Equipas de Sonho - Dream Team 1992
Relembrando uma equipa de sonho. Fora do futebol
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Relembrando uma equipa de sonho. Fora do futebol
Há pouco mais de uma hora, no Jornal da Tarde, a TVI noticiou que Fernando Alonso sofreu um acidente esta manhã, nos treinos para o Grande Prémio de Espanha. Isto quando o campeonato de Fórmula 1 ainda nem começou (trata-se de uma sessão de testes de pré-temporada). Talvez seja preferível os canais de televisão generalistas limitarem-se a falar de futebol, tema para o qual parecem dispor de várias centenas de especialistas.
Era já madrugada e nós seguimos
quilómetro a quilómetro a corrida
Era já madrugada e nós corríamos
com aquele que levava ao peito as quinas
Era já madrugada e nós não víamos
o loiro Menelau e as belas crinas
dos imbatíveis cavalos do Atrida.
Era só Carlos Lopes que nós víamos
e com ele ganhámos a corrida
aquela madrugada e toda a vida.
Manuel Alegre
No Open do Kuwait em ténis de mesa, na modalidade de pales femininos, a poltuguesa Fu Yu e a sueca Fen Li deflontam nos oitavos de final as chinesas Meng Chen e Yuling Zhu. Espelemos que ganhem as meloles.
Agora desculpem mas vou ver a sessão desta tarde, que deixei a gravar. A Lolo não está em Moscovo (snif) mas o heptatlo acabou hoje.
Nas fotos, da direita para a esquerda e de cima para baixo: Dafne Schippers (Holanda); Ellen Sprunger (Suíça); Ganna Melnichenko (Ucrânia); Grit Šadeiko (Estónia); Györgi Farkas-Zsivoczky (Hungria); Ida Marcussen (Noruega); Karolina Tyminska (Polónia); Katarina Johnson-Thompson (Grã-Bretanha); Kristina Savistkaya (Rússia); Laura Ikauniece (Letónia); Mari Klaup (Estónia); Nadine Broersen (Holanda); Nafissatou Thiam (Bélgica); Sharon Day (EUA); Yasmina Omrani (Argélia).
Na última semana tem-se falado intensamente das revelações sobre o programa estatal de doping na Alemanha Ocidental. Depois de se saber que tais programas existiam na Alemanha Oriental (e noutros países, especialmente do bloco de leste), estas revelações (que vão continuando) têm abalado o desporto alemão.
Isto não me surpreende de todo. Há uns meses vi uma exposição sobre a história da Alemanha no pós-guerra. Um dos aspectos aflorados era o desporto, o qual era visto não só como uma forma de aproximação das duas Alemanhas mas também como uma espécie de "proxy war", onde os próprios países iam para a guerra mas o faziam de forma amigável, sob a égide dos Jogos Olímpicos. Não é por isso estranho que vários países tivessem programas estatais de dopagem e muitas suspeitas nesse sentido existem.
Nos dias de hoje, quando o orgulho das medalhas nacionais é mais fugaz, os programas estatais poderão desaparecer lentamente, mas as pressões para a dopagem mantêm-se. Dwain Chambers, sprinter inglês, explicou que se dopava porque precisava disso para se manter entre os 5 melhores do mundo e que isso lhe trazia muito mais dinheiro. O escândalo da Balco, de Armstrong e outros são conhecidos. A questão é quais não o são.
A verdade é que, hoje, com a quantidade de suplementos que um atleta recebe sem levantar questões, é fácil para um treinador/massagista/nutricionista dopar um atleta promissor, muitas vezes desde tenra idade. É por isso que as sanções não resultam. Os responsáveis técnicos, se deixados livres, apenas escolhem nova vítima. Se quisermos um mundo sem doping, o caminho terá de passar por retirar retroactivamente todos os títulos e prémios (inclusive monetários) de quem se dopou, além de atribuir suspensões ao atleta e aos técnicos (bastante superior no caso destes últimos). A par disso, será necessário começar a testar sem piedade e a publicar todos os resultados de todos os testes (inclusive negativos).
Há demasiado dinheiro a correr no desporto para que o doping não seja um caminho apetecível (interessante artigo da Economist aqui). Se a opção for por um desporto limpo, então há que gastar dinheiro em mantê-lo como está. De outra forma mais vale permitir o doping. Pelo menos os milagres das nações que recebem os Jogos Olímpicos poderão ser mais facilmente explicados...
