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Delito de Opinião

Isto não está a mudar

João Carvalho, 09.08.11

«A conservação de um troço da Linha do Tua por voluntários e o "comboio-farmácia" são projectos para criar um novo modelo social dos caminhos-de-ferro — relatou o Movimento Cívico pela Linha do Tua (MCLT).» Portanto, isto não está a mudar, porque já o ex-ministro Mendonça queria comboios e mais comboios e, no fim, ficámos com menos comboios do que havia antes.

Bom... algo está a mudar: o ex-ministro Mendonça já não aparece nas televisões com balelas. Felizmente. De resto, Portugal já está a mudar: leiam a notícia toda a partir do link e vejam as ideias meritórias daquele MCLT, bem como a receptividade (mudança das mudanças) da CP às propostas.

Quando fosse grande

João Campos, 01.06.11

Houve um momento da minha infância - não sei precisar quanto tempo durou - em que dizia querer ser, quando fosse grande, maquinista de comboios. Gostava de comboios, nada a fazer. Foram muitas as viagens até Beja (ainda sou do tempo em que os comboios chegavam a Beja, vejam bem) e até ao Algarve nas velhinhas automotoras. É certo que, durante a infância, momentos houve em que outras opções profissionais também se afiguravam fascinantes, como a paleontologia (obrigado, Spielberg), mas olhando hoje para trás, a mais viável teria sido mesmo a carreira de maquinista. Enfim, chegada a adolescência optei pelas Humanidades, e mais tarde pela Comunicação. Má escolha. Tivesse eu ingressado na CP e não só teria uma vida mais simples, certinha entre carris e o pouca-terra pouca-terra da locomotiva, como também estaria agora de papo para o ar, a gozar umas belas férias greves desde finais de Fevereiro, o que seria excelente para voltar a colocar os meus sonos em dia. Ainda irei a tempo de uma transição de carreira?

Retrato da bitola estreita

João Carvalho, 30.04.11

A REFER, empresa pública que gere a rede ferroviária nacional, fechou o ano de 2010 com resultados líquidos negativos de 146,5 milhões de euros, os quais foram agora conhecidos e traduzem um exercício que fica marcado pelo aumento do endividamento.

Não foi a REFER uma das empresas públicas que quiseram fugir à redução dos vencimentos por se achar cheia de razões para não cumprir a legislação que o determina? Gosto do slogan da REFER: "Vias para o Futuro". Traduz o futuro dourado dos gestores que pagamos.

Já agora: que e quantos aumomóveis têm os administradores da REFER e há quanto tempo? Que tal premiá-los com um TGV para cada um com uma ajudinha da RAVE, a empresa pública da "grande família" que gere a rede nacional de alta velocidade que não temos?

A propósito: CP, REFER, RAVE e IMTT — alguma destas instituições públicas, tão necessárias para gerir a fantástica rede ferroviária que ainda nos sobra do século XIX, não dá prejuízo?

Copo meio cheio

João Campos, 23.03.11

Vai para três semanas que tento ir visitar a terra, sem sucesso. A CP decidiu meter férias em Março, que é como quem diz, decidiu fazer uma greve intermitente que, para cristalizar a minha crença nas Leis de Murphy, tem "suprimido" os únicos comboios que posso apanhar para Sul sem necessidade de faltar ao trabalho (o último de sexta e o primeiro de sábado). Tem sido irritante, é verdade, mas também tem um lado positivo. Com a crise que para aí vai, se de repente avistar uma luz no fundo do túnel posso respirar de alívio. Um comboio não será de certeza. 

O deserto, pois claro

João Campos, 18.01.11

A CP acabou com a ligação de Intercidades entre Lisboa e Beja. Ao que parece, a ligação ferroviária entre a capital e aquela cidade alentejana deverá ser feita no Intercidades Lisboa-Évora, até Casa Branca (quando este comboio retomar a circulação, actualmente interrompida por obras na linha), e depois um regional - uma automotora vintage, se me permitem o eufemismo - até Beja. Enquanto as obras não estão concluídas, quem quiser ir de Lisboa a Beja de comboio terá de apanhar um Intercidades até à Funcheira (para quem não sabe, a Funcheira é apenas uma estação, literalmente - não tem mais nada), e depois o Regional até Beja, num percurso que demora mais de três horas. Porreiro, pá.

