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Delito de Opinião

Uma galambada pegada

Sérgio de Almeida Correia, 29.04.23

(Gerardo Santos/Global Imagens)

Os rocambolescos episódios que têm acompanhado o XXIII Governo dariam uma óptima comédia "à italiana", não fosse dar-se o caso da situação nacional e internacional ser tudo menos o cenário ideal para uma coboiada.

Os mais recentes casos envolvendo o ministro Galamba e a sua entourage, quase fazendo do despedido Pedro Nuno Santos um menino de coro, mostram bem como o "socratismo jotinha" continua a enxamear o PS. A garotada que António Costa levou para o Governo pode ter frequentado todas as universidades promovidas pelo partido, ter feito a escola dos gabinetes e do parlamento, mas não aprendeu rigorosamente nada.

E o que se está a ver é que transformou o Executivo, com a bênção do primeiro-ministro, numa extensão de um congresso da JS, dominado por fédayins que se digladiam entre si para conseguirem os melhores lugares à mesa.

A falta de senso de que no passado deram mostras aconselharia a que não passassem da sala de visitas de qualquer ministério ou secretaria. Ao invés, deram-lhes palco e estatuto. Os resultados estão à vista dos portugueses, não havendo maneira de disfarçar a sua mediocridade, enquanto o país assiste a mais um deprimente espectáculo de incapacidade governativa, de falta de autoridade política, de ausência total de sentido de Estado, numa galambada pegada pela qual os únicos responsáveis são o primeiro-ministro e a Direcção do PS que ao longo dos anos acarinharam aquela garotada inepta parida pelo socratismo.

Mário Soares se fosse vivo estaria naturalmente siderado com o que se está a passar e já teria dado dois berros para correr pela porta dos fundos aquela catrefada de putos mimados e pseudo-políticos mal formados, que se propõem resolver os problemas aos gritos e ao murro. Figurantes sem consistência, sem estrutura ou estatura ético-moral para integrarem qualquer junta de freguesia; quanto mais um governo da república.

Numa terra sem uma oposição capaz, com uns aparentados de seminaristas a estagiarem à frente das bancadas parlamentares, em que o panorama mais provável, se o PSD chegasse ao governo, seria a reedição do que estamos a viver, substituindo-se apenas a miudagem da JS pelos "agilizadores" da JSD e afins, e com um Presidente da República que dá provas de desnorte, sem saber como há-de levar o seu mandato até ao fim, resta aos portugueses a esperança de que António Costa ainda seja capaz de, por uma vez, correr com a galambada instalada, fazer uma remodelação decente (não é difícil), não continuando a queimar cartuchos, e poupando aquela meia-dúzia de ministros que ainda consegue segurar as pontas e manter o país a funcionar sem grandes ondas.

Mais do que nunca, Portugal precisa de um governo de combate, com gente íntegra, sensata e madura, que deixe de dar diariamente argumentos aos partidos que o querem apear. Enfim, dispensando-se de uma vez por todas aqueles tarecos e jericos de que António Costa se rodeou, e que têm transformado a maioria absoluta num horrível espectáculo, no pior e mais deprimente que um mau infantário pode produzir numa festa de Carnaval.

Não há filme de terror que possa durar sempre. Haja dó.

O Galamba a que isto chegou

jpt, 02.01.23

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Nesta antevéspera de Natal o Estado, por instrução governamental, distribuiu um subsídio de 240 euros aos "desfavorecidos" - como sói dizer-se nestes tempos. Um evidente (mas talvez inconsciente na mente dos burocratas) paternalismo, qual um "Estado Natal" a distribuir "prendas", o verdadeiro bodo aos pobres. Coisa que seria atroz numa república de cidadãos, e símbolo da irresponsabilidade dos próceres do regime, desatentos ao real... Nesses mesmos dias em Murça o presidente Rebelo de Sousa foi confrontado por alguns "populares" - como se dizia -, invectivando-o pela inacção que lhe atribuem. Depois acolheu-se junto de uma mole de bombeiros, à qual Sousa disse que o "povo" é "sofrido" e "ordeiro", à excepção de alguns "excitados". Talvez algo influenciado pelos até anacrónicos uniformes dos "soldados da paz" e pelo ar constrangido com que escutavam o presidente, aquelas declarações e a pose discursiva soaram-me a salazarento, uma fétida degeneração do regime...

