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Delito de Opinião

Podia ser pior

João Pedro Pimenta, 28.06.18
Claro que com a surpreendente eliminação da Alemanha na Rússia sobreveio a esperada vaga de piadas com referências à 2ª Guerra. Mas não é catastrófico: apesar de tudo caiu em Kazan, muito a leste de Moscovo. Já é um progresso.

E podia ser ainda pior: olhem se tivesse perdido em Volgogrado/Estalinegrado ou em Kaliningrado/Koenisgberg, berço da Prússia. As piadas tinham logo o dobro do sentido. Citando uma dessas piadas correntes, já é não é a primeira vez que a Alemanha vai à Rússia mal preparada.

Alemanha: os últimos 50 anos

Pedro Correia, 23.09.17

Recordei aqui quem foram os inquilinos da Casa Branca, ano a ano, durante o último meio século - de Lyndon Johnson, em 1967, a Barack Obama, entretanto substituído por Donald Trump.

Recordei aqui quem foram os inquilinos do Palácio do Eliseu, ano após ano, durante o último meio século - do quase mítico general De Gaulle ao malogrado François Hollande, que não arriscou concorrer a um segundo mandato e viu o seu Partido Socialista implodir.

Recordei aqui quem foram os inquilinos do n.º 10 de Downing Street, ano após ano, durante o último meio século - do trabalhista Harold Wilson ao conservador David Cameron, que entretanto deu lugar a Theresa May, sua correligionária.

Na véspera de os alemães serem chamados às urnas para escolherem o novo parlamento e o Governo que decorrerá do novo elenco no Bundestag, lembro quem foram os chanceleres da República Federal Alemã dos últimos 50 anos. Entre 1967 e 2016.

Volto a dividir este período por cinco décadas, para uma consulta mais fácil. E distribuo assim as cores: vermelho para os chefes do Governo sociais-democratas, azul para os democratas-cristãos.

 

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1967/1976

1967- Kurt Georg Kiesinger

1968 - Kurt Georg Kiesinger

1969 - Kurt Georg Kiesinger

1970 - Willy Brandt

1971 - Willy Brandt

1972 - Willy Brandt

1973 - Willy Brandt

1974 - Helmut Schmidt

1975 - Helmut Schmidt

1976 - Helmut Schmidt

Predomínio claro dos chanceleres sociais-democratas - com destaque para Brandt, que antes fora burgomestre de Berlim e ministro dos Negócios Estrangeiros.

 

 

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1977/1986

1977 - Helmut Schmidt

1978 - Helmut Schmidt

1979 - Helmut Schmidt

1980 - Helmut Schmidt

1981 - Helmut Schmidt

1982 - Helmut Schmidt

1983 - Helmut Kohl

1984 - Helmut Kohl

1985 - Helmut Kohl

1986 - Helmut Kohl

Dois Helmuts dividiram esta década. Schmidt liderou o Governo alemão - então ainda sediado em Bona - mais um ano do que o seu homólogo democrata-cristão.

 

 

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1987/1996

1987 - Helmut Kohl

1988 - Helmut Kohl

1989 - Helmut Kohl

1990 - Helmut Kohl

1991 - Helmut Kohl

1992 - Helmut Kohl

1993 - Helmut Kohl

1994 - Helmut Kohl

1995 - Helmut Kohl

1996 - Helmut Kohl

Domínio absoluto do democrata-cristão Kohl, que liderou o complexo processo de reunificação, reconduzindo para Berlim a capital de todos os alemães.

 

 

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1997/2006

1997 - Helmut Kohl

1998 - Helmut Kohl

1999 - Gerhard Schroeder

2000 - Gerhard Schroeder

2001 - Gerhard Schroeder

2002- Gerhard Schroeder

2003 - Gerhard Schroeder

2004 - Gerhard Schroeder

2005 - Gerhard Schroeder

2006 - Angela Merkel

Outra década dominada por um político social-democrata. Schroeder assegurou sete anos de liderança alemã após o longo consulado de Kohl, que durou mais de década e meia.

 

                              

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2007/2016

2007 - Angela Merkel

2008 - Angela Merkel

2009 - Angela Merkel

2010 - Angela Merkel

2011 - Angela Merkel

2012 - Angela Merkel

2013 - Angela Merkel

2014 - Angela Merkel

2015 - Angela Merkel

2016 - Angela Merkel

Hegemonia total da liderança democrata-cristã na última década, personificada na primeira mulher colocada à frente dos destinos de Berlim. Merkel vai amanhã novamente a jogo.

 

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Balanço: domínio claro dos democratas-cristãos, que ocuparam a chancelaria durante 30 anos neste último meio século. Uma percentagem de 60%.

A CDU (União Democrata-Cristã) teve três líderes no Governo alemão ao longo deste período: Kiesinger, Kohl e Merkel. O SPD (Partido Social-Democrata) teve outros três: Brandt, Schmidt e Schroeder.

