Palavras para recordar (69)
LUÍS FILIPE VIEIRA
BTV, 7 de Maio de 2020
«Há um campeonato que o Benfica não pode perder: o da credibilidade.»
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LUÍS FILIPE VIEIRA
BTV, 7 de Maio de 2020
«Há um campeonato que o Benfica não pode perder: o da credibilidade.»
FERNANDO MEDINA
SIC, 20 de Maio de 2019
«Bruno Lage demonstrou ser o homem de quem os jogadores e os adeptos [do Benfica] precisavam.»
Esta noite, após ter visto a sua equipa perder contra um modesto onze açoriano no estádio da Luz com quatro golos sofridos, algo que não acontecia desde 1997, o treinador do Benfica procurou virar o foco da derrota para os jornalistas, usando palavras inaceitáveis. Por serem lesivas da honra e da consideração devidas aos profissionais da informação.
«Às vezes fico a pensar quem é que vocês andam a tentar promover para ficar no meu lugar ou quem é que lhes anda a pagar alguns almoços ou alguns jantares ou algumas viagens para entrar aqui no meu lugar», declarou Bruno Lage numa conferência de imprensa realizada naquele estádio e transmitida em directo para o país inteiro ver, ouvir e fixar.
Para meu espanto, nenhum repórter ali presente contestou de imediato o conteúdo calunioso desta declaração. E nem um só abandonou a sala em protesto contra a grosseria do treinador, como se impunha. Passividade e resignação, comer e calar: eis um exemplo inequívoco de uma classe profissional incapaz de se dar ao respeito. E que não pode queixar-se, portanto, de ser tratada desta forma por um indivíduo que saltou do anonimato para a fama em poucos meses precisamente devido aos jornalistas que agora insulta só porque um jogo lhe correu mal.
ADENDA: A reacção do Sindicato dos Jornalistas. E a da Associação dos Jornalistas de Desporto.
No meu texto anterior sobre livros que inspiram viagens fiquei de contar um episódio ocorrido no Montenegro, ou Crna Gora, como os locais o identificam. Aqui vai ele.
Entrámos neste país vindos da Bósnia e logo à chegada fomos surpreendidos com uma bandeira da União Europeia afixada numa parede do posto de fronteira. Interpretamos como sendo um sinal por parte dos montenegrinos relativo a que bloco político e económico desejam pertencer, o que é especialmente significativo após a sua cisão da Sérvia em 2006, e essa sim tem memórias recentes suficientes para ser anti-NATO, e pró-russa.
Três quartos dos montenegrinos são cristãos ortodoxos. Os restantes são católicos e muçulmanos. Os católicos residem principalmente no litoral, facto que não se pode desligar da proximidade de Itália, nomeadamente da República Veneziana.
Kotor foi classificado Património Mundial pela UNESCO e é um sítio a visitar pelo menos uma vez na vida. A cidade amuralhada ao fundo da segunda baía tem uns traços da medievalidade de Óbidos mas junto à água e rodeada de montanhas. Tem todos os ingredientes para justificar a quantidade de cruzeiros que a visitam e manobram dentro da baía.
A Capela de Nª Senhora das Rochas, construída numa ilha que não é mais que uma imensidão de pedras transportadas pelos marinheiros devotos, é um local único.
A ilha-hotel de Svety Stefan, ligada ao continente por um passadiço, foi visitada ao longo do sec XX, após a “negociada expulsão” dos pescadores que lá habitavam, por inúmeras estrelas de renome mundial.
Podgorica, a antiga Titograd, é a maior cidade do país. O esforço nos melhoramentos é visível. Viajámos após o anoitecer entre Podgorica e Kotor e a estrada era um estaleiro de obras ao longo de quase toda a sua extensão.
A antiga capital do reino do Montenegro é Cetinje. Tem actualmente um décimo da população da capital, mas é o seu centro histórico e religioso. Foi o refúgio seguro contra o poder otomano vindo do interior e os venezianos que dominavam o litoral. Lenda ou facto, os gradeamentos presentes por toda a cidade foram fundidos com canhões capturados aos otomanos.
De forma a fugir à inflação recorde do dinar sérvio, os montenegrinos adoptaram o marco alemão em 1999, ainda antes da secessão da Sérvia. O euro, tal como para nós, chegou naturalmente em 2002.
No censo de 2003, pouco mais de 40% da população declarou ser de etnia montenegrina. Assumiu a etnia sérvia cerca de 30%. Outros inquéritos apresentam resultados diferentes e a explicação resulta da prática religiosa uma vez que, segundo a Igreja Ortodoxa Sérvia, todos os seus membros são de etnia servia. Entretanto, a Igreja Ortodoxa Montenegrina foi restaurada e esta rejeita a associação automática dos seus fieis à identidade sérvia.