Ao que parece, a população de Beja quer boicotar as Presidenciais como protesto pelo fim do Intercidades. Não devia ser só a população de Beja, mas sim de todo o Alentejo. Até porque, muito sinceramente: dadas as mais recentes tropelias ferroviárias, alguém acredita mesmo que a ligação ferroviária entre Lisboa e Évora volte a ser restabelecida?

E torno a perguntar: se é para isto, vale a pena o tê-gê-vê?

CP: uma empresa ao serviço do défice

Sérgio de Almeida Correia, 23.09.10

 

Ainda recentemente, o Pedro Correia deu o devido destaque a uma notícia do Diário Económico que nos dava conta da CP - Comboios de Portugal EPE ser a empresa do Estado com mais cargos de chefia na sua estrutura. E que cada um desses chefes ganhava em média € 3.100,00 brutos.

De uma empresa com tantos chefes e a ganharem tão bem face àquela que é a média salarial nacional, o mínimo que seria de esperar era que tivesse um serviço de atendimento ao público aceitável.

O Alfa Pendular que esta manhã saiu de Lisboa-Oriente às 08.40, ficou parado no Pinhal Novo por volta das 09.40. Motivo: furto de cabos eléctricos. Entretanto, prosseguiu viagem e era suposto ter chegado a Faro às 11.55.

Sabendo do atraso, tentei telefonar para a estação de Faro para saber a que horas chegaria ao destino. Acontece que o número de telefone da estação de Faro não existe em parte alguma. O site da CP não tinha qualquer informação, a lista telefónica da região também não. Informações sobre os atrasos dos comboios nicles.

Vai daí liguei para o 808208208. Uma gravação mandou-me escolher uma opção, o que fiz, ficando depois durante cinco longos minutos a ouvir música. Quando finalmente me atenderam e eu perguntei se me sabiam dizer a que horas o Alfa chegava a Faro a menina disse-me que não tinha essa informação e que se havia atraso seria momentâneo.

Disse-lhe que não, que não era momentâneo, que já eram quase 13 horas e que o Alfa ainda não tinha chegado a Faro embora a chegada pelo horário estivesse prevista para as 11.55. Pedi-lhe então o número de telefone da estação de Faro. A menina respondeu-me que não havia números de telefone nas estações porque tinham acabado com eles.

Por sorte, uma vez que em regra não há rede dentro do Alfa, consegui falar com quem vinha nesse comboio que me informou, por volta das 13 horas, que o comboio ainda não tinha chegado a Albufeira, mas que previsivelmente estaria em Faro por volta das 13h e 30m.

Ciente, uma vez mais, quanto à qualidade do serviço da CP e à sua completa inutilidade relativamente aos serviços que devia prestar aos utentes, a única coisa que me apetece perguntar é por que razão não a fecham? Era preferível fechá-la, mandar os seus inúteis chefes todos para casa e fazer uma nova, de raiz, com os quadros necessários, competentes e que estivessem dispostos a trabalhar.

É que nem sequer vale a pena reclamar destas situações fazendo uso do livro respectivo. Todas as que até hoje fiz tiveram todas o mesmo resultado: um sms a dizer que estão a analisar o problema. 

Perante isto fica a certeza de que a CP não é uma empresa. A CP é um desastre ambulante que custa rios de dinheiro aos contribuintes e que para tal conta com a conivência dos ociosos dos sindicatos, com a irresponsabilidade dos partidos políticos, com a complacência dos sucessivos governos e, acima de tudo, com a tremenda falta de cultura cívica dos seus utentes.