Helmut Kohl (1930-2017)

Luís Menezes Leitão, 16.06.17

Depois de Bismarck, Helmut Kohl é seguramente o maior estadista da história alemã. Recebeu um país dividido em dois pela cortina de ferro, com a metade ocidental ainda a expiar a culpa do nazismo, e começou pacientemente a reerguer a Alemanha. Primeiro declarou que a Alemanha ia abandonar a tradicional expiação colectiva, indicando o seu próprio caso pessoal: "Eu tinha 15 anos quando a guerra acabou. Não tenho culpa nenhuma do que se passou lá". Depois foi o primeiro a exigir, após a queda do Muro de Berlim, a imediata reunificação da Alemanha. Enquanto os outros políticos alemães falavam nessa possibilidade como um cenário a longo prazo, e os restantes países europeus o viam como um simples cenário de pesadelo, Kohl exigia uma reunificação imediata. Para a obter, pagou tudo o que lhe pediram por ela. Primeiro, aceitou converter o marco DDR numa paridade 1:1 com o Deutsche Mark, o que fez aumentar enormemente o custo da reunificação. Depois aceitou abandonar o próprio marco a troco do euro, o preço que os parceiros europeus lhe pediram para não se oporem à reunificação, julgando que assim controlavam a Alemanha. Mas o homem que quando atravessou pela primeira vez o muro, proclamou perante a porta de Brandenburgo: "Este é o dia mais feliz da minha vida!", tudo aceitou para devolver à Alemanha o lugar que entendia lhe ser devido na Europa. O estado actual do seu país demonstra bem como ganhou a aposta.

 

Mas Helmut Kohl não era apenas grande em dimensão política, era-o também no excesso de peso que o atormentava, o que encarava com bonomia. Era obrigado a passar as férias de Verão numa clínica de emagrecimento e ao longo do ano ia vestindo fatos de dois tamanhos, um para a altura em que tinha saído da clínica, e outro para quando se aproximava a altura de lá regressar. O seu apetite incontrolável levou a uma história curiosa: Uma vez o seu adversário político Oskar Lafontaine foi atacado por uma louca que o tentou degolar, só por milímetros não lhe atingindo a carótida. Kohl foi informado dessa notícia quando acabava de sair do restaurante onde jantara. A perturbação foi tanta que teve uma quebra de tensão. Como resolveu o problema? Voltou para o restaurante e jantou outra vez.

 

Ironicamente, comentava-se sobre ele que era preferível ter um chanceler alemão que acordava de noite com vontade de assaltar o frigorífico do que de invadir os países vizinhos. Mas essa petite histoire não ficará para a História. Essa só recordará o homem que, através da reunificação alemã, inscreveu o seu nome em letras de ouro na História da Alemanha.

Uma estadista

Pedro Correia, 17.11.16

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O ser humano é determinado pelas circunstâncias, como nos ensinou Ortega y Gasset. Penso nisto muitas vezes a propósito da política. Repare-se em Angela Merkel: há menos de dois anos era ridicularizada pelas bempensâncias de turno, que a caricaturavam como uma gauleiter cúpida e bronca. A esquerda radical chic pintava-a com bigodinho hitleriano e umas tantas sumidades chamavam-lhe “senhora Merkel”, com indisfarçável desdém misógino. "Seja mal-vinda a Portugal", proclamaram em uníssono mais de cem figuras cá do burgo quando visitou Lisboa, em Outubro de 2012.

As circunstâncias operaram uma reviravolta nessa cascata de argumentos primários contra a chanceler alemã. Angela Merkel, que agora recebe Barack Obama em Berlim, emerge da endémica crise de identidade europeia como a única interlocutora válida do continente perante os restantes protagonistas da cena política mundial. Henry Kissinger – pioneiro na abertura da diplomacia norte-americana a outras latitudes – declarou em tempos que desconhecia “o número de telefone da Europa”, aludindo à falta de liderança no Velho Continente. Hoje não voltaria a repetir a frase.

 

Diziam com desprezo que ela só pensava em finanças públicas. Mas não vejo ninguém a conduzir a política com tanto acerto no espaço geográfico em que Portugal se insere.

A chanceler germânica deu uma exemplar lição de dignidade aos seus pares ao acolher generosamente em 2015 mais de um milhão de refugiados – grande parte dos quais fugidos das intermináveis guerra civis no Médio Oriente e no Norte de África – enquanto outros responsáveis políticos europeus, de Mariano Rajoy a Vladimir Putin, lhes fechavam as portas. Pôs a sua popularidade interna em risco, sujeitou-se às críticas da direita mais extremista, viu uma força xenófoba ganhar terreno eleitoral, mas não abdicou dos princípios humanitários em que acredita – moldados na genuína democracia-cristã que funcionou durante três décadas como um dos pilares doutrinários da construção europeia.

