Changeling (3)
O filme foi escandalosamente esquecido pelos Óscares, mas é bom saber que não vivi uma alucinação quando o achei uma obra-prima. Pelo menos, a julgar pela qualificada opinião de Jorge Leitão Ramos: "É um Drama individual, íntimo, dilacerante. É a história de uma mulher a quem tiram tudo, num acto de violência sem nome - tudo menos a dignidade, a determinação de lutar pelo que está certo, não porque não haja alternativa, mas porque é assim que deve ser. É um caso urbano em Los Angeles, nos anos 20, mas podia ser um western, o herói solitário que parece não ter hipóteses nenhumas, mas que não desiste. É um gesto de liberdade, americano até ao tutano, que Clint Eastwood ergue com um fôlego estarrecedor, um peso dramático, uma beleza formal, uma noção do plano, da respiração do plano, da cadência dos movimentos, da precisão dos olhares - tudo perfeito. Até Angelina Jolie parece, de repente, uma grande actriz - quilómetros acima de qualquer coisa que já tenha feito antes."
Não deixem de ler também este texto do nosso Pedro Correia, no Corta-Fitas.