciar a recuperação.

 

(Imagens Google)

Hoje é dia de

Maria Dulce Fernandes, 16.06.22

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Este ano, no dia 16 de Junho, celebra-se O Dia do Corpo de Deus

"O Dia do Corpo de Deus é um feriado nacional religioso que se celebra sempre a uma quinta-feira.

A data ocorre na segunda quinta-feira a seguir ao Domingo de Pentecostes e, portanto, celebra-se anualmente entre 21 de Maio e 24 de Junho.

Enquanto o Pentecostes é celebrado 50 dias após a Páscoa, o Corpo de Deus é celebrado 60 dias depois.

Desde o século XIII esta celebração iniciou-se por ocasião das visões de uma freira belga. Em 1264, o Milagre de Bolsena impulsionou a celebração do Corpo de Deus em todo o mundo.

Segundo se conta, um padre que não acreditava na transubstanciação - momento em que as partículas de farinha são transformadas no próprio corpo de Jesus - presenciou sangue a escorrer de uma hóstia, tendo comunicado isso ao Papa.

A data foi instituída pelo Papa Urbano IV em 1264, sendo promulgada em 1317 no Concílio Geral de Viena.

Corpo de Cristo vem do latim Corpus Christi. Trata-se de uma "festa de guarda", devendo os católicos participar na missa."

Tradição secular, o Corpo de Deus é considerado feriado nacional na maior parte dos países católicos. A celebração deste anos, praticamente colada ao 10 de Junho e ao dia de Santo António, deixou Lisboa às moscas por quase dez dias, com filas intermináveis nos acessos às pontes que ligam ao sul.

Acredito piamente que 90% das pessoas que partiram para paragens balneares, e outras nestes chamados feriados juninos, não faz a mínima ideia do que simboliza o Corpo de Deus. 


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Hoje celebra-se   O Dia Internacional das Remessas Familiares

"O Dia Internacional das Remessas Familiares é celebrado anualmente nesta data. Pretende reconhecer a contribuição de mais de 200 milhões de emigrantes para o sustento das famílias nas suas terras de origem.

O tema este ano é «Recuperação e resiliência através da inclusão digital e financeira». Para reconhecer o papel fundamental que as remessas familiares desempenham no bem-estar de milhões de famílias e no desenvolvimento sustentável das comunidades locais, procurando estimular a inclusão digital e financeira.

O Dia Internacional das Remessas Familiares foi proclamado na Assembleia Geral das Nações Unidas em 12 de Junho de 2018".

Trabalhar na cidade, construir na aldeia, ter a velhice assegurada com uma horta e uma capoeira. Este é objectivo primário de quem deixa a origem para trabalhar e garantir um futuro no qual a agricultura e a pastorícia não sejam a sua actividade principal, mas apenas um hobby.

Há muitos anos, num Gaviãozinho quase deserto, quase todos os que deslocaram para trabalhar no litoral alcançaram este objectivo. As casinhas xistosas pontuavam aqui e ali como marcos de um sucesso revisitado quando muito três vezes por ano. 

 

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A 16 de Junho celebra-se  O Dia Internacional do Trabalho Doméstico 

"A 16 de Junho de 2011, a Organização Internacional do Trabalho adoptou a Convenção N.º 189 relativa ao Trabalho Digno para as Trabalhadoras e Trabalhadores do Serviço Doméstico. Esta Convenção foi ratificada por Portugal em Abril de 2015, tendo entrado em vigor a 17 de Julho de 2016.

Um estudo da OIT estimava que em 2010 apenas 10% de quem prestava serviço doméstico em todo o mundo tinha protecção de leis laborais. A grande maioria do serviço doméstico é desempenhado por mulheres (em Portugal, em 2010, correspondia a 98% do pessoal). Muitas são imigrantes."

A minha empregada de há cerca de 20 anos é de Cabo Verde. Somos quase família. Vimos os nossos filhos crescerem, os meus netos nascerem, vimo-nos envelhecer. Em termos de contas, é como manda a lei. Em tempos de confinamento, ela sabia que podia contar comigo, como eu sei que posso contar com ela sempre que me ausento. Além das minhas filhas, é a única pessoa a quem confio as chaves de casa.

 

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No dia 16 de Junho assinala-se O Dia Internacional da Criança Africana 

"Comemorado 15 dias depois do Dia Mundial da Criança, o Dia Internacional da Criança Africana chama a atenção para a realidade de milhares de crianças africanas que todos os dias são vítimas de violência, exploração e abuso.