Portugal ferroviário

João Campos, 23.08.10

É em Portugal, país cujo Governo quer construir um TGV (Lisboa, praia de Madrid - lembram-se?), que um comboio Intercidades é incapaz de fazer o percurso entre Lisboa e Faro dentro do horário previsto. Há semanas que o comboio no sentido Sul-Norte não chega a horas à Funcheira, registando sempre atrasos a variar entre os cinco e os vinte e cinco minutos. É também Portugal o país que tem metade - pelo menos - das estações ferroviárias encerradas (mesmo naquelas onde o Intercidades tem paragem, como Alcácer do Sal, Grândola, Funcheira e São Bartolomeu de Messines), obrigando os passageiros que embarquem nessas estações a tirar o bilhete no interior do comboio, com o revisor. Pior: esses passageiros são, para todos os efeitos, passageiros de segunda, pois ao embarcar sem bilhete, estão sujeitos à disponibilidade de lugares do comboio. Ou seja, um lugar livre pode ser ocupado na estação seguinte, e o passageiro que entrou na estação encerrada que viaje de pé, se não encontrar outro lugar. Pior ainda: é também Portugal o evoluído país em cujos comboios se aplica a máxima "criança não paga mas também não anda". Dito de outra forma: crianças até aos seis anos não necessitam de bilhete, mas também não ocupam lugar; e em dias de comboio esgotado, têm de dar lugar a outros passageiros. Não, não estou a brincar. É neste belo país, de transportes rodoviários modernos, pontuais, com bom serviço e boa cobertura do território nacional, que um iluminado Governo quer gastar milhões num inútil comboio de alta velocidade. Faz todo o sentido: se o serviço tem de ser mau, ao menos que ande depressa.

Brincar aos comboios (II)

João Campos, 05.05.10

Ainda a propósito deste post, e do bom debate que gerou no Praça da República. É natural que a discussão sobre os comboios no Alentejo não se esgote na carruagem bar - sim, é verdade que nos comboios que ainda dispõem do serviço os preços são francamente caros (o que até compreendo), mas isso de haver ou não haver bar é apenas um detalhe. Podemos ver a questão por onde creio ser mais importante: no Alentejo (e estou a falar da realidade que conheço, e que me afecta), o serviço de comboios tem vindo a piorar, até chegar a um ponto em que serve praticamente ninguém.

 

Vejamos: o Alfa Pendular não faz uma única paragem no Alentejo - quando sai do Pinhal Novo só volta a parar... em Tunes, no Algarve. Os serviços de Intercidades vão sendo cada vez mais raros nas ligações a Beja e a Évora, e só ainda não levaram uma pancada maior na rota Sul porque o destino final é... o Algarve (no caso, Faro). Ainda assim, não existe uma única paragem no concelho de Odemira, quando existem duas estações disponíveis (Amoreiras-Gare e Santa Clara - Sabóia) e dois apeadeiros. Para esta região em particular, existe o serviço Regional, a versão moderna do antigo Inter-Regional, que ainda há sete anos fazia a ligação Barreiro - Vila Real de Santo António - entretanto, passou a fazer a ligação Pinhal Novo - Faro e agora, tanto quanto sei, o serviço tem apenas o percurso Setúbal - Tunes (estou à espera do dia em que termine definitivamente). Para mim, ou para qualquer habitante do concelho a estudar em Lisboa, já não é opção. O transbordo no Alentejo, para a ligação Funcheira - Beja, tem tempos de espera absurdos. E o transbordo com os transportes rodoviários locais é uma anedota, numa época em que só se fala de conceitos como "sinergias", "transportes intermodais" e diabo a quatro. Voltando a Odemira: se um dos leitores quiser visitar o maior concelho do país, terá de optar pela Rede Expressos (três horas ou mais entre Lisboa e Odemira), ou por uma série de transbordos mal preparados para uma das estações disponíveis - mas uma vez lá, não tem forma de chegar à vila, pois não existe qualquer interligação com os transportes rodoviários (cujos horários são feitos apenas e só em função dos horários dos alunos das várias escolas do concelho). Ou, claro, chama um táxi (se conhecer alguém que lhe saiba dizer o número particular de um taxista), e paga um bom dinheirinho.