O livro que vale a pena ser lido antes desta viagem é, afinal, apenas uma parte do Reinos Desaparecidos de Norman Davies, onde constam alguns dos detalhes que aqui transcrevo mas, além deste, muitos mais sobre a história deste país que foi o único que entrou na Primeira Guerra Mundial do lado dos Aliados e que acabou por perder a sua independência.
Depois de ler vários relatos unânimes sobre a beleza natural deste país, a expectativa era grande e logo desde o início, confirmada. É de facto uma joia que vai sendo muito lentamente descoberta. A travessia do Parque Natural de Durmitor foi memorável, sem menorizar o desfiladeiro do Rio Tara, o maior da Europa, e a incrível baía de Kotor.
A estória que fiquei de contar começa quando chegamos a Podgorica e começamos à procura de uma rede wi-fi onde pudéssemos procurar uma estadia para esse dia.
Ser a maior cidade do país não faz dela uma grande cidade. Conversámos entre nós que era como se Leiria de repente passasse a ser a capital de um país e tivesse de receber todos os serviços inerentes a isso. Algumas embaixadas localizam-se em blocos de apartamentos quase serôdios e as poucas avenidas encontram-se forradas com bandeiras vermelhas com a bizantina águia das duas cabeças.
Uma sequência de restaurantes e cafés pareceu-nos um sítio provável para encontrar internet. A paragem foi curta pois, recorrendo a uma popular aplicação informática, logo encontramos uma promoção dentro das muralhas de Kotor. Vinte e poucos euros para quatro adultos junto ao centro, não se pode pedir mais (ou menos!).
No regresso ao carro... Encontrámos apenas o local onde o tínhamos estacionado! Olhámos incrédulos uns para os outros e verificámos várias vezes se estávamos a procurar no sítio certo. Não havia dúvida; o carro tinha desaparecido! A viagem estava a correr bem e a sorte tinha virado.
Regressámos ao café onde tínhamos estado e contámos o sucedido. Perguntámos se era habitual roubarem carros, ao que nos responderam que naquela rua apenas a Polícia os fazia desaparecer. E eram rápidos.
Lembrámo-nos de que, quando começámos à procura de estacionamento, nos deparámos com um sinal de estacionamento proibido, mas com a indicação horária em que se aplicava. Por não dominarmos a língua servo-croata não entendemos se queria dizer algo como “das 10h às 20h” ou “excepto das 10h às 20h”. A dúvida sobre se poderíamos estacionar ou não, foi dissipada ao vermos várias dezenas de carros ali estacionados.
O nosso tinha sido escolhido no meio dos outros.
No café disseram-nos que, para o recuperarmos deveríamos ir à entrada da cidade, junto a um pavilhão desportivo, onde ficava o parque dos carros rebocados. Escreveram-nos uma nota para mostrar a um taxista e lá fomos nós.
O taxista quando viu a indicação escrita começou logo a rir-se de nós e num tosco inglês disse-nos que em Podgorica só a Polícia é que fazia desaparecer carros.
Chegámos ao parque e dirigimo-nos ao posto da polícia.
Ninguém falava inglês e um dos polícias presentes fez uma chama telefónica para alguém a quem podíamos explicar o que se passava. Relatada a situação mandaram-nos esperar. E ali ficamos por mais de vinte minutos. Para não dar um ar de acomodados, não nos sentamos. Andamos por ali em círculos a falar uns com os outros, não muito alto para não incomodarmos quem não nos entendia, mas não muito baixo para que não se esquecessem de nós.
Após esta espera, chegou finalmente alguém que falava inglês. Mais tarde reparámos que eram oito em ponto e que a sua chegada se devia à mudança de turno.
O polícia, com os seus mais de dois metros, poderia ter pertencido à selecção de basquetebol da Jugoslávia. Quando soube do que se passava começou logo a explicar que os sinais de trânsito eram para cumprir, blá blá, blá... e que em Varsóvia a polícia nunca perdoa nenhuma multa. Nós ouvimos com atenção mas... Varsóvia!!! o que é que este gajo estaria a pensar??
A multa era 50€ pelo estacionamento e 50€ pelo serviço de reboque. Dizer o que nos passa pela cabeça nestas horas só complica as coisas e enquanto olhávamos para cima, a única coisa que víamos eram 25€ a voar bolso fora de cada um de nós.