É celebrado a 16 de Junho pois neste dia, em 1976, registou-se o massacre do Soweto, em Joanesburgo, na África do Sul.

Milhares de estudantes saíram à rua em protesto contra a fraca qualidade do ensino e contra o ensino da língua africâner (usada apenas pela minoria branca do país) e não da sua língua materna. A manifestação, que se queria pacífica, acabou por ser alvo de repressão policial e por resultar em semanas de motins, com centenas de mortos, sobretudo crianças e adolescentes.

É em memória das crianças africanas mortas nesse dia, e em prol das crianças africanas do presente e do futuro, que se instituiu esta data, em 1991.

Todos os anos este dia merece a atenção da UNICEF e de outras organizações mundiais que organizam eventos variados, tendo em vista a defesa dos direitos da criança em África e no mundo."

Do meu ponto de vista, a criança africana não tem mais direito a uma efeméride do que a criança asiática, a sul-americana ou até mesmo europeia. Todos os dias deveriam ser dias para celebrar todas as crianças, porque são indubitavelmente o melhor do mundo.

O comentário da semana

Pedro Correia, 23.06.19

«Quando fui para o Gabão, em 1977, havia uma religião, a católica, e os feriados religiosos eram escrupulosamente respeitados. Sem dúvida educação ministrada a preceito pelos franciús certamente para dissiparem resquícios do São Bartolomeu; e havia os feriados referentes ao próprio país, que também não pecavam por avareza. Dia da Independência, dia da ideia independentista, dia da discussão para o dia da independência, dia do consenso para a independência, dia do presidente, dia do vice-presidente, e por aí adiante.
Um ano depois, a juntar a estes feriados todos, vieram os muçulmanos porque o presidente, antes senhor Albert-Bernard Bongo, decretara o Islamismo no país, - sem abolir o cristianismo, - porque parece que o petróleo tinha mais propriedades energéticas, tendo ele mesmo dado o sublime exemplo de fé e passou a chamar-se senhor El Hadj Omar Bongo Ondimba.
Sabe lá este povo português, eternamente oprimido, o que são feriados.»

 

Do nosso leitor Corvo. A propósito deste meu texto.

O laicismo pode esperar

Pedro Correia, 21.06.19

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De barco na Ria Formosa, ontem, em Cabanas

 

Ontem teria sido um dia muito indicado para os mais frementes militantes do laicismo saírem em defesa desta bandeira, entre indignadas proclamações contra as ingerências religiosas nas leis que regulam o funcionamento do Estado. Mas não lhes ouvi sequer um sussurro. Talvez tivessem feito como eu, a banhos algarvios no feriado nacional que celebrou o Corpo de Deus.

Aposto que agirão da mesma forma a 15 de Agosto, feriado nacional que celebra a Assunção de Nossa Senhora. O laicismo pode sempre esperar.

Voluntariado ao frio

João Pedro Pimenta, 01.11.18

À porta do cemitério, já perto da hora do fecho, e no alto da escadaria de granito na base da qual estão ainda inúmeras bancas de venda de flores, três ou quatro voluntárias da Liga Portuguesa contra o Cancro cumprem a sua missão, pedindo pequenos donativos em "troca" do autocolantezinho da instituição. Estão claramente enregeladas, porque está um tempo desagradável de quasi-chuva, mas mesmo assim não perdem o sorriso e a modéstia, enquanto conversam e vão mostrando os seus smartphones umas às outras (também é preciso passar o tempo). Já ali estão há umas horas e não recebem nada por isso, excepto gratuitidade nos transportes públicos (só hoje e ontem, desde que devidamente identificadas). E lembra-me quando há muitos anos passei pela mesma experiência, antes de achar que tinha outras coisas que fazer, porventura bem menos importantes.

Ao contrário do que dizia a outra, o voluntariado não é treta nenhuma. Treta é inventarmos muitas vezes desculpas para não o cumprirmos.