 

No interior alentejano, dizem-me, o panorama é ainda mais desolador, com o encerramento de algumas linhas, mas confesso que não conheço a situação (se alguém quiser deixar o testemunho, agradeço). No entanto, não deixa de me fazer confusão que um território tão grande esteja a ser progressivamente abandonado. E, creio, ainda só não o foi de todo porque, goste-se ou não, é necessário passar pelo Alentejo para chegar ao Algarve. Como não deixa de me fazer confusão que se tenha gasto tanto dinheiro num aeroporto pelos vistos inútil, em Beja, cujo projecto irá certamente contribuir para o anedotário local, quando se poderia ter poupado esse dinheiro... ou, caso a ideia não fosse poupar (nunca é), poder-se-ia ter investido esse dinheiro na modernização dos caminhos-de-ferro do Alentejo. Enfim, prioridades...

Brincar aos comboios

João Campos, 02.05.10

Alguns dos mais ilustres "representantes da nação" marcaram presença (expressão horrível; ao cuidado do Pedro Correia) na Ovibeja. Estive por lá, mas não me cruzei com nenhum deles. Como é evidente, também não os encontrei na viagem de ida ou de regresso, porque tais figuras - como o nosso primeiro-ministro, que não me merece a maiúscula, e que vive tão obcecado com comboios de alta velocidade - nunca tornaram a entrar numa estação de comboios depois do cortar de fita da inauguração, e nunca viajaram num "Intercidades" ou num "Regional". Eu faço-o regularmente, e normalmente com gosto, mas é um gosto cada vez mais amargo: o serviço da CP - empresa pública? - piora viagem após viagem. No país que quer tornar Lisboa na "praia de Madrid" por virtude de um TGV que não pode pagar, existem apenas dois comboios "Intercidades" diários entre Lisboa e Beja: um de manhã bem cedo, outro ao final do dia. Nesses comboios, e ao contrário do que acontece nas ligações "Intercidades" entre Lisboa e Faro, e Lisboa e Porto, o bar encontra-se fechado, pelo que um passageiro (ou "utente", como eles agora gostam de dizer) não pode sequer comprar uma garrafa de água. Os alentejanos, como se sabe, são menos que os algarvios ou as pessoas do norte do país, e não merecem bar. O percurso demora duas horas e dez minutos, em linha não electrificada a partir do Pinhal Novo. Como tem sido hábito, as estações de comboio de zonas "do interior" estão fechadas. Ou seja, as antigas estações de comboios de Vendas Novas, Casa Branca, Vila Nova de Baronia e Cuba estão ao abandono (como acontece com as outras estações de comboios alentejanas: Grândola, Alcácer do Sal, Funcheira, para mencionar apenas as maiores). Também a de Beja está, apesar de nela ainda se venderem bilhetes; e os belíssimos azulejos da estação da capital alentejana estão estilhaçados, sem brilho, esquecidos. Digo que a estação de Beja ainda funciona, no sentido de que ainda lá se vendem bilhetes, mas num horário muito peculiar: a bilheteira encerra às seis da tarde, quando o último comboio parte daquela estação... às sete e um quarto, o que faz todo o sentido. A solução que resta aos passageiros neste  é comprar o bilhete no comboio, quando o revisor passar. Mas bem podem esquecer o pagamento com Multibanco, até porque nem na estação, nem nas imediações da estação, existe uma máquina ATM ao serviço dos passageiros.

 

É assim que está a ferrovia no Alentejo, que (ainda) é território de um país que quer ter alta velocidade. Faz sentido, não faz?

 

(A ligação ferroviária entre Lisboa e Beja irá ser interrompida devido a obras, e a empresa irá assegurar o transporte de passageiros por autocarro, durante a interrupção. Não consigo deixar de pensar que isto pode ser uma das "manobras" da CP para acabar com os comboios para Beja sem haver muito barulho. Espero que este meu receio seja injustificado.)

Não é minha nem é Tua...

João Carvalho, 10.02.10

Notas sobre carris

João Carvalho, 15.11.09

PhotobucketO Luís Miguel dedicou um simpático post ferroviário ao DELITO DE OPINIÃO no seu Cantinho dos Com-boios, que está em fim de mandato como nosso Blogue da Semana. Pelo movimento que a escolha gerou durante a semana, só falta dizer a quem não foi lá espreitar que vale a pena a visita. Ainda por cima, o post inclui três vídeos interessantes e bem rodados.