Já este ano, revelou idêntica dignidade ao enfrentar a gravíssima crise institucional provocada pelo referendo britânico, reafirmando a sua crença no projecto europeu e reforçando os elos de solidariedade com as economias periféricas da UE. E há dias, na mensagem de felicitações que dirigiu ao recém-eleito Presidente norte-americano, prometeu cooperação institucional a Donald Trump sem abdicar dos “valores da democracia, da liberdade, do respeito pela lei e pela dignidade das pessoas” que constituem conquistas civilizacionais sem recuo, como fez questão de sublinhar.

 

Quem lhe lançava farpas e a transformava em objecto de sarcasmo teve de procurar outros alvos.

Admirada por quem já a contestou, criticada por quem já a enalteceu, respeitada por quase todos. Poucos duvidam de que é uma das raras dirigentes contemporâneas com lugar garantido nos livros de História.

Uma estadista.

O incendiário.

Luís Menezes Leitão, 30.06.16

Na resolução do BES o Estado meteu 3,5 mil milhões de euros, que "emprestou" ao Fundo de Resolução, confiando em que o nosso pujante sistema bancário devolveria o dinheiro. Não só não devolveu nada, como agora o Novo Banco precisa de reforçar o capital em mais 1,4 mil milhões de euros. Como se isto não bastasse, surgiu entretanto a necessidade de resolução do BANIF que custou 3 mil milhões de euros. A isto há que acrescentar as necessidades de recapitalização da CGD que serão no mínimo de 5 mil milhões de euros. 

 

Perante este cenário claro, Schäuble fez uma declaração, que eu até acho simpática, a dizer que Portugal precisa de um novo resgate e que estaria em condições de o ter. A seguir lá lhe puxaram as orelhas, e voltou atrás dizendo que Portugal não vai precisar de qualquer resgate se cumprir as regras europeias que obrigam à consolidação orçamental e à redução do défice. Eu traduzo: Portugal não precisará de resgate se tiver condições para ter um orçamento equilibrado, o que manifestamente não vai ter.

 

Mas entretanto lá surgiu o inevitável João Galamba, a acusar Schäuble de ser incendiário, já que Portugal não precisaria de resgate algum. Só falta agora explicar onde é que vai o país buscar o dinheiro para recapitalizar os bancos. Vai continuar a endividar-se no mercado? Com a dívida que já temos, é a garantia que a breve trecho os mercados se fecham. Vai ligar as rotativas? Enquanto estiver no euro, isso não é possível. É por isso manifesto que o segundo resgate é a única solução. Por isso fariam melhor em ouvir Schäuble, em vez de continuar a viver num mundo de ilusão. Schäuble não pega fogo às finanças da Alemanha, que estão fortes e pujantes. O mesmo já não posso dizer do actual governo português.

Ironias da História

Pedro Correia, 18.09.15

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Schengen entra em colapso devido à pressão sobre as suas fronteiras externas. Depois da Hungria, da Alemanha e da Áustria, também a Eslovénia e a Croácia suspenderam as regras sobre livre circulação, reforçando o controlo policial das fronteiras.

"A Eslovénia tem a obrigação de proteger a fronteira externa de Schengen", sublinhou o primeiro-ministro esloveno, Miro Cerar, anunciando drásticas restrições à entrada de pessoas oriundas de países não pertencentes à UE.

A Croácia, por sua vez, encerrou ontem sete dos oito postos fronteiriços com a Sérvia após a entrada em território croata de mais de 13 mil cidadãos extra-comunitários em apenas 48 horas. "Não temos condições para receber mais ninguém", advertiu o ministro do Interior, Ranko Ostojic. O chefe do Governo croata, Zoran Milanovic, fala mesmo em "despachá-los".

Eslovenos e croatas - que já suspenderam as ligações ferroviárias - mantêm as forças militares e policiais em estado de alerta. Enquanto dirigentes europeus trocam acusações, nenhuma solução se divisa no horizonte.

A larga maioria dos cidadãos deslocados - muitos dos quais são sírios que já estiveram internados em campos de refugiados na Turquia, no Líbano ou na Jordânia - caminha numa direcção precisa: de leste para oeste, de sul para norte. Interrogados pelos jornalistas acerca do destino que têm em vista, todos dizem uma só palavra: "Alemanha".

Ironias da História: há 80 anos, milhões tentavam fugir da Alemanha. Agora outros tantos sonham chegar lá.

A saída da Alemanha do euro.

Luís Menezes Leitão, 18.07.15

 

Num texto mais abaixo, o Sérgio Almeida Correia cita um autor a defender a saída da Alemanha do euro. Essa hipótese já tem barbas, sendo desde 2013 defendida na Alemanha pelo partido Alternativ für Deutschland. Há, por isso, um forte receio que um dia os alemães se fartem mesmo da irresponsabilidade orçamental dos países do Sul e abandonem o euro.