Dia de Finados e de Todos os Santos

João Pedro Pimenta, 01.11.17

Noutros tempos, o Dia de Finados, 2 de Novembro, servia para que cada um fizesse a sua romaria pessoal aos cemitérios, mas com a extinção do feriado desse dia reservou-se o dever para o anterior, de Todos os Santos, que durante anos recentes também perdeu a dignidade feriadal. Ainda assim, e mesmo com o recuo do gesto de revisitar a memória dos que já morreram, para mais ensombrado pelo mais descontraí­do e mais carnavalesco Halloween, uma coisa vinda do imaginário celta/new age das Américas que pouco atingiu a minha geração, grande número de pessoas continua a fazê- lo. Outros não o fazem, por mudança de hábitos, desconhecimento, pela pouca importância que dão ao assunto, ou porque o medo da morte simplesmente os incomoda, uma coisa muito frequente nestes dias de intenso materialismo e de fuga ao natural fim da vida (embora paradoxalmente haja um certo gosto pelo macabro e pelo mórbido). Mas outros continuarão sempre a fazê-lo. É bom que este hábito se mantenha, pela memória, pelo respeito e saudade dos que nos deixaram, e porque afinal nenhum de nós vai ficar cá para sempre. E os cemitérios não têm necessariamente de ser locais de morbidez, como os ultra-românticos tanto gostavam; podem muito bem representar cenários de reflexão, de silêncio e de paz, coisas tão necessárias e terapêuticas à mente humana. Pela minha parte, e porque tanto um como o outro dia me tocam por fortí­ssimas razões pessoais e familiares (uma delas intrinsecamente relacionada com a própria data), não deixarei nunca de os recordar e celebrar.

 
(Publicado originalmente aqui, há dois anos, com ligeiras actualizações)

É fazer as contas, como dizia outro

Rui Rocha, 06.06.16

Fazendo umas contas por alto, um ano tem cerca de 250 dias úteis. Se tivermos em conta que o direito a férias remuneradas corresponde a 22 dias por ano, sobram coisa de 228 dias úteis para trabalhar. A redução do horário de trabalho na função pública para 35 horas semanais corresponde a menos 1 hora de trabalho por dia. Isto é, o empregador Estado acaba de somar aos 22 dias úteis de férias normais mais uma "dispensa" equivalente a cerca de 28 dias por ano (1 hora x 228 dias de trabalho / 8 horas diárias de trabalho = 28,5). Exacto. É o que acabaram de ler e que repito para o caso de não ter ficado claro: é de uma medida equivalente a um acréscimo de 28 (vinte e oito) dias de férias anuais para cada funcionário público que estamos a falar.

Para reflectir neste feriado

Pedro Correia, 26.05.16

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Procissão do Corpus Christi em Lisboa, com a presença do Rei D. Manuel II (1908)

 

É o dia certo para aplaudir outra medida do Governo. Esta tem uma importância acrescida no plano simbólico, o que a torna ainda mais digna de realce. E - tal como a do Simplex 2016, que saudei aqui - também tem um impacto directo na vida dos portugueses. Refiro-me à reposição das quatro datas do calendário laboral que haviam sido retiradas em 2012 da lista dos feriados nacionais - sem uma justificação plausível, sem resultar de imposição dos credores externos que tutelavam as nossas finanças públicas, sem sequer um estudo de impacto orçamental que as tornasse credíveis no estrito plano contabilístico. Foi um erro lapidar do anterior Executivo: nos momentos de crise, há que fazer um apelo reforçado aos valores comunitários que estes feriados de algum modo celebram.  "Uma coisa completamente tonta", como na altura salientou Marcelo Rebelo de Sousa.

Sendo justo e acertado o aplauso a António Costa por ter anunciado de imediato o regresso ao bom senso neste domínio, não pode passar sem um severo reparo crítico a atitude pusilânime da hierarquia católica, que há quatro anos acedeu sem um sussurro de protesto à supressão do Dia do Corpo de Deus e do Dia de Todos os Santos - datas solenes do calendário litúrgico e com longa tradição de prática votiva entre nós - da lista de feriados oficiais.

Assistia plena razão à Igreja, no plano institucional e moral, para reclamar contra o banimento oficial das duas festas cristãs que forçou até uma troca de documentos diplomáticos entre Lisboa e o Vaticano por incluir matéria contida na Concordata, tratado internacional celebrado entre o Estado português e a Santa Sé. Mas optou pelo silêncio, como se lhe fosse indiferente a opinião da cidadania católica e não entendesse o grave precedente que aquela decisão governamental abria no equilíbrio sempre delicado entre um Estado aconfessional e uma sociedade com matriz religiosa.

Esse perturbante silêncio de então contrasta de forma chocante com o alarido actual em torno das previstas alterações ao modelo dos contratos de associação celebrados entre o Ministério da Educação e algumas dezenas de estabelecimentos escolares, parte dos quais geridos pela Igreja. Apetece perguntar como Jesus no Evangelho: "O que vale mais? O ouro ou o santuário que tornou o ouro sagrado?" (Mateus, 23-17)

Matéria que justifica meditação neste dia que volta a ser feriado.