Sermão terminado, pediu-nos a identificação do proprietário. Quando olhou para o passaporte que lhe demos levantou as sobrancelhas e mandou-o contra a secretária. Abriu as mãos e perguntou:
- São portugueses?!
- Sim.
- Porque é que não disseram logo?
- ...
- Os meus colegas viram o P na matrícula e pensaram que eram polacos.
- Hãaa??
- Não me digam que são do Benfica??
- Hãaa????
Quase automaticamente um de nós abriu a mochila a que chamamos de kit de emergência e, ali mesmo dentro da esquadra, agarrou no cachecol vermelho e abriu os braços.
O gigante fardado sorriu para nós e desatou a explicar-nos que era árbitro de futsal e que tinha estado numa formação em Portugal há uns meses atrás. Antes do regresso tinha ido à Catedral da Luz assistir a um jogo. Falou logo na águia Vitória e que agora até o filho dele já era benfiquista.
Das mãos de um de nós logo apareceu um telemóvel com uma filmagem pessoal do voo da dita águia. Perguntou-nos de que jogo eram as imagens e quando soube que era do recente Benfica-Guimarães disse de imediato: 5-0. Jonas very good!.
Ainda pensámos em abrir uma casa do Benfica em Podgorica, mas como tínhamos um voo de regresso a casa para apanhar em Belgrado daí a poucos dias, a ideia acabou por não vingar.
A conversa ainda durou mais um bocado até o quinto benfiquista do grupo nos informar que só podia retirar uma das duas multas, e assim, poder relatar este belo contratempo passou a custar a cada um de nós 12,50€. Nem foi muito. Tenho histórias bem piores que esta e que foram bastante mais caras.
Antes da tirada nocturna pela estrada em obras até Kotor, ainda fomos jantar ao restaurante muçulmano Pod Volat, que é excelente e que encerrou com chave de ouro a nossa passagem pela capital deste belo país.
Capa do jornal A Bola de 16 de Junho de 2007
«Temos um clube que nos une. Não vou dizer qual, naturalmente, mas é o nosso clube de futebol.»
Fernando Negrão, líder parlamentar do PSD, dirigindo-se ontem ao primeiro-ministro no debate quinzenal da Assembleia da República
A partir de 2ª feira deixam de oferecer camisolas do Eliseu e do Douglas.
Há um par de dias, o Paulo Gonçalves era o "braço direito" de Luís Filipe Vieira. Passou rapidamente a "assessor jurídico" do Benfica e, agora, já vai em "assalariado" do departamento jurídico. Não tarda, sindicaliza-se e aparece-nos nas manifestações da CGTP a lutar pela semana das 35 horas.
Luís Filipe Vieira com Fernando Seara
Se há matéria em que tenho genuína esperança de alteração de procedimentos no PSD, com a chegada de Rui Rio à liderança, é na relação entre o partido e o futebol. No seu mandato de 12 anos à frente da Câmara Municipal do Porto, Rio fez frente com sucesso aos poderes fácticos do mundo da bola que contaminam os circuitos políticos e transformaram vários dos seus antecessores numa espécie de valetes do FC Porto.
Em Lisboa, o novo presidente social-democrata deverá acautelar-se sobretudo com a tendência para uma inaceitável promiscuidade entre o PSD e o Benfica, fenómeno que ficou bem patente - com manifesto inêxito - nas recentes eleições autárquicas.
Luís Filipe Vieira e André Ventura
Numa tentativa quase desesperada de recuperação da popularidade pela via mais fácil e demagógica, o partido apostou em várias figuras ligadas ao reduto encarnado. Desde logo, candidatando à presidência da Câmara de Lisboa Teresa Leal Coelho, que foi administradora da sociedade anónima desportiva do Benfica no deplorável consulado de Vale e Azevedo.
O PSD apostou também, para a Câmara de Odivelas, em Fernando Seara, que durante anos representou o clube da águia em programas de debate na RTP e na TVI 24, além de ter sido frustrado candidato à presidência da Liga de Clubes.
Para a Câmara de Loures, não encontrou melhor do que André Ventura, um jurista que transitou da direcção de campanha de Luís Filipe Vieira à reeleição no Benfica para o painel de comentadores futebolísticos da CMTV, disparando impropérios contra sportinguistas e portistas com a mesma desenvoltura que o levou a estigmatizar a população cigana deste concelho.
Em Oeiras, designou como seu candidato Paulo Vistas, ex-braço direito de Isaltino Morais, que em plena campanha eleitoral utilizou desbragadamente o "trunfo" benfiquista numa tentativa infrutífera de caçar votos, ao apresentar um projecto de uma putativa Cidade Desportiva das Modalidades em parceria com o presidente encarnado, Luís Filipe Vieira.