Como já se sabe, o Benfica sagrou-se campeão europeu de hóquei em patins no fim-de-semana passado. Um título europeu, portanto. A pergunta é: conta para exorcisar a maldição do Béla Guttman, ou a coisa pede mesmo menos rodas e uma bola maior?
(É que serem melhores em medicina, direito e investigação científica um tipo ainda encaixa, agora ao volante... Bom, mantenhamos a calma: uma oval é uma pista fácil, com poucas curvas – e todas para o mesmo lado.)
Fiquei na dúvida se as duas senhoras de sessenta e tal anos que, numa manhã fresca de finais de Maio de 2010, passeavam com um cão (ou passeavam ocão?) nas ruas de Wengen seriam britânicas (pelas feições e sotaque, pareciam) e também se seriam lésbicas (pormenores desse género tendem a passar-me ao lado mas havia qualquer coisa que o sugeria). Em resposta à minha pergunta, uma delas voltou-se e apontou-me na encosta a zona de meta da pista de downhill.
(Fossem ou não inglesas lésbicas, é uma imagem curiosamente aconchegante, a de duas estrangeiras sexagenárias, suavemente apaixonadas uma pela outra, vivendo, na companhia de um cão, mais ou menos exiladas numa fria mas pitoresca povoação situada nas montanhas da Suíça Central. Acho eu. Mas avancemos.)
Fanáticos de futebol não considerariam completa uma primeira deslocação a Madrid sem uma visita ao Santiago Bernabéu. Do mesmo modo, fãs de desporto automóvel não se sentiriam bem dispensando, quando em viagem pela zona Oeste da Alemanha, uma visita ao Nürburgring Nordschleife. Encontrando-me em Wengen e ainda que, tal como sucede com quase todos os indivíduos nascidos e criados junto ao sopé da Serra da Estrela, nem sequer faça esqui (é entretenimento de fim-de-semana para lisboetas e portuenses), eu precisava de saber onde ficava a pista de downhill. Uma das duas mais famosas do mundo (a outra chama-se Streif e é – tinha de ser – na rival Áustria; mais exactamente na montanha Hahnenkamm, em Kitzbühel).
A Lauberhornrennen acontece amanhã de manhã, se o nevoeiro ou a queda de neve não complicarem. Dá no Eurosport às 11:30, com comentários de um senhor bem intencionado mas que diz sempre as mesmas coisas. Antes, às 9:30, com transmissão no Eurosport 2, realiza-se o downhill feminino de Cortina d'Ampezzo, outra pista espectacular (talvez a mais espectacular do sector feminino). E, já agora, dentro de uma semana ocorre o tal outro downhill mítico, na Streif de Kitzbühel, onde em 2008 o americano Bode Miller conseguiu imitar o Keanu Reeves sem recurso a efeitos especiais.
E agora, durante quatro anos, dezenas de modalidades desportivas ficam novamente remetidas à obscuridade. Sendo que se alguma coisa os Jogos Olímpicos demonstram é que, em termos de espectacularidade, o futebol está longe de justificar a hegemonia de que goza na maior parte do planeta. Como os norte-americanos costumam referir, trata-se de uma modalidade em que nada acontece durante a maior parte do tempo e é também das poucas onde se pode verdadeiramente jogar para o empate – com frequência, a zero.
«Voir loin, parler franc, agir ferme.»
Pierre de Frédy
[Barão de Coubertin (1863-1937)]
[Foto: BBC Sport]
Se reais consequências se registarem após o arraial mediático du jour em torno do triste processo de qualificação para as finais olímpicas em Badminton, menos mal. Não deixa de ser justo e irónico que tal aconteça num território educativo tão admirado pelo pedagogo que reinstituiu Os Jogos na contemporaneidade.
Bem basta termos quase todos aceite que o futebol já não é o que era, e que muitas das regras básicas do desportivismo simplesmente deixaram de se lhe poder aplicar.