Chapeau!

Luís Menezes Leitão, 30.03.16

 

Infelizmente muitas vezes tenho que dar razão aos que dizem que Portugal tem a direita mais estúpida do mundo. Na verdade, imensas vezes vemos à direita serem praticados actos gratuitos, que irritam profundamente as pessoas comuns, e que nem sequer trazem qualquer benefício para o país, resultando apenas da teimosia dos governantes. Infelizmente muitas vezes não há, porém, espírito crítico para evitar esses disparates, acabando por produzir o afastamento dos partidos da área do poder durante muitos anos.

 

O governo de Cavaco SIlva já no seu estertor foi um perfeito exemplo disso. Uma das medidas mais loucas que adoptou foi fazer Portugal seguir o fuso horário de Berlim em ordem a facilitar os contactos com os nossos parceiros europeus. Só que isto obrigava os portugueses a levantar-se de madrugada, sair dos empregos no pico do calor, e ter sol até depois das 23 horas. E mesmo depois de se ver isso, o governo foi incapaz de emendar o disparate, não querendo saber da irritação que estava a causar nas pessoas.

 

Outro exemplo dos disparates do governo de Cavaco Silva foi ter abolido a tolerância de ponto no Carnaval, gesto que ninguém entendeu. Nesse dia, o PSD perdeu vinte pontos nas sondagens, e ficaria arredado do governo por sete anos, sendo que o próprio Cavaco perderia as presidenciais, só regressando 10 anos depois. Há gestos que custam caro a quem os pratica.

 

Passos Coelho não resistiu a fazer um disparate semelhante com a abolição dos feriados, neste caso com a gravidade de mexer com símbolos nacionais importantíssimos para a comunidade, como a implantação da República a 5 de Outubro ou a Restauração da Independência a 1 de Dezembro. Mais uma vez, tratou-se de um gesto gratuito, sem qualquer benefício e que só poderia trazer custos eleitorais. Mas Passos Coelho comportava-se como um iluminado e tinha o fanatismo próprio dessa estirpe. Por isso foi incapaz sequer de reconhecer o erro e repor os feriados no final do seu mandato. Se o tivesse feito, talvez não existisse hoje um governo de esquerda. Mas, como Passos Coelho sempre disse que se estava a lixar para as eleições, acabou por se lixar a ele próprio e ao PSD no seu conjunto.

 

António Costa é que percebeu muito bem o valor dos símbolos nacionais e não hesitou em repor imediatamente os feriados, nem sequer querendo saber do período de transição que a lei estabelecia. Mas fez mais do que isso. Aproveitando as hesitações de Marcelo Rebelo de Sousa resolveu referendar o diploma, o que é uma simples formalidade, em cerimónia pública no Palácio da Independência. Com isso, não apenas capitalizou o erro de Passos Coelho a seu favor, mas deu-lhe um tiro mortal no seu autoproclamado estatuto de primeiro-ministro no exílio. Isto é a política pura e dura. Chapeau!

Fernanda, explica lá esta coisa dos feriados religiosos

Rui Rocha, 05.01.16

Duas hipóteses

José António Abreu, 05.12.14

Depois do corte de quatro feriados anuais a todos os trabalhadores, só existem duas hipóteses lógicas (e, diga-se, não mutuamente exclusivas) para explicar a concessão aos funcionários públicos de dois dias de tolerância de ponto no curto período de tempo que já inclui o dia de Natal e o primeiro de Janeiro: eleitoralismo (caso em que ou o governo é extraordinariamente ingénuo ou os funcionários públicos de uma volubilidade assustadora); a assumpção de que dois dias de trabalho são muito mais importantes no sector privado do que no público.

1º de Dezembro

Pedro Correia, 01.12.14

Espero que no próximo ano o mais antigo feriado civil português volte a ser o que já foi. Pondo-se fim a uma das mais absurdas decisões desta legislatura.

Um Estado que preza a soberania nacional, princípio expresso no artigo inaugural da Constituição da República Portuguesa, deve orgulhar-se da efeméride que evoca a restauração da independência: o 1º de Dezembro tem de regressar à lista dos feriados oficiais.

Isso vai acontecer, não tenho a menor dúvida.

5 de Outubro

Pedro Correia, 05.10.14

Espero que no próximo ano volte a ser o que já foi. Pondo-se fim a uma das mais absurdas decisões desta legislatura.

Um governo republicano deve orgulhar-se da república: este dia tem de regressar à lista dos feriados oficiais. Isso vai acontecer, não tenho a menor dúvida.

