Hoje celebra-se O Dia de Carnaval
«Também conhecida como Entrudo, esta é uma festa de origem pagã que se comemora sempre à terça-feira. Do Carnaval à Páscoa passam-se aproximadamente 40 dias, os quais a Igreja recorda como o período em que Jesus esteve no deserto e foi tentado pelo demónio. É o tempo da Quaresma, iniciada amanhã, quarta-feira de cinzas.
Em Portugal, o Carnaval é um feriado facultativo. A sua aplicação é decidida pelos municípios (no caso de trabalhadores públicos) e pelas empresas (no caso de trabalhadores do sector privado). Este ano o Governo concedeu tolerância de ponto aos funcionários públicos, que puderam assim usufruir do feriado a nível nacional.
São várias as tradições desta quadra no nosso país. Muitas pessoas mascaram-se com fatos de Carnaval alusivos a uma determinada categoria profissional, personagens de cinema, desenhos animados ou até uma personalidade mediática. As crianças também festejam o Carnaval com trajes coloridos, que vestem no domingo e na terça-feira de Carnaval em desfiles organizados pelas escolas e por associações de tempos livres.
Os desfiles de Carnaval são um dos pontos altos desta data festiva em cidades como Torres Vedras, Loulé, Famalicão, Ovar, Estarreja e Funchal. Recorrendo sempre ao sentido de humor para satirizar o estado do país.
O Carnaval começou a ser festejado na Antiguidade. A Saturnália, em Roma, era um festival que durava dias e em que as pessoas se mascaravam, comiam e bebiam de forma farta. Carnaval (do latim carnis levale), significa "adeus à carne". Em 590 d.C., enquanto esta festividade se tornava cada vez mais popular, a Igreja determinou que o dia seguinte ao Carnaval marcasse o início de um período de jejum. Assim, as populações festejavam e degustavam manjares para preparar o período de privações a começar no dia seguinte.
É uma época de diversão, onde muitas brincadeiras são permitidas. Como diz o provérbio popular, "no Carnaval ninguém leva a mal".»
Só tenho ideia de " brincar ao Carnaval" por volta dos meus sete, oito anos. A minha mãe alugou-me uma máscara de fada, azul água, daquelas com um cartucho na cabeça e uns véus diáfanos. O meu irmão vestiu a pele do perfeito Zorro, chapéu com Z, máscara, faixa vermelha, capa e espada, com o indispensável bigodinho pintado a lápis preto de sobrancelhas. Já tínhamos feito a peregrinação do Entrudo em anos anteriores até Torres Vedras, ver os desfiles, deitar papelinhos e serpentinas... um ano não correu bem e nunca mais lá voltámos. Os participantes nos carros alegóricos "disparavam" contra a multidão saquinhos duros cheios de algo que mais tarde se verificou serem grainhas de uva. Um deles magoou o meu pai numa vista. Teve de conduzir de volta a Lisboa com o olho inchado e com dores e foi de tratamento complicado. A partir daí, passámos a levar a miudagem a concursos de máscaras, no antigo Monumental, por exemplo, fardados a preceito com fantasias executadas pela minha mãe que ganhavam sempre um ou outro prémio e deixavam as hostes satisfeitas.
Só bem mais tarde se voltou ao espírito do Carnaval, durante os três anos em que o meu irmão esteve estacionado numa base da OTAN, perto de Geilenkirchen. Não fazia ideia de que a Alemanha tinha uma tradição carnavalesca tão arreigada, mas é verdade. Nas Terças-Feiras Gordas pela manhã, havia desfile de máscaras e corso. Os que vinham a pé, trazia copos de cerveja que distribuíam pelos presentes ou garrafas de schnapps pelas quais todos sem excepção bebiam, para aquecer das baixas temperaturas. Os carros alegóricos atiravam lá de cima, às mancheias, tudo o que era chocolate, rebuçado, chupa-chupa, gomas, sei lá o que mais, mas tanto e de tal modo que as minhas filhas vinham da festa com sacos-tamanho-supermercado a abarrotar de gordices, que em condições normais lhes dariam para um ano inteiro. Como todas as crianças dos arredores chegavam em casa carregadas de doces, os que as minhas meninas traziam vinham para Portugal e faziam as delícias de miúdos e graúdos das respectivas escolas após as férias do Carnaval. Aí era a festa de fim de festa, como nos Óscares, mas muito mais doce.
Hoje é O Dia Internacional da Língua Materna
«Este dia, assinalado todos os anos, foi criado na 30.ª Conferência Geral da UNESCO, por sugestão do Bangladesh, em 1999. A ONU viria a reconhecê-lo formalmente em 2002.
Com esta iniciativa, pretende-se sublinhar a importância da diversidade cultural e linguística. Incentiva-se também a tolerância, o respeito e a preservação do património cultural e linguístico dos vários povos do mundo.
O tema em 2023 é "Educação multilíngue – uma necessidade para transformar a educação". A educação multilíngue, baseada na língua materna, facilita o acesso e a inclusão na aprendizagem de grupos populacionais que falam línguas não dominantes, línguas de grupos minoritários e línguas nativas.»
Num dia de grande alegria em que todos se divertem, alguns mascarados, o meu pensamento vai para a celebração da minha língua materna, ou o que dela resta, debaixo dos trapos e dos pontos com que a coseram a outras impurezas, de modo que se fantasia for, é sem dúvida Frankenstein.
(Imagens Google)