 

É por isso que para aliviar consciências se sugere que seria bom para o euro a saída da Alemanha, uma vez que levaria a uma depreciação da moeda europeia, que hoje é considerada demasiado forte para os países do Sul. Só que as consequências económicas do Germanexit seriam desastrosas, fazendo o Grexit parecer uma brincadeira de crianças. Basta ver que a Alemanha é a quarta economia do mundo e, se esta abandonasse a zona euro, a moeda perderia o seu principal sustentáculo, desencadeando uma forte apreciação do novo marco e uma inflação geral em toda a zona euro sobrante. Por isso, os restantes países do Norte sairiam também a correr da moeda única, que se transformaria assim na moeda descredibilizada do Sul da Europa, aumentando ainda mais a inflação nessa zona. Enquanto que o Grexit geraria inflação apenas na Grécia, o Germanexit provocaria uma inflação galopante em todos os outros países que permanecessem no euro.

 

Um dia assisti a uma conferência de um professor de economia em Dublin sobre as dificuldades que a Irlanda tinha com o euro, defendendo ele, porém, que, apesar disso, se devia manter na moeda única. Pedi-lhe então que contemplasse a hipótese de ser a Alemanha a decidir abandonar o euro. A resposta dele foi elucidativa. Simplesmente, benzeu-se.

Em quatro frases

José António Abreu, 14.07.15

O governo grego perdeu porque, na vigésima quinta hora e após cinco meses e meio de um comportamento que, fosse o Syriza de direita, teria levado as mentes bem-pensantes do planeta a despejar sobre ele uma chuva de acusações impregnadas de desprezo e salpicadas de impropérios, renegou todas as promessas que jurara cumprir. O governo alemão perdeu porque não somente foi mais uma vez coagido a manter no euro quem recusa comprometer-se com as regras deste, num processo que tenderá a arrastar a economia alemã para uma lógica terceiro-mundista, como tem de arcar com a imagem de polícia mau. Hollande ganhou porque saiu das negociações como o polícia bom e, mesmo forçado a aceitar o dano colateral (menor) de obrigar Syriza e Grécia a meter o socialismo na gaveta (até ver), atingiu o seu objectivo de conservar o destino da Alemanha preso ao da França. Quanto à União Europeia e, em particular, à Zona Euro, aparentemente ganhou (oxalá), provavelmente perdeu.

A propósito da Grécia, agora que passou mais um aniversário sobre Lausanne (1932)

Sérgio de Almeida Correia, 12.07.15

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"Dr. Brüning assumed office on March 29th, 1930, with a damnosa hereditas in the shape of the Young Plan, which had been negotiated by his predecessors, and the complete absence of any Budget. In view of the continued refusal of the Reichstag to take the financial situation seriously, Dr. Brüning in July, 1930, took the extreme step of advising President von Hindenburg to utilise his power under Article 48 of the Constitution to prorogue the Reichstag. For the subsequent two years the financial policy of Germany has been directed through a series of Emergency Decrees which by means of a system of increased taxation and drastic economy essayed to balance the Budget. Salaries of civil servants were cut to a point of 10 per cent to 13 1/2 per cent, lower than they were during the years 1927-1930, and the salaries of Reichsministers were decreased by 30 per cent. (...) at the beggining of June 1931 the deficit on the Budget was estimated at some £ 47 million. It was at this moment that Dr. Brüning came to London to the Chequers Conference. For some weeks before he had been urgently advised to declare the inability of Germany to meet her Reparations payments even without the ninety days´notice required under the Young Plan. (...) There can be no doubt, however, that both official and public opinion in Germany expected and believed that he would return from England with the approval of the British Government for the declaration of a moratorium, and it was in preparation for this both at home and abroad that President vom Hindenburg´s Manifesto to the German people was issued on June 6th. (...) These burdens of taxation and economy cuts, together with the complete lack of sucess of German´s foreign policy, provided ample grist for the Nazi mills." - John W. Wheeler-Bennett, The German Political Situation - Address given at the Chatham House on June 20th, 1932, International Affairs (Royal Institute of International Affairs 1931-1939), Vol. 11. No. 4 (Jul. 1932), p. 460-472

 

"Debt crises made the major international depression - the world slump of 1929-32 - much more severe and damaged the international political order. The German collapse is a terrifying demonstration of the long-run political as well as economic effect of debt crises. The German central state and the municipalities had borrowed so much that already in 1929 the most conservative and respectable American bankers had become skeptical about German conditions. `The Germans,` J. P. Morgan, Jr., concluded pithily, were fundamentally `second-rate people`, and he stopped his house from lending. (...) In the summer of 1931, a crisis erupted - caused by massive German capital flight and by German fears of political instability. (...) Despite their restraint in the crisis, the foregin banks were blamed for the collapses (a characteristic illustration of the first principle of debt crises: someone else is responsible for them). In 1932 and 1933, it was one of the most appealing parts of the Nazi party´s propaganda campaings that German´s misfortune was the result of a conspiracy of international and Jewish financiers. And after the Nazi seizure of power, the high volume of foreign debt tied into Germany was even used as a weapon of diplomacy. (...) The German case illustrates a second principle of debt crises as well: frozen debt can be used to devastating effect in a sort of blackmail attempt. The more highly indebted a country - and the more hopeless its situation when it comes to repaying debt - the more likely itis to adopt an agressively nationalist stance, and the more likely it is to believe that the fault lies with the creditors, not the debtors: the creditors should be made pay for their past immorality." - Harold James, Deep Red - The International Debt Crisis and Its Historical Precedents, American Scholar, June 1, 1987, pp. 331-341.    