Feriados, tolerâncias de ponto e outras coisas

Sérgio de Almeida Correia, 05.12.13

Imagino que a três semanas do Natal, com os pagamentos por conta para serem realizados, com salários, subsídios e pensões de reforma cortados, e ainda por cima com um desemprego que não há maneira de atingir patamares negociáveis, o estado de espírito da maioria dos portugueses não será o melhor.

De qualquer modo, quanto mais não seja para os teóricos e práticos do miserabilismo nacional que pensaram que seria possível aumentar a produtividade cortando nas datas históricas e religiosas em que se revê boa parte da nação, gostaria de trazer até vós este calendário de feriados e tolerâncias de ponto de Macau. E, já agora, o mapa de férias que nesse mesmo portal a entidade que tutela a função pública dessa Região Administrativa Especial da RPC fez publicar. Seguramente que não há contraste maior com o que se passa em Portugal.

Enquanto em Portugal se desvalorizam datas como a Restauração e o Cinco de Outubro, aqui, em terras de Buda, comemora-se a Imaculada Conceição - por respeito para com a herança portuguesa, as comunidades católicas e a tradição cultural da terra -, ao mesmo tempo que se festeja o dia a seguir ao dia da implantação da República Popular da China.

Convirá, no entanto, acrescentar que apesar de tantos feriados o PIB de Macau aumentou 10,9% no 3º trimestre de 2013 e que a taxa de desemprego é de 1,9%, de acordo com os dados disponíveis na página do respectivo serviço de estatísticas. Bem sei que a inflação está nos 6,18%, mas quem não gostaria de ter em Portugal, para além daqueles feriados, estes números do desemprego?

Já agora tomem nota que as Linhas de Acção Governativa para 2014, que continuam a ser vivamente criticadas e muito discutidas, prevêem uma injecção por parte do Governo na conta individual da segurança social (previdência) de cada residente qualificado de MOP $ 10000,00 (dez mil patacas), uma outra injecção adicional nessa mesma conta de MOP $ 7000,00 (sete mil patacas), uma comparticipação pecuniária anual de MOP $ 9000,00 (nove mil patacas) por residente, uma subvenção às tarifas de energia eléctrica de MOP $ 200,00 (duzentas patacas) por mês e por unidade habitacional, uma isenção da contribuição predial urbana até MOP $ 3500,00 (três mil e quinhentas patacas) por residente, uma isenção de pagamento de imposto de selo sobre a transmissão de imóveis habitacionais até 3 milhões de MOP por residente permanente que não possua outros imóveis, um subsídio para idosos de MOP $ 7000,00 (sete mil patacas) por ano, uma pensão para idosos de MOP $ 3000,00 (três mil patacas) por mês...

Enfim, poupo-vos ao resto, designamente ao quadro vigente em matéria de impostos sobre o trabalho. Quem quiser poderá consultar as LAG e tudo o mais na Internet.

Em todo o caso, seria bom que alguns senhores que em Portugal defenderam o empobrecimento generalizado da população, de maneira a colocar os portugueses numa situação do tipo albanês pré-queda do Muro de Berlim, ao mesmo tempo que aproveitavam a oportunidade para se mudarem de Massamá para Oeiras, atentassem noutras realidades que sendo longínquas nos estão tão próximas. E, já agora, que ao menos fizessem contas e não se enganassem no resultado final.

Já nem lhes peço para pensar porque isso também se sabe que é coisa que aquelas cabecinhas não ousam. Quem não o fez antes na escola, nem no partido, nem depois de vencer eleições e multiplicar as asneiras enquanto governo, ignorando inclusivamente os conselhos dados à borla pelos " Rios", "Mendes" e "Marcelos" do seu próprio partido, dificilmente alguma vez o aprenderá a fazer.


(MOP $ 10,00 equivalem grosso modo a € 1,00)

Primeiro de Dezembro, dia da vergonha.

Luís Menezes Leitão, 01.12.13

 

Considero uma verdadeira vergonha nacional que o dia da Restauração da Independência tenha deixado de ser comemorado no nosso país. Os nossos governantes, que põem a bandeirinha de Portugal na lapela, mostram-se afinal absolutamente incapazes de respeitar o legado que lhes deixaram todos aqueles que deram o seu sangue para que Portugal continuasse a ser um país independente. O Dia da Independência é hoje em 2013 um dia da vergonha. Vergonha que só acabará quando esta gente for toda para casa e seja revogado o infame diploma de extinção dos feriados que insultou assim os símbolos nacionais.