Carlos,
"Aceitar de forma acrítica um artigo só porque ele vem no WSJ é o tipo de argumento de autoridade que pessoalmente repudio."
Ao menos não me acusas de só ler a revista Maria. Já é um upgrade face a outros debates que foste tendo na bloga.
"esquecendo-se de mencionar que há um 3º país nesse pelotão da frente da retoma?"
Estamos no pelotão da frente da retoma? E a Grécia, também faz parte desse pelotão, uma vez que cresceu os mesmos míseros 0,3% que Portugal no último trimestre? Podemos esperar portanto crescimento económico acima da média para todos estes países nos próximos anos? Não tarda, estás como o McCain: "the fundamentals of our economy are strong". Eu compreendo-te.
Jorge, ignorando a parte provocatória, eu limito-me a perguntar-te: em que te baseias para considerar que seria possível um crescimento superior a 0,3% no último trimestre? O contra-factual de um crescimento fortemente dependente do consumo privado é simples de fazer: se não tivesse havido um reforço das prestações sociais e reembolsos antecipados de IRS, eu tenho sérias dúvidas que a subida do desemprego pudesse ser contrariada pela inflação negativa e pelas taxas de juro. Curiosamente, há quem proponha num programa que pretende modesto um "paradigma" novo para a economia, em que se esforça por comprimir o consumo privado.
Quanto às minhas coordenadas económicas, elas estão tão longe das do McCain, que achava que o crescimento, nesta crise, podia resultar de uma mera redução fiscal, que eu me arrisco a dizer que a visão de um liberal como justamente te assumes está mais próxima da dele do que a minha alguma vez esteve. Exemplo: descer o IRC (no teu caso não precisarei de dizer a taxa!) adiante de quê se as empresas não têm clientes? E comprimir o consumo privado, e já agora as despesas do Estado em bens e serviços, faz o quê para promover essa procura das empresas? É possível exportar? Com certeza, mas suponho que não ignoras que o comércio mundial está em contracção e com perspectivas dantescas na sequência dos golpes e contra golpes entre os EUA e a China, pré-G20. Doha??
Carlos