Agora, na sequência de mais uma trapalhada da pequena elite político-administrativa, sabe-se que Costa apenas consegue mudar um pouco a disposição das suas peças. E nisso para o importante ministério das "Obras Públicas" escolhe Galamba - uma inexistência pública, cujo currículo se resume a ter sido um frenético e fidelíssimo propagandista de José Sócrates. Funções que exerceu com denodo - até, já no governo geringoncico, ter recebido ordens de se associar a Carlos César e a Fernanda Câncio para que cada um desse trio publicasse no mesmo fim-de-semana uma invectiva ao antigo líder, modo escolhido para aos olhos do público se apartar Costa do seu antecessor, de quem foi vice e apoiante. Seria Galamba depois recompensado com a tutela dos recursos minerais - e agora fica assim.

É o Galamba a que isto chegou!

O auto-golo à Zelensky

jpt, 07.06.22

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O sempre muito elogiado, pelo seu gentil trato e cordialidade democrática, António Filipe - que durante 4 (!) legislaturas foi vice-presidente da nossa Assembleia da República - não "vai à bola" com as razões ucranianas. Quando, na sequência da "operação militar especial" russa, o presidente daquele país discursou no parlamento, logo o agora assessor parlamentar aventou que se convidasse o neonazi Mário Machado. E agora, por razões que o camarada saberá, volta ao sarcasmo sobre o líder do devastado país, botando na sua conta no Twitter (na qual se desdobra em dislates, até surpreendentes):

"Havia o penalty à Panenka. Agora há o auto-golo à Zelenski".

Entretanto, no mesmo dia, o secretário de Estado das minas e outras coisas importantes, João Galamba, irritou-se com um "anónimo da internet", um tal de Applehead, que criticava o governo por apoiar a Ucrânia. E gritou-lhe o que nem João Soares, nos seus tempos de logo demitido ministro, bufou a Augusto M. Seabra e Vasco Pulido Valente:

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Nenhuma simpatia tenho pelo actual (e decerto que futuro) secretário de Estado das minas e outras coisas importantes, memórias da era em que ele e alguns outros gabirús (académicos, jornalistas e activistas) constituiam um núcleo fervoroso - e remunerado, em salário, espécie e expectativas entretanto cumpridas - do aldrabismo socratista. Mas interrompo agora essa antipatia, pois vejo-o afinal algo humano. Partilho até a irritação face a tais dizeres críticos - ainda há poucos dias estive para telefonar a um amigo, dedicando-lhe estas palavras de Galamba, e algumas outras de cariz fóbico, ao vê-lo partilhar este lixo de outro camarada, José Goulão, mais uma prova da abjecta russofilia dos comunistas, brejnevistas e esquerdistas, portugueses. Mas contive-me. Não por estar no governo, que não estou! Mas porque não vale a pena... 

Enfim, dito isto, tenho uma proposta para o nosso relevante governante: não perca tempo com anónimos da internet, que assim tudo isto parece um "auto-golo à Galamba"! Se quer proclamar o "desprezo por toda esquerda pro Putin..." juntando-lhe o vernáculo mais peludo, ó homem, quando for à Assembleia grite essa caralhada toda ao António Filipe. Terá mais "panache"... 

O Secretário de Estado Galamba

jpt, 08.07.21

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(Postal de 3.7.2021)

"Jovem segura sombrinha para que o Secretário de Estado Galamba não apanhe sol na moleirinha.", ironiza Rui Rocha.

Galamba está no poder - e numa posição importante - devido aos seus intensos serviços de propaganda socratista, muitos deles cumpridos no blog colectivo Jugular, constituído por radicais socratistas e do qual emanou (foi a Professora Palmira Silva que o instruiu) um blog anónimo remunerado de contra-informação e de disseminação do que agora se chama "fake news", o Câmara Corporativa, sempre pelos "jugulares" louvado e defendido. Se se pode torcer o nariz a estes antecedentes galambianos também se pode conceder que são adequados ao vigente socratismo sem Sócrates.
 