Décima sétima vitória em torneios do Grand Slam (recorde masculino absoluto; Pete Sampras, o segundo na lista, venceu catorze). Sétima vitória em Wimbledon (recorde de Pete Sampras e de William Renshaw* igualado). Recuperação do primeiro lugar no ranking ATP e garantia de igualar o recorde de número de semanas nesse posto (faltava-lhe apenas uma para atingir as 286 de Sampras), devendo mesmo ultrapassá-lo (não se prevê que venha a ser destronado pelo menos até aos Jogos Olímpicos). Trinta anos de idade (trinta e um dentro de um mês), mais cinco que os principais adversários. Casado, pai de duas gémeas de três anos. Nos últimos dois anos e meio, um período em que não conseguiu vencer qualquer Grand Slam (então escrevi isto e continua a aplicar-se) muitos deram-no como acabado. Not quite. É que nem pouco mais ou menos.
* Mas as vitórias de Renshaw foram na década de oitenta do século dezanove, altura em que o vencedor de um ano tinha entrada automática para a final do ano seguinte; só em 1922 todos os participantes começaram a ter de passar pelo quadro geral.
Adenda (Segunda-Feira, dia 9, 8:45h)
1. Ontem fazia tenções de o referir e depois esqueci-me: este foi o torneio dos atletas com trinta anos, uma vez que Serena Williams, também com essa idade, venceu no quadro feminino.
2. É um excelente momento para ler (ou reler) o artigo que, em 2006, David Foster Wallace escreveu sobre Federer (e o ténis em geral).
(Foto retirada daqui.)
O alarido que para ali vai à volta de Tim Tebow, o quarterback dos Denver Broncos.
É melhor começar por uma explicação aos leigos. No futebol americano o quarterback é literalmente um capitão (de equipa), pois tem como primeira missão transmitir a táctica delineada pelo general (o treinador) à tropa macaca, formada por aqueles moços com envergadura de frigorífico que antes de uma jogada rodeiam o quarterback fingindo prestar atenção à estenografia oral que ele berra através do capacete, no centro de um estádio ululante. Os quarterbacks são as grandes vedetas deste desporto, dado que agregam às suas faculdades intelectuais (a sério: o futebol americano é a modalidade mais cerebral que existe), uma formidável destreza manual, um físico de adónis, um desprendimento olímpico face à multidão de fãs e uma conta bancária eloquente.
Ora o rookie Tim Tebow inaugurou uma prática antes impensável, a qual já foi crismada de tebowing (neologismo dicionarizado). Em que consiste ela? Basicamente em misturar a pose intensa de “O pensador” de Rodin com o abandono de “O desterrado” de Soares dos Reis, ou seja: em recolher-se num momento de oração quando um passe lhe sai bem, um touchdown é marcado, ou tão-só antes de o desafio se iniciar ou quando ele termina em vitória.
Num país laico como a América – ah pois é! – O gesto deste devoto filho de missionários baptistas provocou enorme celeuma. Uns execraram-no e troçaram dele, porque (re)afirmam que bola é bola, mesmo quando seja oval, Deus é Deus e a América está muito bem sem misturas; outros cantaram hossanas, porque não se cansam de (re)afirmar que nunca é demais agradecer o facto de Deus ter abençoado a pátria dos livres, lar dos bravos. Claro que os primeiros são democratas e os segundos republicanos, que a controvérsia é política, que estamos em ano de eleições e que os americanos têm o hábito de discutir as coisas.
Por certo nós, portugueses, ouviremos a polémica com cepticismo e olharemos o gesto com cinismo, ambas atitudes com que evidenciamos a nossa consabida superioridade intelectual. Ou não estaremos habituadíssimos a ver um qualquer Cleiderson do Feirense persignando-se à pressa, beijando três vezes a cruz que traz ao pescoço e adiantando premeditadamente o pé direito, quando entra em campo? Isto para suplicar ao Altíssimo que se distraia por uns momentos do governo do Universo e da arquitectura dos Tempos de modo a banhar de favores as evoluções de uma pelota pontapeada por aquele seu fidelíssimo. Normal, portanto.
Outos povos, outros costumes.
Não, não trouxemos medalhas para casa, como se isso fosse o mais relevante, mas vimos uma recuperação extraordinária de um grande atleta: Nelson Évora. O homem que esteve um ano a recuperar, que tem um parafuso no pé e é o quinto melhor do mundo. Nunca se pensa nisso, mas é a verdade: qualquer lugar a que um atleta deste nível vá parar significa que é o quinto, o sétimo, o décimo melhor do mundo. Melhor medalha do que isto? Não me parece.