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Delito de Opinião

Legislativas (24)

Pedro Correia, 03.09.09

  

DEBATE JERÓNIMO DE SOUSA-FRANCISCO LOUÇÃ

 

O que separa o Bloco de Esquerda do Partido Comunista? Quem não sabia, ficou a saber o mesmo após o debate desta noite na SIC: Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa enfrentaram-se com a amenidade de dois cavalheiros britânicos, num clube qualquer, à hora do chá das cinco. Trocaram algumas amabilidades, pintaram um quadro negro do País e procuraram atrair os votos dos tradicionais eleitores do PS cavalgando a crise económica. Louçã, sem gravata, estava francamente mais à vontade. Jerónimo, de gravata vermelha, parecia ligeiramente embaraçado e com alguma vontade de sair dali.

Convergiram boa parte do tempo. A propósito da luta dos professores contra o Governo, da crítica às situações de pobreza que persistem em Portugal e até dos chocantes acontecimentos de hoje na TVI (que ambos criticaram). Desta vez, ao contrário do debate de ontem entre Portas e Sócrates, praticamente nenhum deles recorreu ao direito à réplica: não era necessário.

Noutros tempos, Jerónimo atirou-se à tendência "socialdemocratizante" do BE: não voltou a repetir a acusação com Louçã à sua frente. Noutros tempos, Louçã denunciou o "ataque mais sectário de sempre", dirigido ao Bloco pelo Partido Comunista: não voltou a repetir a acusação com Jerónimo à sua frente. "A nossa disputa eleitoral não é com o PCP - é com o PS e com o PSD", assegurou Louçã. "Os nossos adversários são a política de direita e os seus executantes", garantiu Jerónimo.

Os momentos mais surpreendentes ocorreram com os rasgados elogios do secretário-geral do PCP à política económica do ex-presidente norte-americano Franklin Roosevelt e do líder do Bloco de Esquerda à construção da Ponte 25 de Abril - a obra mais emblemática do regime de Salazar.

Louçã, mais articulado e com melhor linguagem corporal, venceu claramente este debate em que namorou simultaneamente socialistas e comunistas ao fazer uma clara "homenagem" a Manuel Alegre e ao recordar que o seu avô, anarco-sindicalista, participou no congresso fundador do PCP. Jerónimo ouviu e calou.

Sobre alianças com o PS, nova convergência: nem um nem outro querem ouvir falar do assunto. O que conta, para ambos, é roubar votos a José Sócrates - e vão consegui-lo a 27 de Setembro.

 

Algumas frases:

 

Louçã - "Tenho orgulho num país que tem os professores que tem."

Jerónimo - "Nenhuma reforma destas [da educação] pode ser feita contra os professores."

Louçã - "José Sócrates tem obrigação de dizer se quer Maria de Lurdes Rodrigues como ministra da Educação."

Jerónimo - "É preciso uma ruptura com esta política profundamente injusta."

Louçã - "José Sócrates e Manuela Ferreira Leite são parte do problema, não são parte da solução."

Jerónimo - "Somos necessários à democracia."

2 comentários

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    Pedro Correia 03.09.2009

    Obrigado. Também gostaria de ter registado alguma diferençazita: neste particular, as minhas expectativas goraram-se.
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