Enfim, a historieta deste "pequeno mal" do pacote de jornalistas, activistas e académicos que serviram com denodo a corrupção socratista e que continuam em funções, no governo, na política activa e na imprensa (até escandalosamente no "serviço público" da RTP, como Vale de Almeida), está mais do que sabida e redita. Mas tem alguma pertinência lembrá-la nesta semana. Durante a qual um dos mais afamados membros desse grupo e, in illo tempore, sabida promotora deste Galamba, câncio, provocou debate sobre a pérfida objectivação das mulheres por causa de um vestido atrevido (há quem lhe chame combinação) de uma assistente do inenarrável programa "Preço Certo" - como se o problema não fosse o programa, por si mesmo inaceitável numa televisão pública.
 
Mas a tal propagandista do socratismo (com ou sem o "animal feroz"), seus inúmeros "partilhadores" e concordantes, calam-se diante desta imensa objectivação das mulheres, deste rebaixar do "pessoal menor", nisto de em 2021 uma merdita de secretário de estado - e de um partido que se diz "socialista" - aceitar que uma mulher lhe seja apenas haste de guarda-sol.
 
Isto é o Portugal de hoje. Esta escumalha imunda Jugular a colher aplausos. "Anunciada na tv". E a chegar ao governo, para gerir os interesses nas minas. E parte, substancial, do povo pronta para lhes segurar seja o que for...
 
Como eu prefiro eu uma quarentona voluptuosa em vestes generosas! Antes o "Preço Certo" que estes "jugulares".

O estrume

jpt, 10.05.21

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Em tempos João Soares, então ministro da Cultura, bujardou que daria umas bofetadas em Augusto M. Seabra e Pulido Valente, devido a coisas que estes haviam botado na imprensa. A "boca" nem era grave, pirraça dedicada a homens da mesma geração que não tinha sentido efectivo e assim por todos foi entendida. Mas, e apesar de ser um político com passado - não foi mau presidente de Lisboa -, teve de se demitir. Pois há coisas incompatíveis com a gravitas do poder.
 
Agora João Galamba, secretário de Estado de minas e outros negócios, chama "estrume" (aliás, merda) e "asquerosa" a uma rubrica na imprensa, ditos evidentemente dirigidos à senhora que a protagoniza. E nada acontece. O passado político deste Galamba é mais ténue: apenas o socratismo visceral exercido no blog Jugular. Onde, com gente como Palmira Silva, Vale de Almeida e Câncio, entre outros, se defendeu o ex-PM até à última e se promoveu e defendeu com alacridade o ainda artesanal "fake news" avant la lettre de então.
 
Deve ser isto a "compaixão" para com Sócrates e seus esbirros a que a jornalista Maria Antónia Palla apelou há dias no - sempre ele - "Público". Pois Soares, com seus defeitos e qualidades, não foi um socratista. E esta gente, estes Galambas e afins, estes estrumes e asquerosos, foram-no. E assim continuam, neste aggiornamento em formato costista. E por isso realmente convêm a este poder. A este modo de política. Omnívoro.

The next big thing?

Paulo Sousa, 11.07.20

Segundo o secretário de estado João Galamba, que anda arredado dos títulos dos jornais há tempo suficiente para deixar qualquer português preocupado, a fábrica de hidrogénio que está a ser projectada para Sines “será o maior projecto industrial em Portugal desde o 25 de Abril”.

Não há muito tempo também foi notícia a atribuição de uma concessão para a exploração de lítio a uma empresa com capital social de 50 mil euros.

A relação entre o PS e os negócios estruturantes para o país, que mais tarde se revelam escândalos, ao ponto de escandalosamente banalizarem a palavra escândalo, já é antiga.

Se tivesse de apostar qual destes dois grandes investimentos irá ser o próximo grande escândalo da temporada teria dúvidas em escolher. Mas é garantido que qualquer um destes projectos tem grande potencial. Se houvesse um totobola para estas coisas o melhor era apostar numa tripla.

Serei só eu a achar que fazia sentido que o agora secretário de Estado João Galamba, um dos delfins de José Socrates, merecia uma escolta preventiva do Ministério Público?