Paulo Vistas com Luís Filipe Vieira
Quatro candidatos pelo distrito de Lisboa, quatro pessoas ligadas ao Sport Lisboa e Benfica, quatro casos de estrondoso fracasso nas urnas.
Espero que o sucessor de Passos Coelho ponha cobro a isto. Pelo menos tão má como a futebolização da política, é a benfiquização dos partidos - neste caso do PSD, o que aliás lhe retira toda a autoridade moral para criticar o ministro das Finanças por se instalar de borla na tribuna presidencial do Estádio da Luz, em possível colisão com o código de conduta aprovado pelo próprio Governo.
Se Rui Rio inverter esta tendência, irá na direcção correcta. Mesmo que possa irritar alguns dos seus conselheiros, que encaram o futebol como uma espécie de prolongamento da política. Basta aplicar em Lisboa - e no País - o mesmo distanciamento salutar que pôs em prática no Porto.
(créditos: António Cotrim, EPA)
Agora o melhor é irem descansar. Ainda falta a Taça de Portugal e vamos voltar a jogar com aquela equipa que esteve a perder por 3-0 e por 1-0 com os nossos rivais da Segunda Circular e acabou sempre por empatar. Convém ter isso em atenção.
Vós, benfiquistas, que continuais com piadas sobre Jesus para mais em plena quadra natalícia, vós estais a perpetuar a cadeia histórica de repetição das palavras que são a tradução da linguagem da desigualdade e da discriminação. Estais a aderir à tese da lei do mais forte. Dizeis que se trata apenas de liberdade de expressão. Mas a tese deriva de uma mais geral e que se aplica a todas as dimensões da vida. Se achais mesmo que a liberdade de expressão não deve ter limites e que não devemos ceder à autocontenção do discurso, tal não vos é proibido mas define-vos. Vós, benfiquistas, vós sois de direita.
«Eu aposto que José Eduardo Moniz e Rui Gomes da Silva farão parte da lista de Luís Filipe Vieira. Porque Vieira não entra por aí, numa guerra de sucessão. Vieira não vai arbitrar: mete os dois, não deixa nenhum de fora! Eu aposto no totoloto que estes dois estarão lá: é fatal como o destino!»
Rui Oliveira e Costa (confirmando que acerta tanto nos palpites do futebol como nas sondagens políticas), RTP3, 9 de Outubro
A TVI inaugurou esta semana um novo "formato": a entrevista sem contraditório. Anteontem, no seu canal de notícias, esta estação televisiva teve como convidado especial o presidente do Benfica. Durante uma hora e cinco minutos.
José Alberto Carvalho estava lá, em pé, a assistir com um sorrriso embevecido. Mas a entrevista foi conduzida por três adeptos do clube dos encarnados: Domingos Amaral, Pedro Ribeiro e Diamantino Miranda. Sentados ao lado do presidente da agremiação a que pertencem.
Nenhum deles integra os quadros da TVI, tanto quanto sei. E não faltam jornalistas por lá que bem poderiam exercer aquela função. Mas a direcção editorial optou por este original formato, que levou o ex-jogador encarnado Diamantino a dar o pontapé de saída com estas comoventes palavras: "Luís Filipe Vieira é conhecido, entre os benfiquistas e não só, como um dos presidentes - senão o único - que tem demonstrado um grande respeito pelos actuais jogadores e pelos antigos jogadores. E eu posso prová-lo."
Estava dado o tom à nova modalidade: a entrevista puxa-saco. Aguardo agora com interesse as futuras entrevistas da TVI 24. Quando lá tiver o presidente do Sporting, um painel de adeptos leoninos prontos a questionar Bruno de Carvalho. Quando lá for o líder do PSD, um trio de militantes sociais-democratas. Quando lá for o primeiro-ministro, só correligionários de António Costa.
Paz e sossego, conversa mole, solo de violino, manteiga no pão, mais sorrisos embevecidos: infotainment no seu melhor. Espero que da próxima vez seja também dado tempo de antena ao Barbas: porque não há-de ser ele um dos "entrevistadores" de Vieira? Se for preciso até lhe passam carteira profissional de jornalista.
(A Bola)
André Villas-Boas, treinador de uma equipa milionária, exibindo o seu fair play depois de ter levado uma lição de futebol em São Petesburgo e de ter visto o Benfica aumentar o pecúlio de pontos das equipas nacionais no ranking da UEFA, garantindo a presença de SEIS (6) equipas portuguesas nas competições europeias, na edição 2017/2018.