 

Sabe-se o que aconteceu depois. Lausanne não foi a primeira, nem a segunda, nem a última vez que os alemães, a despeito da sua incapacidade, receberam um perdão de dívida. Este acordo mereceu a oposição dos nazis, que queriam a demissão dos negociadores. Esperavam um perdão total da sua dívida e não apenas parcial. Hoje, uma solução que salve o euro, a face da Grécia e dos credores, recolocando os extremistas no seu lugar, parece ser mais premente do que andar a bater no infeliz Tsípras e no Syriza. Mas há quem não veja isso. A Aurora Dourada, Nigel Farage, Mme. Le Pen, os "nacionais-populistas" lusos, todos continuam à espreita de uma oportunidade. Memória curta, para não dizer outra coisa.

O novo hino europeu.

Luís Menezes Leitão, 24.02.15

 

Não sei se haverá alguma federação de Estados no mundo que aceite submeter-se aos ditames de um único Estado. Ninguém nos Estados Unidos admitiria que o Estado de Nova Iorque passasse a mandar na União, e muito menos os brasileiros permitiriam que o Estado de São Paulo decidisse assumir a liderança do Brasil. Na Europa, no entanto, assiste-se descaradamente a uma assunção da liderança da União Europeia pela Alemanha, por vezes com o apêndice francês, como se viu em Minsk, o que pelos vistos gera inúmeros apoios. Apenas os pérfidos eurocépticos não aceitam o natural direito da Alemanha a mandar na Europa e escandalizam-se estranhamente com os actos de vassalagem a um Ministro alemão, quando ele está a ser contestado no seu próprio governo. É altura de acabarmos com o horrível eurocepticismo e passar a cantar loas à grande liderança prussiana, tão bem representada por Angela Merkel. Vamos passar todos a entoar a Preußenlied como novo hino europeu: "Wir sind ja Preußen, laßt uns Preußen sein". 

Da dignidade do Estado.

Luís Menezes Leitão, 22.02.15

Há uma coisa que há muito se perdeu em Portugal que é o sentido da dignidade do Estado. Mesmo antes do memorando, quando Sócrates foi chamado a despacho a Berlim por Angela Merkel devido à subida dos juros da dívida portuguesa, fui de opinião que um primeiro-ministro de Portugal não se deveria sujeitar a esse tipo de tratamento. E muito menos me pareceu aceitável que quando Sócrates foi derrubado — a meu ver já tarde porque Passos Coelho insistia obstinadamente em mantê-lo no cargo — a chanceler alemã tivesse o descaramento de ir criticar a decisão do parlamento português no parlamento alemão. Estou por isso muito à vontade para achar inaceitável que, entre duas reuniões do Eurogrupo, a Ministra das Finanças vá prestar vassalagem a Berlim, aceitando que o país seja exibido carinhosamente por Schäuble como exemplo a seguir. O governo pode naturalmente tomar as decisões que entender nas reuniões do Eurogrupo, contra ou a favor da Grécia. Mas já não me parece que o Ministro das Finanças de um Estado soberano deva contribuir para uma clara operação de spin do Ministro das Finanças alemão, na altura em que ele é contestado no seu próprio governo, precisamente pela sua instransigência em relação à Grécia.

 

Portugal segue com absoluto fanatismo uma estratégia que está completamente errada e que só pode trazer o desastre. O Syriza é um partido radical de esquerda, que em caso algum deveria estar à frente de um governo europeu. Se o está, é precisamente devido às constantes humilhações a que foram sujeitos os gregos pela troika, humilhações igualmente praticadas em Portugal, como agora Juncker veio reconhecer, para desgosto dos fanáticos que acham que ainda nos submetemos o suficiente. E nesse aspecto, se esta deriva não for invertida, a situação só pode ficar muito pior. As pessoas que hoje festejam a "hollandização" de Tsipras, devem pensar que a seguir a Hollande virá inevitavelmente Marine Le Pen, assim como um falhanço do Syriza na Grécia atirará o país para as mãos do Aurora Dourada. Numa altura em que a Rússia adopta uma nova atitude expansionista, que ameaça redesenhar o mapa da Europa, continuo a achar que os dirigentes europeus estão a brincar com o fogo.