O fotógrafo estava lá

Pedro Correia, 12.11.19

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Sua Excelência, no aconchego da viatura oficial, fumega o cigarro electrónico contemplando os cidadãos humildes que se encontram no exterior com a superioridade olímpica de quem passou anos a passar atestados de inferioridade moral e comportamental ao comum dos mortais e não necessita de prestar contas à plebe. Pose que constitui privilégio dos iluminados.

Podia ter tomado a iniciativa de sair uns instantes do veículo e dialogar com aquela população humilde das terras do Barroso que desconfia da anunciada exploração de lítio, transmitindo aos transmontanos sempre tão esquecidos pelo Terreiro do Paço a bondade dos argumentos oficiais. Mas isso seria incompatível com a soberba de quem adora falar em povo sem jamais se misturar com ele.

Tudo bate certo nesta imagem, afinal.

Novos contributos para a exegese da Doutrina Galamba

Rui Rocha, 06.01.17

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O deputado Galamba, que ainda ontem nos explicava com circunspecção que o governo não tem qualquer responsabilidade na evolução dos juros da dívida pública, anuncia-nos hoje no seu mural do Facebook, com mal contida satisfação, que esse mesmo governo é o exclusivo responsável pelos dados do desemprego e outras extraordinárias realizações ao nível do défice e do PIB e mais o camandro. Temos, portanto, contributos frescos para a compreensão da doutrina Galamba. Pegando na feliz expressão do próprio deputado, é como se este afirmasse que a homessexualidade e as drogas não desencadeiam tempestades mas que, em contrapartida, a ganza e a atracção por pessoas do mesmo género são efectivamente responsáveis pela previsão daquilo que, voluntarioso, entende serem boas abertas.

Resumo da intervenção de João Galamba no Fórum TSF desta manhã

José António Abreu, 21.10.16

Manuel Acácio: «Acha bem as pensões mais reduzidas não serem aumentadas?»

João Galamba: «É preciso ver que existe o complemento solidário para idosos.»

Manuel Acácio: «Mas o acesso ao complemento tem vários problemas...»

João Galamba: «Admito que sim, mas essa é outra questão; agora estamos a discutir o orçamento.»

O incendiário.

Luís Menezes Leitão, 30.06.16

Na resolução do BES o Estado meteu 3,5 mil milhões de euros, que "emprestou" ao Fundo de Resolução, confiando em que o nosso pujante sistema bancário devolveria o dinheiro. Não só não devolveu nada, como agora o Novo Banco precisa de reforçar o capital em mais 1,4 mil milhões de euros. Como se isto não bastasse, surgiu entretanto a necessidade de resolução do BANIF que custou 3 mil milhões de euros. A isto há que acrescentar as necessidades de recapitalização da CGD que serão no mínimo de 5 mil milhões de euros. 

 

Perante este cenário claro, Schäuble fez uma declaração, que eu até acho simpática, a dizer que Portugal precisa de um novo resgate e que estaria em condições de o ter. A seguir lá lhe puxaram as orelhas, e voltou atrás dizendo que Portugal não vai precisar de qualquer resgate se cumprir as regras europeias que obrigam à consolidação orçamental e à redução do défice. Eu traduzo: Portugal não precisará de resgate se tiver condições para ter um orçamento equilibrado, o que manifestamente não vai ter.

 

Mas entretanto lá surgiu o inevitável João Galamba, a acusar Schäuble de ser incendiário, já que Portugal não precisaria de resgate algum. Só falta agora explicar onde é que vai o país buscar o dinheiro para recapitalizar os bancos. Vai continuar a endividar-se no mercado? Com a dívida que já temos, é a garantia que a breve trecho os mercados se fecham. Vai ligar as rotativas? Enquanto estiver no euro, isso não é possível. É por isso manifesto que o segundo resgate é a única solução. Por isso fariam melhor em ouvir Schäuble, em vez de continuar a viver num mundo de ilusão. Schäuble não pega fogo às finanças da Alemanha, que estão fortes e pujantes. O mesmo já não posso dizer do actual governo português.