 

Por falar em comboios: parabéns ao Jorge Rêgo pelo seu Caminhos de Ferro Vale da Fumaça (na nossa barra lateral), que está a fazer três anos e mudou a imagem do cabeçalho. O novo logótipo do blogue volta a ser da autoria de Carlos Romão e demonstra bem que o nosso amigo maquinista e os seus passageiros vão a todo o vapor, lá pelo Vale da Fumaça.

Coincidências e tragédias

João Carvalho, 01.09.09

Mais uma tragédia numa passagem de nível sem guarda. No fim do mundo? Não: na Linha do Douro, entre o Porto e a Régua, perto de Baião. Quatro mortos, três feridos graves.

Longe de mim saber que ainda existem passagens de nível sem guarda em Portugal. Menos ainda que isso fosse possível em regiões populosas e movimentadas. Tenho a certeza de que, após uma tragédia idêntica há tempos, as autoridades garantiram que todos os casos iam ser resolvidos e nunca mais haveria acidentes do género. Tenho a certeza absoluta disso.

Afinal, só naquela região, a Refer tem «um plano que foi acordado com a autarquia há um ano para supressão de cinco passagens de nível sem guarda», bem como (já cá faltava mais um naco de prosa contra a clareza) «garantia de condições de segurança em mais seis». Ou seja: se bem entendo, só por aquelas bandas ainda há onze ou doze passagens de nível sem guarda. Além de uma outra encerrada há apenas seis meses.

O que revolta, nestes casos, é ouvir das entidades que (lá vem mais um naco de prosa contra a clareza) «a passagem de nível do acidente estava a ser objecto de um projecto de execução». O que é que isto quer exactamente dizer, não se adivinha. Porém, uma coisa é certa: em Portugal, quando há desastre, já estava para ser feito, já há um projecto, já ia ser executado, já está em vias de ser planeado, já tinha sido pensado, já foi lançado. Nem sempre com a prosa simples que aqui estou a usar, mas sempre neste sentido da coincidência.

Infelizmente, tornou-se comum a tragédia andar adiantada. Porque as autoridades, essas, têm sempre tudo previsto. Portugal é um país onde as coincidências não há meio de aprenderem a respeitar o calendário de quem manda.

 

ADENDA – A responsabilidade destes casos é da Refer. Por isso é que me lembrei de, há poucos anos, quando a Refer nasceu, a sua administração ter descurado o trabalho durante não-sei-quanto tempo e ter andado ocupada a atribuir-se vencimentos e carrões, com tal pressa e ligeireza que até o fizeram em situação altamente irregular, segundo então foi noticiado. Alguém sabe como é que isso ficou?

Disto ainda há (até ver)

João Carvalho, 23.06.09

[Est-Pinhao-Comboio-Historico-1.jpg]

Foram retomadas as viagens ao Tua (na foto, o comboio histórico está na estação do Pinhão). Aos sábados, desde 30 de Maio até 3 de Outubro, estão reabertas as viagens ao passado. Os detalhes podem ser consultados aqui. Não é uma pechincha, mas há um ano já havia quem dissesse que seria a última época. Portanto, é melhor aproveitar, pois este ano poderá ser a derradeira oportunidade.

A Régua dos romances clássicos, o Douro profundo ladeado pelos terraços de vinhedos e a região que é Património Mundial são retalhos nostálgicos de História que só o velho trem, lamuriento e fumarento, traduz na perfeição. Não se sabe por quanto tempo mais. Vão por mim.

Isto anda tudo ligado

Pedro Correia, 15.04.09

 

CP, viagem Lisboa-Faro. À hora do almoço, na carruagem de primeira classe, o funcionário pergunta aos passageiros se pretendem uma refeição. Pergunto o que há para almoçar. Resposta: "Temos uma ementa criativa. Caldo verde, uma fatia de pizza e cheesecake."

Agradeço a amabilidade do funcionário mas dispenso a "criatividade" da CP, empresa pública que devia promover a gastronomia portuguesa mas que pelos vistos não o faz: misturar o nosso tradicional caldo verde (porque não 'green soup' para agradar ainda mais ao paladar americano?) com o resto equivale ao diploma de "inglês técnico" aplicado à culinária. Talvez por a viagem ser para o 'Allgarve' do ministro Pinho. Isto anda tudo ligado.