Arrogância e bons sinais

José António Abreu, 05.02.15

É provável que Schäuble repita hoje com Varoufakis a demonstração de falta de respeito que teve há um par de anos com Vítor Gaspar, não se levantando da cadeira de rodas para o cumprimentar. Mas Varoufakis até deverá ler no acto um bom sinal, após deixar abundantemente claro durante a campanha eleitoral grega considerar ter os alemães manietados.

A inapagável palavra Liberdade

Pedro Correia, 08.11.14

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«Et par le pouvoir d'un mot
Je recommence ma vie
Je suis né pour te connaître
Pour te nommer

Liberté.»

 

 

Eu fui lá e vi.

Lembro-me como se fosse hoje. Foi numa manhã fria e cinzenta de Abril, por meados da década de 80. Tinha eu 21 anos e estava em Berlim com três colegas de profissão: a Isabel Stilwell, o Luís Marinho, o Jerónimo Pimentel. Nesse dia fomos ao outro lado. Cruzando o Muro da Vergonha que desde 1961, por imposição dos soviéticos, rasgava a meio a antiga capital do Reich. Como incisão de bisturi na pele, separando bairros da mesma cidade, fracturando ruas dos mesmos bairros, até fragmentando casas das mesmas ruas que permaneceram emparedadas durante aquelas tristes décadas em que Berlim-Ocidental, na certeira definição de John Kennedy, era a fronteira mais avançada do mundo livre.

Cruzámos a linha divisória por via ferroviária, na estação de metropolitano de Friedrichstrasse, após termos sido forçados a trocar marcos ocidentais por marcos orientais artificialmente cotados em paridade pelo regime comunista, à revelia do valor real das moedas, como condição para transpor aquela fronteira artificial na cidade dividida.

Éramos muito poucos a fazer aquele percurso. Quase todos vinham em sentido inverso, de lá para cá. E eram todos velhos, que marchavam num silêncio mais eloquente que mil discursos. A ditadura de Erich Honecker só permitia deslocações de 24 horas a cidadãos aposentados.

 

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Do lado de lá, tudo diferente. A começar pelo muro - na verdade, duas muralhas paralelas (a segunda foi erguida em 1962) separadas por uma extensão de 100 metros, denominada Faixa da Morte pelos berlinenses. Riscado e coberto de grafitos na face virada para Berlim Ocidental, imaculado na metade comunista da cidade, de onde aliás ninguém podia acercar-se dele. Rodeado de redes metálicas electrificadas, implacavelmente resguardado por soldados armados até aos dentes em 302 torres de vigilância dispersas por 66 quilómetros de extensão.

Símbolo sinistro da Guerra Fria.

Símbolo supremo da falência de um sistema que prometia libertar os homens e afinal só os mergulhou na escravidão.

 

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Arrepiava a escassez de transeuntes do lado de lá.

Arrepiava ver as majestosas Portas de Brandemburgo colocadas em terra de ninguém, no termo da Unter der Linden, a maior avenida de Berlim.

Arrepiava o silêncio dominante. Em perfeito contraste com o fervilhante bulício da Berlim ocidental, "burguesa" e "capitalista".

Atravessámos a pé uma larga avenida onde não passavam carros e logo fomos interceptados pelo apito de polícias que acorreram ao nosso encontro exigindo inspecção minuciosa de passaportes. Acabaram por nos deixar prosseguir, mas com um solene aviso: proibido atravessar fora das passadeiras. Mesmo numa avenida onde quase não víamos circular veículos, excepto uns decrépitos Trabants leste-alemães, fontes ambulantes de poluição.

Tínhamos de gastar os marcos orientais, que só ali eram aceites. Era hora de almoço, procurámos algum sítio onde pudéssemos matar a fome. Mas naquela imensidão desértica a oferta turística estava reduzida a quase nada. Depois de muito procurarmos, lá nos enfiámos num sell service na Alexanderplatz, de tabuleiro na mão, a comer umas salsichas envoltas em gordura a preços astronómicos. E sem mais nenhum cliente por perto.

Acabámos por gastar a maior parte do dinheiro num sucedâneo de táxi que nos conduziu pela zona mais monumental de Berlim - que devido a um capricho do destino permaneceu após a II Guerra Mundial sob a tutela soviética da cidade - e numa breve incursão aos arrabaldes, onde havia uns bairros operários de aspecto moderno e finalmente pessoas a circular na rua.

No regresso, ainda entrámos num Armazém do Povo, com vários pisos, na esperança de gastarmos parte do dinheiro que nos sobrara. Mas a esmagadora maioria das prateleiras estava vazia. Não havia clientes, só funcionárias que nos ignoraram olimpicamente.

Trouxe de lá uns postais manhosos. O meu único recuerdo palpável da Berlim comunista.

 

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Foi o meu baptismo do "socialismo real" no segmento oriental da maior cidade germânica, na então denominada República Democrática Alemã - que nada tinha de democrático e tudo tinha de repulsivo logo ao primeiro olhar.

No regresso, enquanto nos cruzávamos novamente no posto fronteiriço com os velhos agora de regresso a casa após fugazes visitas a familiares no Ocidente, sentimo-nos testemunhas privilegiadas da História, no tempo e no espaço.

Mil vezes a caótica, barulhenta, transgressora Berlim Ocidental do que a organizada, vigiada e silenciada Berlim-Leste - a cidade de maior progresso e com maior prosperidade económica do bloco socialista, como rezava a propaganda.

Nos dias imediatos, observei ainda com mais atenção o "muro de protecção antifascista" mandado erguer por Nikita Krutchov "a pedido" do ditador comunista alemão Walter Ulbricht em 13 de Agosto de 1961 para impedir a contínua sangria de alemães de Leste, sobretudo jovens, rumo ao Ocidente. Três milhões e meio tinham escapado nos 15 anos anteriores.

De tantos em tantos metros, levantava-se uma cruz branca em memória de cidadãos do Leste alvejados mortalmente pela implacável guarda fronteiriça comunista ao procurarem fugir da ditadura.

Morreram largas dezenas ou mesmo centenas entre 1962 e 1989.

O primeiro foi um operário de 18 anos chamado Peter Fechter. O último - escassos sete meses antes da queda do muro - foi um estudante de 20 anos chamado Chris Gueffroy.

Só por terem ousado ser livres.

 

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Às vezes não há como ver para descrer.

Eu fui lá e vi.

Faz amanhã 25 anos, festejei com irreprimível alegria a queda do Muro da Vergonha. Festejei-a com os magníficos versos de Paul Éluard com que saudei o fim de outras ditaduras: «E pelo poder de uma palavra / Recomeço a vida / Nasci para te conhecer / Para te chamar // Liberdade.»

Nessa noite inesquecível de 9 de Novembro de 1989, milhares de habitantes de Berlim puderam pela primeira vez transpor a fronteira livres da absurda ameaça de poderem morrer alvejados pelos agentes do Estado. E também com eles, embora a milhares de quilómetros de distância, celebrei essa palavra tantas vezes pervertida e conspurcada na boca e no gesto de ditadores de todos os matizes, de todos os quadrantes, de todas as ideologias.

Uma palavra que não tem fronteiras, barreiras, Muro em Berlim.

A incómoda, imprevisível, inapagável palavra Liberdade.

O Ouro do Reno

José Gomes André, 03.10.14

A minha cidade alemã preferida? O Reno. Se há ainda na Europa um lugar que seja o espelho da civitas romana – o espaço onde os cidadãos se encontravam e praticavam a sua condição de habitantes do Império – esse lugar é o Reno, onde conflui todo o complexo tecido histórico, cultural e social que caracteriza a Alemanha. 

É o Reno que contorna a Floresta Negra e assinala a fronteira com a Suíça e a França, na solarenga e primaveril região de Baden-Württemberg, onde o céu azul, as casas brancas e o azeite são o orgulho das gentes. É o Reno que atravessa os palcos das grandes lutas religiosas – a partir das quais nasceu verdadeiramente a Alemanha como nação – banhando Speyer e Worms, onde o Protestantismo deu os primeiros passos institucionais. É ainda o Reno que irrompe orgulhosamente no Palatinado, onde os romanos encontraram solos ricos, margens firmes e um rio navegável pelo qual fluiria o seu comércio – assim nascendo Mogúncia (Mainz) e Koblenz. E por fim, é o Reno que dá vida aos grandes centros políticos, culturais, intelectuais e financeiros do Oeste alemão, iluminando as de outro modo cinzentas cidades de Bona, Colónia e Düsseldorf.

Nos entretantos, este é o rio de todos os mitos, onde cada monte escarpado conta uma história, onde cada curva acentuada esconde uma tragédia, onde cada pequena vila – orgulhosamente beijando o rio – alberga um herói que Wagner haveria de celebrar. Os castelos que se erguem nas suas margens transportam-nos para antigos romances de cavalaria, com nobres príncipes, belas duquesas e perigosos dragões. Sabemos que Lohengrin nos aguarda, que Rolando chorou aqui, e receamos ainda o poder sedutor do Lorelei. E somos encantados pelas suas assombrosas encostas, o verde das suas margens, o ocre dos telhados que distinguem as incontáveis aldeias por ele banhadas, as centenas de pontes que homens esforçados erigiram ao longo dos séculos – tentando domar um rio que, na verdade, sempre foi insubmisso e rebelde. Como é ainda hoje.

Objectividade jornalística.

Luís Menezes Leitão, 17.06.14
Se há coisa que sempre admirei nos alemães foi a enorme objectividade com que os seus jornais sempre relatam os factos. Veja-se as referências isentas e objectivas ao jogo de ontem na imprensa alemã.

 

Ronaldo hoje somos NÓS que temos a musculatura de vencedores.

Ronaldo, hoje rapamos-te.
Mas a melhor de todas é esta:

Mundial no sofá (4)

João André, 17.06.14

 

Portugal 0 - 4 Alemanha

 

Muito sinceramente não sabia o que escrever. Por alguma coisa quis fazer a minha antevisão ontem, para poder deixar clara a minha capacidade de análise ou, em alternativa, para não poder fugir à evidência de uma antevisão errada.

 

Na minha previsão de equipa titular do lado alemão falhei com Schürrle. Jogou antes Götze. Já no resto parece-me que não me enganei com nada de especial. Özil de facto andou a arrastar os centrais pelo campo fora (fosse à casa de banho e Bruno Alves segui-lo-ia), o segundo golo veio de uma bola parada e Bruno Alves teve a tradicional paragem cerebral que deu o 3-0. Já a falta de apoio a Coentrão deu em alemães a acelerar por aquele flanco como se em trânsito entre Munique e Berlim. Neste aspecto antecipei que Boateng não daria muito apoio, mas não foi bem verdade. Soube subir o suficiente para oferecer mais uma linha de passe e ajudar às triangulações.

 

Portugal até começou bem a meio-campo. Veloso pressionou bem Lahm, Meireles caiu sobre Kroos e Khedira, ainda sem ritmo, não conseguia mudar o rumo. Foi no entanto sol de pouca dura e questão apenas da Alemanha ajustar o estilo de jogo. Kroos descaiu para o meio campo para ajudar a transformar o 4-2-3-1 num 4-3-3-0 e os portugueses perderam completamente o controlo do jogo. Os alemães passaram a ter duas linhas de três jogadores no meio campo que conseguiam fazer triangulações e passes e a mais avançada destas era exímia a correr para as costas da defesa e aproveitar as bolas dos restantes jogadores.

 

O único caminho que Portugal procurava eram as bolas longas para Almeida tocar para Ronaldo e um ou outra iniciativa individual de Nani. Este esteve tão mal nas suas decisões e na sua insistência em jogar individualmente que só abona em favor de Jorge Mendes que tenha renovado no ano passado o contrato com o Manchester United. A lesão de Almeida foi um golpe duro, no entanto. Éder oferece mais movimento e energia, mas luta e ocupa menos os centrais adversários, que era o necessário para dar espaços a Ronaldo.

 

Quando Pepe foi expulso, a descida de Meireles para a defesa não me pareceu opção descabida para o resto do jogo. Sem avançado de referência do lado adversário, colocar um médio nessa posição não seria assim tão má ideia. Além disso, mais um jogador capaz de sair a jogar e colocar uma ou outra bola longa em Ronaldo poderia ter ajudado a manter a chama viva. Só que Portugal tinha a cabeça já no intervalo e não soube manter a concentração. Mais uma vez se provou que Ronaldo não tem líder em campo. Ronaldo é capitão, mas não é aquele líder capaz de manter a equipa focada, como Figo, Fernando Couto ou outros o teriam feito.

 

A segunda parte foi morna. A Alemanha manteve energias e foi ensaiando acções de ataque, tratando o resto do jogo como um treino. Mais que o quarto golo, o pior da segunda parte foi mesmo a lesão de Coentrão, que não tem substituto natural (canhoto) que dê largura ao corredor e ofereça liberdade a Ronaldo. Assumindo que a lesão é daquelas que dá para mês e meio de estaleiro, a melhor opção de Paulo Bento para os outros dois jogos poderá ser enfiar Veloso naquele lado e fazer entrar William Carvalho. André Almeida é voluntarioso e até poderia cumprir o papel no lado direito, mas a falta de pé esquerdo é aqui um problema.

 

Não sei que fará Bento, mas precisa de colocar ordem na equipa. Como não acredito que os alemães façam tanto jeitinho a Klinsmann, é bem possível que duas vitórias cheguem para passar. Muito dependerá da resposta que os jogadores derem a este resultado.

 

Três notas finais:


1. A grande penalidade é discutível, obviamente. Götze deixa-se cair sem que João Pereira tivesse feito muito para isso. Há no entanto puxões do defesa e ao alemão só restou deixar-se cair. Se fosse ao contrário talvez o árbitro não marcasse, mas segundo as regras de beneficiar o atacante, é difícil criticar demasiado o árbitro. Além disso, poderia ter dado o vermelho.


2. Pepe demonstrou uma enorme infantilidade e mereceria que o enfiassem num avião de volta a Portugal. Há 5 ou 10 anos levaria um amarelo e ficaria o assunto resolvido. Hoje em dia os árbitros têm indicação para darem vermelho. Claríssimo. O facto de ser provocado é indiferente.


3. No ecrã onde vi o jogo era difícil dizê-lo, mas fiquei com a sensação que Éder teria sido mesmo travado em falta (não percebi se houve ou não contacto). Um golo não teria mudado nada nesse jogo, mas teria dado outro lustro ao resultado (os alemães talvez abrandassem ainda mais com um satisfatório 3-1) e outra confiança a Ronaldo.